No dia 31 de Janeiro de 1877 realizou-se, na Sala Beauveau
do Grande Teatro de Marselha, a primeira apresentação da ópera Aida, de Verdi.
Em Novembro de 1869, o vice-rei do Egipto pediu
a Giuseppe Verdi que escrevesse um hino para a inauguração do Canal de Suez.
Inicialmente, o compositor recusou a proposta, replicando que não era habitual
escrever música de circunstância. Mas, perante muita insistência por parte do
governo egípcio, Verdi, finalmente, acedeu. A obra, porém, não foi acabada a
tempo da inauguração, tendo sido substituída, à última hora, por outra ópera de
Verdi. A Aida só seria concluída dois anos mais tarde, em 1871.
A acção da ópera Aida passa-se no Egipto antigo. Com quatro actos e libreto de
Antonio Ghislazoni, teve estreia mundial na Casa da Ópera, no Cairo, a 24
Dezembro de 1871, sob a direcção de Giovanni Bottesini. Verdi não esteve
presente na estreia, mas ganhou o prestigioso título de Comendador da Ordem
Ottomano. No dia 8 de Fevereiro do ano seguinte realiza-se a estreia no Teatro
alla Scala de Milão, sob a direcção de Franco Faccio. Em Nova Iorque estreou-se
a 26 de Novembro de 1873.
Marcha Triunfal da ópera
“Aida”, de Verdi
Orquestra Estatal de Lund
Maestro: Roger Andersson
No dia 30 de Janeiro de 1963 morreu o compositor e pianista
francês Francis Poulenc. Tinha nascido em Paris, no dia 7 de Janeiro de 1899.
Aprendeu piano com a mãe e começou a compor com
7 anos de idade. Aos 15 anos estudou com Ricardo Vinhes, que o encorajou a
compor e o apresentou a Satie, Casella, Auric e outros. Em 1917 a sua “Rapsodie
Nègre” deu-lhe uma proeminência notável em Paris. Mesmo assim, os seus
conhecimentos técnicos eram escassos. Nunca frequentou o Conservatório, pelo
que, em 1920, decidiu estudar harmonia durante três anos, mas nunca estudou contraponto
nem orquestração.
A sua vida foi de constante luta interna. Tendo nascido e sido educado na
religião católica, debatia-se com a conciliação dos seus desejos sexuais, pouco
ortodoxos à luz das suas convicções religiosas. Alguns autores consideram mesmo
que foi o primeiro compositor abertamente homossexual, embora tenha mantido
relações sentimentais e físicas com mulheres e tenha sido pai de uma filha.
O Dicionário Oxford de Música classifica a sua música como “essencialmente
diatónica e melodiosa, embelezada com dissonâncias do século XX” e diz que tem
talento, elegância, profundidade de sentimento e doce-amargo que são derivados
da sua personalidade alegre e melancólica.
Poulenc fez parte dum grupo de seis compositores escolhidos pelo crítico Henri
Collete e que ficaram conhecidos por “Les Six”. Deram concertos juntos,
baseando-se num manifesto de inspiração no chamado “folclore parisiense”, isto
é, nos músicos de rua, nos teatros musicais e nas bandas de circo.
A obra de Poulenc, no estilo dos Seis, chamou a atenção de Stravinsky e
Diaguilev e veio a dar origem às suas obras mais conhecidas, as canções para
voz e piano, sobre poemas de Apollinaire e de Paul Elouard, que, de resto, foi
amigo pessoal de Poulenc. É uma obra ecléctica e ao mesmo tempo pessoal.
A morte acidental do seu grande amigo Pierre-Octave Ferroud, conjugada com uma
peregrinação à Virgem Negra de Rocamadour, em 1935, levou Poulenc a regressar
ao catolicismo, resultando em composições com um tom mais austero e sombrio.
Glória, de Francis
Poulenc
Soprano: Barbara Hendricks
Orquestra Nacional de Lille
Maestro: Jean-Claude Casadesus
No dia 29 de Janeiro de 1962 faleceu, em Nova Iorque, o
violinista e compositor Fritz Kreisler. Filho de pai judeu e mãe católica,
tinha nascido, em Viena, no dia 2 de Fevereiro de 1875.
Entrou no Conservatório aos 7 anos e, mais tarde,
estudou, também, em Paris. Tinha um talento fora do comum para tocar violino, o
que fez com que a sua técnica parecesse incólume às várias mudanças de rumo
que, em determinado período, a sua vida foi sofrendo. Nos finais da década de
1880, depois de uma bem-sucedida digressão pelos Estados Unidos, viu recusada a
sua pretensão de ingressar na Orquestra Filarmónica de Viena, o que o levou a
abandonar a música e a seguir medicina, tal como o seu pai, que era um
conceituado cirurgião. Uns anos depois, deixou a área da saúde e regressou às
artes, dedicando-se à pintura. Andou por Paris e Roma a tentar aperfeiçoar o
dom de pintor; coisa de pouca duração. Algum tempo depois virou-se para as
artes da guerra, alistando-se no exército. A aventura bélica durou cerca de um
ano, após o que decidiu regressar às origens e voltar a pegar no violino.
Tinham-se passado, entretanto, cerca de 10 anos, e para regressar à música, no
ano de 1899, Fritz Kreisler necessitou de um prolongado período de preparação
de exactamente… 8 semanas. Entre 1901 e 1903 fez várias digressões pelos
Estados Unidos que marcaram o início do reconhecimento internacional daquele
que viria a ser um dos violinistas mais marcantes da primeira metade do século
XX. Deu concertos públicos até 1947, com alguns interregnos pelo meio devido às
duas grandes guerras.
