No dia 8 de Outubro de 1953 faleceu a contralto inglesa Kathleen
Ferrier. Tinha nascido no dia 22 de Abril de 1912, em Higher Walton, na Inglaterra.
Estava destinada a ser pianista, instrumento que
desde muito cedo a sua mãe a convenceu a estudar. Não se deu mal de todo,
verdade seja dita, pois, apesar de ser telefonista de profissão, terminou o
curso de piano, habilitação suficiente para mudar de carreira. Vocação
confirmada posteriormente no Festival Carlisle de 1937, onde foi, inicialmente,
admitida como pianista e, mais tarde, desafiada pelo marido, entrou igualmente
para a competição de canto.
Ferrier venceu ambas as competições e o marido perdeu a aposta. Perdeu também o
casamento, diga-se de passagem, que, rezam as crónicas, foi um perfeito
desastre. Obteve o divórcio, alegando que o marido não conseguiu consumar o
casamento.
Kathleen Ferrier foi extraordinária nas oratórias e nas canções (lieder), mas o
seu nome terá sempre uma ligação especial a Mahler e, em particular, a “Das
Lied von der Erde”. O convite para cantar “A Canção da Terra” partiu do maestro
Bruno Walter, o mesmo que, em 1911, estreou a obra, na cidade de Munique.
O timbre singular de contralto (que depois se disse ser devido a uma doença na
traqueia) fez dela uma excelente intérprete de Mahler, Bach e Haendel. Até à
sua última performance, em “Orfeu e Eurídice”, de Gluck, em Covent Garden,
contracenou com grandes nomes do bel canto e trabalhou com maestros como
Barbirolli, Walter e Karajan.
Gravemente doente, quis cantar até ao fim. Em Fevereiro de 1953, subiu ao palco
de Covent Garden para repetir o sucesso que tinha conseguido dias antes. Estava
a cantar quando um osso de uma das pernas, afectado pelas metásteses
cancerosas, se partiu. Saíu em maca e a sua carreira tinha terminado. A vida
chegaria ao fim, uns meses mais tarde, no dia 8 de Outubro de 1953.
Ária “Ombra mai fù”, da ópera “Xerxes”, de Haendel
Contralto: Kathleen
Ferrier
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