No dia 9 de Janeiro de 1753, nasceu, em Setúbal, a soprano portuguesa Luísa Todi.
Casou em Lisboa com o violinista napolitano e seu grande admirador, Francesco
Saverio Todi, que lhe deu o apelido e a fez aprender canto com o compositor
David Perez, muito conceituado mestre de capela da corte portuguesa. Ao marido
deveu o aperfeiçoamento e a dimensão internacional que a levariam a todas as
cortes da Europa, como cantora lírica.
Estreou-se em 1771 na corte portuguesa da futura rainha D. Maria I e cantou no
Porto entre 1772 e 1777.
Em 1777 foi para Londres para actuar no King's Theatre, sem particular aplauso
por parte dos ingleses.
Em 1778 até Paris e, em 1780, é aclamada em Turim, no Teatro Régio, tendo
assinado um contrato como prima-dona. Nessa altura já era considerada pela
crítica como uma das melhores vozes de sempre.
Brilhou na Áustria, na Alemanha e na Rússia. Veio a Portugal em 1783 para cantar
na corte portuguesa. Regressou a Paris, tendo ficado célebre o “duelo” com
outra cantora famosa, a soprano alemã Gertrud Elisabeth Mara, que dividiu a
crítica e o público entre todistas e maratistas.
Foi convidada para a corte de Catarina II da Rússia, em São Petersburgo, onde
passa a residir, com o marido e os filhos, entre 1784 e 1788. A imperatriz
ofereceu-lhe jóias fabulosas e, em agradecimento, o casal Todi escreveu para Catarina
II a ópera Pollinia.
Berlim aplaudiu-a quando ia a caminho da Rússia e, no regresso, Luísa Todi foi
convidada por Frederico Guilherme II da Prússia, que lhe deu aposentos no
palácio real, carruagem e os seus próprios cozinheiros
Diversas cidades alemãs aplaudiram-na. Foi o caso de Bona, onde Beethoven a
terá ouvido. Cantou ainda em Veneza, Génova, Pádua, Bérgamo e Turim e, de 1792
a 1796 voltou a cantar em Madrid.
Em 1793 foi à corte de Lisboa, por ocasião do baptizado de mais uma filha do
herdeiro do trono, o futuro D. João VI, casado com D. Carlota Joaquina. A
cantora precisou de uma autorização especial para cantar em público, o que, na
altura, era proibido às mulheres, numa corte pouco esclarecida como a de D.
Maria I.
Em 1799 terminou a sua carreira internacional em Nápoles.
Regressou a Portugal e cantou ainda no Porto, em 1801, onde enviuvou, a 28 de
Abril de 1803. Viveu naquela cidade, onde viria a perder as suas famosas jóias
no trágico acidente da Ponte das Barcas, por ocasião da fuga das invasões
francesas de Portugal pelos exércitos de Napoleão, em 1809.
De 1811 até ao final da vida, viveu em Lisboa, com dificuldades económicas e
cega.
Luísa Todi, que tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e
expressão em francês, inglês, italiano e alemão, é considerada a meio-soprano
portuguesa mais célebre de todos os tempos.
No seu Tratado da Melodia, o compositor checo Anton Reicha considera Luísa Todi
como “a cantora de todas as centúrias”
melhor dizendo “uma cantora para a eternidade”.
Luísa Todi morreu, em Lisboa, no dia 1 de Outubro de 1833.
Setúbal não a esqueceu tendo-lhe erigido um monumento com a sua efígie e dado o
seu nome a uma das principais artérias da cidade, a Avenida Luísa Todi.
Na falta de gravações interpretadas por Luísa Todi, aqui fica uma ária que faz
parte de uma compilação de árias que foram cantadas pela soprano setubalense.
Ária "Se cerca, se
dice", da ópera “L'Olimpia”, de Antonio Sachinni
Soprano: Joana Seara
Agrupamento "Os Músicos do Tejo"
Maestro: Marcos Magalhães
Soprano: Joana Seara
Agrupamento "Os Músicos do Tejo"
Maestro: Marcos Magalhães
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