Como compositor, fez arranjos e transcrições – e apresentou uma controversa
série de peças que foram atribuídas a compositores anteriores, mas que, de
facto, eram de sua autoria.
Liebesleid, de Fritz Kreisler
Violinista: Gidon Kremer
Pianista: Martha Argerich
Faleceu hoje, dia 28 de Janeiro de 2014, no Hospital
Presbitariano em Nova Iorque, o grande músico americano Pete Seeger que, na
década de 1960, foi pioneiro da música de protesto contra a guerra e a favor
dos direitos civis.
Tinha nascido no dia 3 de Maio de 1919, em Manhattan, Nova
Iorque.
No dia 28 de Janeiro de 1887 nasceu em Łódź, na Polónia, o
pianistaArthur Rubinstein.
Começou a tocar piano muito cedo, com apenas
três anos. Aos 6, tocou em público pela primeira vez. Entrou para o
Conservatório de Varsóvia aos oito anos, onde foi aluno de Paderewski.
Prosseguiu os seus estudos em Berlim, onde se apresentou, em recital, em 1900.
Em 1906 estreou-se em Nova Iorque, como solista da Orquestra de Filadélfia.
Regressou, depois, à Europa e, em Paris, trabalhou como professor de piano.
Em 1916 visitou a Espanha, onde interpretou composições de Granados e Manuel de
Falla, que lhe dedicou a “A Fantasia Bética”. Em 1919 foi ao Brasil e conheceu
Villa-Lobos. Foi o responsável pela divulgação das suas mais famosas
composições. Em sua homenagem, Villa-Lobos escreveu o “Rudepoema”, em 1926.
Stravinsky também lhe dedicou os 3 Movimentos de Petruschka - considerada a sua
mais difícil obra para piano.
Depois de algum tempo dedicado a intensivos estudos, Arthur Rubinstein viajou
até aos Estados Unidos, em 1937. A partir daí, teve a sua reputação de grande
intérprete assegurada. Em 1946, obteve a cidadania norte-americana, depois de
ter fugido da França em 1940, por causa da invasão alemã. Impressionado por
essa experiência e pelos crimes do nazismo, nunca mais se apresentou em
concerto na Alemanha. Rubinstein revelava extrema modéstia quando falava de si
próprio. Mostrava interesse não apenas pela música, mas também pelos pequenos e
refinados momentos de prazer que a vida oferece. A sua última actuação em
público teve lugar em 1976, quando já estava com 89 anos. Morreu em Genebra, no
dia 20 de Dezembro de 1982.
Scherzo nº 2, op. 31, em
si bemol menor, de Chopin
Pianista: Arthur Rubinstein
No dia 27 de Janeiro de 1823 nasceu, em Lille, no norte da
França, Édouard Lalo, compositor francês, de ascendência espanhola.
Durante a juventude, frequentou o Conservatório de
Lille. Depois, com dezasseis anos, foi estudar para o Conservatório de Paris.
Durante vários anos foi professor na capital francesa. Juntou-se com alguns
amigos e formou o Quarteto Armingaud, onde tocava viola e violino. As primeiras
obras de Edouard Lalo que sobreviveram foram canções e música de câmara. Duas
sinfonias, anteriores a estas peças, foram destruídas.
A Sinfonia Espanhola, para violino e orquestra, de Édouard Lalo ocupa um lugar
importante no repertório para o violino. Lalo é também conhecido pelos seus
concertos e pela ópera “Le Roi d’Ys”. A mesma lenda bretã que inspirou a ópera
“Le Roi d’Ys”, também influenciou a criação de obras de câmara e da sinfonia em
sol menor.
Em 1865, Édouard Lalo casou-se com Julie Besnier de Maligny, uma contralto que
o encorajou a compor música para o palco. Infelizmente as obras que Lalo
escreveu foram consideradas demasiado progressistas e wagnerianas e,
inicialmente, não foram bem recebidas, apesar da sua frescura e originalidade.
Isto fez com que o compositor dedicasse a maior parte da carreira a escrever
música de câmara e obras para orquestra. Embora Lalo não seja um dos nomes mais
conhecidos da música francesa, o seu estilo característico ganhou-lhe algum
grau de popularidade.
O estilo de Edouard Lalo é notável pelas suas fortes melodias e orquestrações
coloridas, com uma solidez bastante germânica que distingue este compositor da
maioria dos seus compatriotas.
Lalo só adquiriu fama como compositor quando já estava perto dos cinquenta
anos. “Le Roi d’Ys”, a sua obra mais conseguida e complexa, foi rejeitada
durante dez anos e não foi levada à cena até 1888, quando o compositor já tinha
65 anos. O seu sucesso abriu as portas a Édouard Lalo, no entanto a sua
imaginação e o desejo de compor estavam a diminuir. Lalo morreu em Paris, no
dia 22 de Abril de 1892, com 69 anos, deixando várias obras incompletas.
Sinfonia espanhola, de Edouard
Lalo
Violino: Vadim Repin
Orquestra Filarmónica da Rádio Francesa
Maestro: Myung-Whun Chung
No dia 26 de Janeiro de 1945 nasceu em Oxford, Inglaterra, a
violoncelista Jacqueline du Pré.
Aos quatro anos, ao ouvir pela primeira vez o
violoncelo, pediu que lhe comprassem um. Começou a tocar com cinco anos,
entrando na escola de violoncelo, em Londres, quando tinha seis, e deu o
primeiro concerto aos sete. Aos dez anos começou a estudar com William Pleeth e
continuou a estudar com ele quando entrou para a escola de música de Guildhall.
