Depois, culparam o Tribunal Constitucional - eu não me importei, porque não sou juiz.
A seguir, culparam a Constituição - comecei a desconfiar.
Um dia destes, culparão a democracia - e, se lhe dermos tempo, vão acabar com ela.
E estão a acabar com ela.
Leiam este artigo do QUADRATIM. Está lá tudo.
Lá vem o Sócrates outra vez...!
José Sócrates persiste em desassossegar os neo-fascistas portugueses. Continua a fazer-se ouvir, com a mesma clareza e a mesma clarividência de sempre. E cada domingo à noite recomeça um ciclo de estrebuchar dos “filhos de Cavaco” – com a berraria da supina imbecilidade que caracteriza os acoitados nos tachos da desvergonha cavaquista e os graxistas de sempre à procura da sombra de um bpn redentor.
E o ex-primeiro-ministro, com a autoridade de quem não é candidato a nada, a mesma de quem governou pela vontade popular e saíu de cena quando ela mesma o quis de fora, vai continuando esta coisa inédita em Portugal que é um político (mesmo) falar para todos: os que compreendem a Política (mesmo) e os que que, odiando-a e odiando-o, percebem muito bem do que ele fala.
Domingo à noite é o diabo. Anda a gente dois anos a martelar que a Política acabou, que agora há só a Economia e as Finanças e os Mercados e a Dívida - e depois a RTP, que é nossa, abre as portas ao diabo.
E o homem vem. E fala. E deixam-no falar. Já não há respeito. Já não há "cidadões" atentos, venerandos e obrigados ao Senhô'Pessor e à Santa Madre Igreja. O mundo está de pernas para o ar. Eu é que havia de mandar, que eu dizia-lhe! Isto anda a precisar é de ressuscitarem o Salazar! Andava...
E o homem fala de Política, credo! E o homem diz coisas tão perigosas e pronográficas como lembrar-nos de que o BPN do Senhô'Pessor deu aos amigos do Senhô'Pessor uma merdice de 5.000 milhões, uma merdice que a gente poupa num anito ou dois de impostos e cortes, desde que a gente meta na cabeça que anda a viver acima das possibilidades.
E o homem fala. E a RTP deixa-o falar! Cruzes canhoto!
Ao domingo à noite é um desassossego, poça. Anda a gente e mais os nossos assessores e os nossos especialistas toda a semana num virote, Jesus Maria!
Coisas simples, desta vez:
Há 2 anos, o teddy boy Coelho granjeou o justo cognome de “farsola” quando se amancebou com o PCP e o Bloco para, segundo as suas próprias palavras, “ir ao pote”, jurando num dia que era muito pesado para os portugueses o PEC IV aprovado pela EU para evitar a vinda da troika – e vindo logo no dia seguinte afirmar que governaria indo “para além da troika”. Ganhou as eleições graças a outro juramento solene e lampeiro: o seu partido tinha estudado a situação, conhecia todos os elementos e podia garantir que não eram precisos nem mais impostos, nem cortes de subsídios, nem mexer nos salários, nem fazer despedimentos, nem austeridade coisa nenhuma. Tinha a garantia dos “mercados” seus amigos e de Cavaco, de que bastaria ele subir ao poder para imediatamente os ditos mercados acabarem com o ataque a Portugal. E ganhou.
Passados dois anos, Cavaco e Coelho retiraram 15.000 milhões às famílias e às empresas portuguesas. E conseguiram o milagre de com esses 15.000 milhões de sacrifícios e fome, pouparem ao Estado… 3.000 milhões. E anunciam mais e maior austeridade para 2014. Tudo para a abençoada redução do défice – que afinal é hoje maior do que sempre – e da dívida, que com eles cresceu exponencialmente. E que continua a subir.
Passados dois anos, Cavaco e Coelho retiraram 15.000 milhões às famílias e às empresas portuguesas. E conseguiram o milagre de com esses 15.000 milhões de sacrifícios e fome, pouparem ao Estado… 3.000 milhões. E anunciam mais e maior austeridade para 2014. Tudo para a abençoada redução do défice – que afinal é hoje maior do que sempre – e da dívida, que com eles cresceu exponencialmente. E que continua a subir.
Tudo, afinal, em cumprimento da “brilhante” ideologia de uma seita que se candidatou a governar o País e cuidar da prosperidade da Nação… empobrecendo-a.
Pois é… Eu não percebo é nada de economia – o que não me incomoda, porque desta economia também não percebem os economistas nem os académicos nem os prémios Nobel. Ninguém percebe o “farsola”, a não ser o padrinho Cavaco. Ninguém percebe o Cavaco, a não ser o farsola afilhado. Nós não percebemos nada de nada.
E a culpa é do Sócrates.
P.S. – A culpa não é só do Sócrates, note-se. Tem ajuda do Tribunal Constitucional mais de quem se lembrou de fazer o raio da Constituição e mais de quem um dia inventou a Democracia - essa terrível ameaça aos santos "mercados” .
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