Ao completar 11 anos, ganhou o primeiro prémio internacional de violoncelo de
Guilhermina Suggia. Continuou a ganhar prémios durante todos os anos de escolaridade,
incluindo uma medalha de ouro quando se graduou da escola de Guildhall, em
1960.
O reconhecimento profissional de Jacqueline du Pré aconteceu em 1961 quando
tocou, no Salão Wigmore, em Londres, num raro violoncelo que lhe foi oferecido
por um anónimo - um Stradivarius de 1672, avaliado em cerca de 3 milhões de
dólares. A sua intensidade e virtuosismo atraíram imediatamente a atenção e daí
surgiu a oportunidade de viajar por toda Europa e América do Norte. Após vários
anos de intensa actividade, foi para Moscovo, em 1966, para estudar com o
célebre violoncelista e maestro Mstislav Rostropovich. No ano seguinte casou
com o pianista e maestro Daniel Barenboim. A sua carreira foi curta e trágica.
Aos 28 anos começou a apresentar sintomas de esclerose múltipla e teve que se
aposentar. Morreu no dia 19 de Outubro de 1987, em Londres. Jacqueline du Pré teve
uma vida curta mas recheada de momentos geniais, como o da estreia, no Carnegie
Hall, do concerto para violoncelo de Edward Elgar.
Excerto do Concerto para
violoncelo e orquestra, de Elgar
Violoncelista: Jacqueline du Pré
Orquestra Nova Filarmonia
Maestro: Daniel Barenboim
No dia 25 de Janeiro de 1886 nasceu, em Berlim, o maestro e
compositor alemão Wilhelm Furtwängler.
Foi titular da Orquestra Filarmónica daquela
cidade durante o período nazi. Passou a maior parte da infância em Munique,
onde o pai leccionava na universidade local. Recebeu educação musical desde
cedo, desenvolvendo, imediatamente, um amor por Beethoven, compositor com quem
foi fortemente associado ao longo da vida. Embora seja conhecido principalmente
pelo seu trabalho como maestro, foi também compositor e considerava-se acima de
tudo como tal. Na realidade, teria começado a empunhar a batuta apenas para
executar as suas próprias obras, mas a falta de segurança financeira como
compositor fez com que passasse a concentrar-se na direcção de orquestra.
Foi director musical da Orquestra Filarmónica de Viena, do Festival de
Salzburgo e do Festival de Bayreuth, o cargo mais elevado que um maestro podia
ocupar na Alemanha da época. Também apareceu diversas vezes como maestro fora
da Alemanha. Estreou-se em Londres em 1924 e, em 1925, apareceu como maestro
convidado da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque.
Mas a década de 30 foi muito complicada: Foi acusado de ser complacente com o
regime nazi que imperava na Alemanha – e isso viria mesmo a estar na base do
corte de relações com Arturo Toscanini. Acabou mal-amado pelos nazis e pelos
que se lhes opunham; forçado a fugir do país antes que os nazis lhe deitassem a
mão, em Fevereiro de 1945, foi para a Suiça e nunca mais seria autorizado a
reger nos Estados Unidos. Ao regressar à Alemanha voltou à actividade de
maestro e retomou a sua popularidade na Europa.
As interpretações de Furtwängler nem sempre seguiam marcações precisas, a
emoção e a improvisação predominavam, associadas a frequentes alterações de
tempos e flutuações de andamentos. Algumas das gravações que nos deixou são
ainda hoje consideradas de referência.
Morreu no dia 30 de Novembro de 1954, em Ebersteinburg.
Final da Sinfonia nº 9,
de Beethoven
Gravação de 1942
Maestro: Wilhelm Furtwängler
No dia 24 de Janeiro de 1883 morreu, em Darmstadt, o
compositor alemão Friedrich von Flotow. Tinha nascido de uma família
aristocrática, em Teutendorf, a 27 de Abril de 1812.
Estudou no Conservatório de Paris e teve como
professores Auber, Rossini, Meyerbeer, Donizetti, Halévy e, mais tarde, Gounod
e Offenbach. Das cerca de 30 óperas que escreveu, a primeira foi “Pedro e
Catarina”, em 1835, mas só começou a ser conhecido em 1839, com a ópera “O
naufrágio do Medusa”, baseada no naufrágio daquele navio de guerra.
A ópera romântica “Alessandro Stradella”, de 1844 é reconhecida como uma das
melhores obras da Flotow. Entre 1856 e 1863, Flotow trabalhou como intendente
do teatro da corte de Schwerin. Passou os seus últimos anos em Paris e Viena, e
teve a alegria de ver as suas óperas levadas a cena em São Petersburgo e Turim.
A sua ópera “Martha”, muito popular no século XIX e pela qual é mais conhecido,
foi encenada, pela primeira vez, em Viena, no Teatro de Kärntnertor, no dia 25
de Novembro de 1847.
Ária “M’appari”, da ópera
“Martha”, de Friedrich von Flotow
Maestro: Anton Guadagno
Tenor: Luciano Pavarotti
No dia 23 de Janeiro de 1981 morreu, em Nova Iorque, o
compositor norte-americano Samuel Barber. Tinha nascido em Westchester, na Pennsylvania
no dia 9 de Março de 1910.
Notabilizou-se como compositor e começou cedo:
assinou a sua primeira composição quando tinha sete anos e aos 10, tentou
escrever uma ópera. Foi organista aos 12 anos e, quando fez 14, ingressou no Curtis
Institute, em Filadélfia, onde estudou piano, composição e canto. Ganhou duas
vezes o Prémio Pulitzer: em 1958, pela sua primeira ópera, Vanessa e em 1963
pelo Concerto para piano e orquestra.
Barber passou muitos anos em reclusão depois de a sua terceira ópera “António e
Cleópatra” ter sido rejeitada. Sofreu de depressão e tornou-se alcoólico. A
ópera tinha sido escrita para a ocasião da abertura do novo Metropolitan Opera,
no dia 16 de Setembro de 1966. Depois deste contratempo, continuou a escrever
música até aos 70 anos. A música dos seus últimos anos seria aclamada como
meditativa e contemplativa, mas sem a característica de infelicidade de outros
compositores no final da vida.
Ficou célebre, acima de tudo, pelo Adágio para Cordas, que é uma das obras
clássicas mais utilizadas no cinema, nos mais diversos tipos de filmes.
Em Janeiro de 1938, Barber enviou o Adagio a Arturo Toscanini. O maestro
devolveu-lhe a partitura sem qualquer comentário, o que desgostou severamente o
jovem compositor. Passado pouco tempo, Toscanini escreveu a um amigo, dando
notícia de que estava a preparar a apresentação da peça e acrescentou que a devolvera
sem comentários porque, simplesmente… a tinha memorizado integralmente. No dia
5 de Novembro desse ano de 1938 o Adagio para Cordas teve a sua estreia com a
Orquestra Sinfónica da NBC. Foi interpretada a versão original do arranjo do
próprio Barber e a dirigir a orquestra estava Toscanini.
Adagio, do Quarteto para
cordas, op. 11, de Samuel Barber (arranjos para orquestra)
Orquestra Sinfónica da NBC
Maestro: Arturo Toscanini
No dia 22 de Janeiro de 1897 nasceu em Connecticut, nos
Estados Unidos a soprano norte-americana Rosa Ponselle.
Reinou no repertório dramático e lírico nas
décadas de 20 e 30, do séc. XX. Nascida Rosa Ponzillo, era filha de imigrantes
italianos vindos dos arredores de Nápoles. Começou a cantar em vaudevilles em
1915 e, em 1918, foi descoberta pelo célebre tenor Enrico Caruso, o qual se
impressionou com a sua qualidade vocal e a levou imediatamente para os palcos
do Metropolitan Opera, em Nova Iorque, que necessitava de uma intérprete para o
papel de Leonora, de “A força do destino”, de Verdi.
Ponselle iniciou a sua grande carreira no Metropolitan a 15 de Novembro de
1918. As críticas foram bastante favoráveis e obteve sucesso junto da plateia.
Mas, ao contrário do que diz a lenda, houve também menções negativas à sua
interpretação, embora fosse reconhecido o imenso potencial da jovem soprano. Em
1927, canta a sua primeira “Norma”, um dos maiores êxitos de sua carreira,
tendo sido considerada a maior intérprete desse papel até ao advento de Maria
Callas, nos anos 50. Em 1937, abandonou os palcos repentinamente, com apenas 40
anos. A sua última actuação ocorreu em Cleveland, a 17 de Abril de 1937. A
soprano continuou com a sua carreira de concerto até 1939, quando então deixou
os palcos definitivamente.
Rosa Ponselle morreu no dia 25 de Maio de 1981.
Habanera, da ópera
Carmen, de Bizet
Soprano-Rosa Ponselle
No dia 21 de Janeiro de 1941 nasceu, em Madrid, o tenor
espanhol Plácido Domingo.
Famoso por ter integrado, juntamente com Luciano
Pavarotti e José Carreras, o grupo dos Três Tenores, Plácido Domingo também já
actuou como director geral da Ópera Nacional de Washington e na Ópera de Los
Angeles. Em família, era conhecido como "El Granado", por cantar
desde muito pequeno, a canção Granada, de Agustín Lara. Em 1949, a sua família
mudou-se para a Cidade do México, onde iniciou os seus estudos de piano. Algum
tempo depois, foi admitido na Escola Nacional de Artes e no Conservatório
Nacional de Música da capital mexicana, estudando piano e direcção de
orquestra.
Estreou-se como tenor a interpretar o papel de Alfredo, na ópera La Traviata,
de Verdi, em 1959, em Monterrey. Em 1962, juntou-se à Ópera de Tel Aviv, onde
nasceria a sua fama. Passou ali dois anos e meio, cantando em 280 ocasiões.
Posteriormente, em 1966, estreou, na Ópera de Nova York, a ópera Don Rodrigo,
de Alberto Ginastera. A partir de 1968, quando se apresentou no Metropolitan de
Nova Iorque, pela primeira vez, na ópera Adriana Lecouvreur, de Francesco
Cilea, ao lado Renata Tebaldi, passou sempre abrir a temporada em vinte e uma
ocasiões, superando o recorde de Enrico Caruso. Durante a sua carreira, cantou
na maioria das grandes salas de ópera do mundo e nos festivais mais importantes.
Também trabalhou como maestro, juntamente com Herbert von Karajan, Zubin Mehta
e James Levine. Em cena, Plácido Domingo interpretou mais de noventa
personagens distintas. O seu repertório inclui principalmente óperas italianas
e francesas, e também óperas de Richard Wagner, no festival de Bayreuth. Desde
1996 é director artístico da Ópera Nacional de Washington. Em 1998 foi nomeado
director artístico da Ópera de Los Angeles, tornando-se director geral em 2003.
Granada, de Agustín Lara
Piano: Plácido Domingo
Tenor: Plácido Domingo
Faleceu hoje, dia 20 de Janeiro de 2014, aos oitenta anos, o
maestro italiano Claudio Abbado, que nasceu, em Milão, no dia 26 de Junho de
1933
O seu primeiro professor foi o pai, o violinista
e compositor Michelangelo Abbado. Quando, ainda criança, ouviu uma
interpretação dos “Nocturnos” de Claude Debussy, decidiu tornar-se maestro. Teve
oportunidade de assistir a muitos ensaios de orquestra em Milão e em Viena,
liderados por maestros como Arturo Toscanini e Wilhelm Furtwängler. Abbado
disse a entrevistadores que ficou perturbado com a forma tirânica, e por vezes
abusiva, como Toscanini tratava os músicos, e que resolveu comportar-se da
forma mais delicada possível, tal como Bruno Walter. Abbado é conhecido por ser
amigável, discreto e por nunca se confrontar com a orquestra no ensaio.
Após estudos no Conservatório de Milão, em 1955, Claudio Abbado estudou direcção
de orquestra com Hans Swarowsky, na Academia de Música de Viena. Em 1958,
venceu o Concurso Internacional Koussevitsky, o que resultou numa série de
compromissos como maestro de ópera na Itália. Em 1963 ganhou o Concurso Dmitri
Mitropoulos, o que lhe permitiu trabalhar durante cinco meses com a Filarmónica
de Nova Iorque.
Em 1960 estreou-se no La Scala, do qual foi Director Musical entre 1968 e 1986.
Dirigiu a Filarmónica de Viena, pela primeira vez, em 1965, num concerto no
Festival de Salzburgo. Foi Director Musical da Ópera Estatal de Viena de 1986 a
1991. Entre 1979 e 1987 ocupou o cargo de Maestro Principal da Orquestra Sinfónica
de Londres. Nos Estados Unidos, foi Maestro Convidado Principal da Orquestra Sinfónica
de Chicago, de 1982 a 1986. Em 1989 sucedeu a Herbert von Karajan como Maestro
Principal e Director Musical da Orquestra Filarmónica de Berlim, posto que
ocupou até 2002. É também conhecido pelo seu trabalho com músicos jovens. Foi o
fundador e Diretor Musical da Orquestra de Jovens da União Europeia e da Gustav
Mahler Jugendorchester.
Abbado foi diagnosticado com cancro do estômago em 2000, e o tratamento levou à
remoção de uma parte de seu sistema digestivo. Após a recuperação, fundou a
Orquestra do Festival de Lucerna. Em Setembro de 2007, anunciou o cancelamento
de todos os compromissos para o futuro próximo, a conselho dos médicos, mas daí
a dois meses retomou as suas actividades normais.
Claudio Abbado recebeu muitos prémios, entre os quais o Prémio Imperial do
Japão, a Medalha Mahler, o Bundesverdienstkreuz (a mais alta distinção concedida
a um civil pelo Governo da Alemanha) e a Medalha Mozart, entre outros. Recebeu
ainda doutoramentos honoris causa das universidades de Ferrara, Cambridge,
Aberdeen, e Havana.
Excerto de “Dies Irae”,
do Requiem, de Verdi
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro: Claudio Abbado
No dia 20 de Janeiro de 1928 nasceu, em Neuilly-sur-Seine,
perto de Paris, o compositor e maestro francês, de descendência luso-americana,
António de Almeida.
De pai português e mãe americana, António de
Almeida disfrutou de uma distinta carreira como maestro, tendo dirigido as
orquestras de Chicago, Filadélfia e S. Francisco, nos Estados Unidos, além das
Filarmónicas de Berlim e Londres. Ganhou prémios com algumas das suas
gravações, incluindo uma gravação recente das principais obras orquestrais de
Joaquin Turina.
António de Almeida é reconhecido como a principal autoridade na direcção da
orquestra das obras de Offenbach. O seu trabalho em prol da música francesa
trouxe-lhe, entre outras distinções, o prémio da Legião de Honra. Estudou com
Paul Hindemith na Universidade de Yale e começou a sua carreira como maestro da
Orquestra Sinfónica do Porto. Em Londres, estreou-se, a convite de Sir Thomas
Beecham, dirigindo a Royal Philharmonic Orchestra.
António de Almeida morreu de cancro do fígado e dos pulmões, no dia 18 de
Fevereiro de 1997, no Centro Médico da Universidade de Pitsburgo.
Concerto em ré menor,
op. 47, para violino e orquestra, de Jean Sibelius
Violino: Ivry Gitlis
Orquestra Nacional da Ópera de Monte Carlo
Maestro: António de Almeida
No dia 19 de Janeiro de 1833 morreu, em Paris, o compositor
francês Ferdinand Hérold, conhecido pelas suas óperas e ballets. Tinha nascido
na mesma cidade a 28 de Janeiro de 1791.
As suas primeiras aulas de música foram em casa,
com o pai, pianista e compositor, tendo sido admitido mais tarde no
Conservatório de Paris. Em 1812 concorreu ao prestigiado “Prix de Rome” com as
suas peças para piano. Como vencedor do 1º prémio foi para Itália onde conviveu
com Paisiello e Zingarelli que o incentivam a compor ópera. É assim que surge
“A juventude de Henrique V”, a primeira ópera de Hérold e um estrondoso sucesso
em Nápoles, onde trabalhava como pianista para a rainha Carolina.
Em 1827, um ano após o êxito da sua ópera Marie, tornou-se maestro do coro da
Ópera de Paris. Um ano depois consagrou-se também como compositor de ballets
com “La Fille mal gardée”. A ópera Zampa chegou com um estrondoso sucesso em
1831, ano em que Ferdinand Hérold começava a evidenciar problemas de saúde,
sendo que, no dia 19 de Janeiro de 1833, pouco depois da estreia da sua ópera “Le
Prés-au-Clercs”, morreu de tuberculose, em Paris. A sua música ainda hoje
permanece bastante popular na França, Itália e Alemanha, sobretudo à custa do
bailado “La Fille mal gardée” e da ópera “Zampa”.
Abertura da ópera
“Zampa”, de Ferdinand Hérold
Orquestra Sinfónica NHK
Maestro: Wolfgang Sawallisch
Há pessoas que nos marcam para sempre. Que nunca esquecem,
dê o mundo as voltas que der ou demos nós as voltas que dermos ao mundo. Na
minha vida, Ary dos Santos foi uma dessas pessoas. Deixou-nos faz hoje 30 anos.
Acho que a primeira vez que ouvi falar dele foi
em 1969, aquando da campanha para as eleições legislativas que os fascistas
realizaram, com o único objectivo de tapar os olhos ao povo. Mais ou menos como
agora acontece, por parte dos que se dizem democratas. Estávamos na Primavera
Marcelista. Era eu um jovem de 17 anos, que colaborava como podia na campanha
da CDE (Comissão Democrática Eleitoral), cujos membros se candidatavam contra a
União Nacional, o partido de Marcelo Caetano.
Um dos nomes que sobressaía nessa campanha, não como candidato, mas como
apoiante da CDE era, exactamente, o de José Carlos Ary dos Santos, um homem de
32 anos que escrevia poesia desde os quinze ou dezasseis. E a sua poesia
dava-nos força para, correndo os óbvios riscos, lutarmos contra um regime que
nada tinha de bom.
Mas a força do Ary era maior que a de nós todos juntos, como relata António
Abreu, no Blogue “Antreus”:
“Os comícios e sessões da CDE eram acompanhados pela polícia que impunha a sua
presença. E acabavam mal com esta a intervir por os oradores não se cingirem ao
que eles aceitavam. A guerra colonial, como o Tengarrinha refere, vinha no
final das sessões pela sua própria boca e...as sessões acabavam.... Mas às
vezes...
No Teatro Vasco Santana a sala está repleta. Candidatos na mesa serão os
oradores. Mas eis que Ary avança com o seu conhecido poema "SARL".
Di-lo, como calculamos, a subir da sua baixa estatura à estatura de um gigante.
O Maltez Soares manda encerrar a sessão. O Ary sai do palco, dirige-se a ele e
continua a dizer o poema em voz alta porque o som tinha sido cortado. O Maltez
recua e grita "Se não saem, atiro para aí uma granada!...". Acabou
por atirar a polícia de choque contra as pessoas à saída.”
Das coisas que mais me orgulho, ainda hoje, é do facto de, nesse ano de 1969,
na minha aldeia, ter ganho as eleições o partido que era contra o governo.
Coisa inédita, que só aconteceu, nesse mesmo ano, numa outra freguesia, perto
de Lisboa. A força do Ary dos Santos deu-me força para ajudar a que isso
acontecesse. Um ano e meio antes, tinha acontecido, na França, o “Maio de 68”,
que serviu de inspiração a muitos jovens portugueses. Em 69, os estudantes de
Coimbra começavam a revoltar-se contra o sistema. Era o princípio do fim do
regime fascista. Começaram a surgir muitos poetas e cantores de intervenção.
Mas, hoje, recordo o Ary, porque faleceu há, exactamente, 30 anos.
José Carlos Ary dos Santos nasceu em Lisboa, no dia 7 de Dezembro de 1937 e
veio a falecer na mesma cidade, a 18 de Janeiro de 1984.
Viveu, quase sempre, na Rua da Saudade. E deixou muitas saudades.
A sua obra permanece na memória de todos e, estranhamente (ou talvez não),
muitos dos seus poemas continuam actualizados.
Poema “Não passam mais”,
de José Carlos Ary dos Santos
No dia 18 de Janeiro de 1841 nasceu, em Ambert, o pianista e
compositor francês, do período romântico, Emmanuel Chabrier.
Estudou piano desde os seis anos e mostrava
muitas capacidades como compositor. Apesar disso, o pai obrigou-o a estudar
direito. Em 1856, a família foi viver para Paris e o jovem Chabrier estudou no
Liceu de St. Louis durante um ano, ingressando, depois, na Universidade de
Direito, onde se graduou em 1861. No dia 29 de Outubro desse ano, começou a
trabalhar no Ministério do Interior francês. Em 1879, visitou a Alemanha, onde
assistiu a uma apresentação da ópera “Tristão e Isolda”, de Wagner.
Impressionado com a obra, decidiu dedicar-se inteiramente à música e, em 1880,
pediu a demissão do cargo que ocupava no Ministério do Interior.
Do grupo de amigos de Chabrier faziam parte alguns dos mais proeminentes
escritores e pintores da época, como Claude Monet e Édouard Manet. Fazia
colecção de pinturas impressionistas, ainda antes do impressionismo estar na
moda. Nos últimos anos de vida, além de problemas financeiros, Chabrier teve
graves problemas de saúde, causados pela sífilis. Na estreia da sua ópera
“Gwendoline”, em 1893, em Paris, o compositor nem sequer se apercebeu que os
aplausos eram para ele. No último ano de vida, sofreu de paralisia total, vindo
a falecer em Paris, no dia 13 de Setembro de 1894.
España – Rapsódia para
orquestra, de Chabrier
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro: Plácido Domingo
No dia 17 de Janeiro de 1751 morreu Tomaso Albinoni,
compositor italiano do período barroco. Tinha nascido em Veneza, a 8 de Junho
de 1671.
Embora no seu tempo fosse famoso como compositor
de óperas, hoje em dia é mais conhecido pela sua música instrumental. Uma
grande parte das obras de Albinoni ficou perdida, na segunda guerra mundial,
quando a Biblioteca Estatal da Saxónia foi destruída, durante o bombardeamento
de Dresden, em Fevereiro de 1945. Foi um dos primeiros compositores a escrever
concertos para violino solo. A sua música instrumental atraiu a atenção de
Johann Sebastian Bach, que escreveu pelo menos duas fugas sobre temas de
Albinoni. O “Adagio em sol menor”, que é uma das obras mais gravados do período
barroco, é uma reconstrução feita, já em 1958, por Remo Giazotto, a partir de
fragmentos que foram encontrados nas ruínas da biblioteca de Dresden.
Adagio em sol menor, para
violino, cordas e órgão, de Albinoni
Franz Liszt Chamber Orchestra
(Parece que, por estes
dias, François Hollande tem estado na berlinda. Não me refiro ao seu caso
extra-conjugal, que isso pouco ou nada me interessa. Refiro-me ao facto de,
também ele, ter dado a entender que quer meter o “socialismo na gaveta”.
Transcrevo aqui, a esse propósito, uma crónica que escrevi noutro blog, no dia
6 de Maio de 2012, o dia em que Hollande ganhou as eleições francesas.)
Acreditem que gostava de partilhar a fé que
grande parte dos meus amigos parece ter de que, se François Hollande ganhar as
eleições em França, muita coisa vai mudar, para melhor, na Europa, em Portugal ou
na própria França. A verdade é que não partilho. Não é que deseje a sua
derrota. Antes pelo contrário. Qualquer coisa é melhor que Sarkozy. Tal como,
não tendo tido muita fé em Barack Obama, há três anos, acreditava que qualquer
coisa era melhor que George W. Bush. Mas estas não são nem podem ser as únicas
alternativas.Tudo indica que Hollande ganhará as eleições. Mas, para mim, não será mais do que
uma "Primavera Marcelista" à francesa ou do que uma mudança de nome
de PIDE para DGS, à europeia: em vez de termos uma Europa comandada por
"Merkozy", tê-la-emos comandada por "Merkhollande".
"Merk" sempre em primeiro lugar.Eu ainda sou do tempo em que os partidos socialistas europeus eram motivo de
alguma esperança para os povos. Mas já lá vão muitos anos.Essa esperança começou a perder-se exactamente em Portugal. Se, no seu programa
de 1973, o Partido Socialista se considerava herdeiro da tradição da “luta das
classes trabalhadoras pelo socialismo", não foi preciso muito tempo até
que, em 1975, em plena luta de classes rumo ao socialismo em Portugal, Mário
Soares tenha afirmado que era necessário "meter o socialismo na
gaveta". E a triste verdade é que meteu mesmo. Não duvido que, muitas das
conquistas do estado social tivessem sido levadas a cabo com a ajuda do PS. Mas
também não duvido que a gradual perda dessas conquistas, que se tem vindo a
verificar nos últimos anos, tenha sido levada a cabo com a ajuda desse mesmo
partido. Umas vezes implementando-a ele próprio, como aconteceu com José
Sócrates, outras vezes, votando a favor ou "abstendo-se
violentamente", como está a acontecer com António José Seguro.É minha convicção que, por toda a Europa, os partidos chamados socialistas, de
socialista só têm o nome. Dir-me-ão que a culpa é dos "mercados",
essa entidade que se tem dedicado a acabar com o estado social e à qual os
partidos liberais e neo-liberais que têm governado a Europa nos últimos anos “têm”
que obedecer. E o problema é que conseguem convencer os povos de que não existem
alternativas. E vão ganhando eleições, alternando, ora no governo ora na
oposição, sempre com o mesmo objectivo: o de subjugar os povos aos mercados,
que, por sua vez, exigem cada vez mais medidas de austeridade, que os governos implementam
para que possam obter mais dinheiro para que os membros e amigos do partido mantenham
os lugarzinhos de grande prestígio e altas remunerações. Mas sempre à custa dos
mais pobres, que, como arma, só têm o voto, cujo direito exercem, convencidos
que podem mudar alguma coisa. E o que se tem visto é que nada muda. Ou antes,
muda para pior. Pior para o povo que, cada vez trabalhando mais, ganhando menos
e abdicando de direitos que, há anos atrás, eram inalienáveis, continua a
votar, dando legitimidade aos mesmos que, depois das eleições e apesar de todas
as promessas, nada fazem para melhorar as condições dos povos.Receio que seja isto que vai acontecer hoje em França. Ao que parece, as moscas
vão mudar, mas a merda será a mesma. E quem leva com ela serão sempre os
mesmos.
No dia 16 de Janeiro de 1886 faleceu, em Milão, o compositor
italiano Amilcare Ponchielli. Tinha nascido em Paderno Fasolaro, perto de
Cremona, a 31 de Agosto de 1834. A sua cidade natal é hoje chamada Paderno
Ponchielli.
Aos nove anos obteve uma bolsa de estudo para
aprender música no Conservatório de Milão e, aos dez, escreveu a primeira
sinfonia. Dois anos depois de acabar o curso no Conservatório escreveu a sua
primeira ópera e foi com este género musical que veio a adquirir fama.
Inicialmente, a sua carreira foi complicada. Teve que aceitar pequenos
trabalhos em pequenas cidades e compôs algumas óperas, todas sem sucesso.
Apesar de tudo, adquiriu experiência como mestre da banda, em Piacenza e
Cremona, fazendo arranjos e compondo mais de 200 obras para banda. O ponto de
viragem foi o grande sucesso obtido com a versão revista da sua primeira ópera
“I promessi sposi”, em 1872. Um ano mais tarde o bailado “Le due gemelle”
confirmou o sucesso. Em 1881 foi nomeado mestre de capela da Catedral de
Bergamo e assumiu o cargo de professor de composição no Conservatório de Milão,
onde teve como alunos os compositores Puccini e Mascagni. A sua ópera mais
conhecida é “La Gioconda”, que o libretista Arrigo Boito adaptou de uma peça de
Victor Hugo.
“A dança das horas”, da
ópera “La Gioconda” de Ponchielli
Excerto do filme “Fantasia”, de Walt Disney
Orquestra de Filadélfia
Maestro: Leopold Stokowsky
No dia 15 de Janeiro de 1890, no Teatro Mariinsky, em São
Petersburgo, realizou-se a estreia do bailado “A Bela Adormecida”.
Com música do compositor russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky
e coreografia de Marius Petipa, “A Bela Adormecida” é um ballet composto por um
prólogo e três actos, baseado no conto de fadas, com o mesmo nome, do escritor
francês Charles Perrault. Tchaikovsky escreveu a obra em 1888 e 1889. Ao
contrário do que tinha acontecido com “O Lago dos Cisnes”, “A Bela Adormecida”
foi um sucesso. A história anda à volta de uma princesa que é enfeitiçada para
dormir até que um príncipe encantado a desperta com um beijo de amor.
O conhecido bailarino Rudolph Nureyev fez a sua estreia no Ocidente dançando “A
Bela Adormecida”. A apresentação de reabertura do Royal Opera House, Convent
Garden, em 1946, depois da Segunda Guerra Mundial, não foi uma ópera, mas sim o
bailado “A Bela Adormecida”. O czar Alexandre III e a sua família assistiram ao
ensaio geral. Ao sair, o czar limitou-se a afirmar que era muito lindo. Isto
irritou Tchaikovsky, que estava à espera de uma reacção mais favorável.
Variações das Fadas, do
Bailado “A Bela Adormecida”, de Tchaikovsky
No dia 14 de Janeiro de 1875, nasceu em Kaysersberg, na
Alsácia, o teólogo, filósofo, médico e organista Dr. Albert Schweitzer, que
recebeu o prémio Nobel da Paz no dia 10 de Dezembro de 1952.
Desde muito cedo ficou claro que era um menino
diferente. A sua sensibilidade para a música era fora do normal. A primeira vez
que ouviu duas vozes a cantar em dueto, teve de se encostar à parede para não
cair. Noutra altura, ao ouvir pela primeira vez um grupo de metais, Schweitzer
quase desmaiou de prazer. Com cinco anos começou a tocar piano. Mas logo se
apaixonou pelo órgão de tubos da igreja na qual o seu pai era pastor. Aos nove
anos já era o organista oficial. Formou-se em Teologia e Filosofia na Universidade
de Estrasburgo, onde foi professor a partir de 1901. Tornou-se também um dos
melhores intérpretes de Bach e uma autoridade na construção de órgãos.
Aos trinta anos, Schweitzer gozava de uma posição invejável: trabalhava numa
das mais notáveis universidades europeias; tinha uma grande reputação como
músico e prestígio como pastor da Igreja. Porém, isto não lhe bastou. Em 1905,
iniciou o curso de medicina, e, seis anos mais tarde, já formado, casou-se e
decidiu partir para Lambaréné, no Gabão, onde uma missão necessitava de
médicos. Improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendia os seus
doentes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o
idioma que não entendia, a carência de remédios e de instrumentos. Tratava mais
de 40 doentes por dia. Extasiou o mundo com a sua vida e a sua obra e, em 1952,
recebeu o Prémio Nobel da Paz pelos seus esforços pela "Irmandade das
Nações". Morreu a 4 de Setembro de 1965, em Lambaréné, no Gabão.
Fantasia e Fuga em sol
menor, de Johann Sebastian Bach
Órgão: Albert Schweitzer
No dia 13 de Janeiro de 1864 morreu, na miséria, o
compositor norte-americano Stephen Foster, cujas canções continuam populares
mais de 150 anos depois da sua morte.
De descendência irlandesa, nasceu em Lawrenceville, agora
parte da cidade de Pittsburgh, na Pennsylvania, a 4 de Julho de 1826. Foi o
mais novo de dez filhos de uma família de classe média, que cairia na pobreza,
devido ao alcoolismo do pai. A sua educação incluiu uma breve passagem pela
Universidade de Jefferson. Não se sabe se deixou a universidade voluntariamente
ou se foi expulso. A verdade é que, um belo dia, saiu com um colega e nunca
mais regressou.
Em 1846, Foster foi para Cincinnati trabalhar como guarda-livros na empresa do
seu irmão. Foi então que começou a escrever algumas das suas canções. Tentou
ganhar a vida como compositor profissional, mas ganhava muito pouco, devido à
falta de leis de protecção aos direitos de autor. Vários editores publicavam as
suas obras sem lhe pagar nada. Recebeu 100 dólares pela famosa canção “Oh,
Susanna”.
Em 1860, mudou-se para Nova Iorque. A partir
daí, tudo correu mal. A qualidade das suas novas canções tinha piorado muito.
Cada vez com menos dinheiro, foi viver para um hotel barato, na baixa de Manhattan.
Após algum tempo ficou doente. Depois de 4 dias sem se poder levantar, devido a
uma persistente febre, tentou chamar uma empregada do hotel, para o ajudar. Ao
levantar-se, bateu com a cabeça no lavatório que se encontrava ao lado da cama
e teve que ser levado para o hospital de Bellevue, onde veio a falecer três
dias depois. Na sua carteira encontraram 37 cêntimos.
"Beautiful Dreamer", de Stephen Foster
Soprano: Marilyn Horne
Piano: Martin Katz
No dia 12 de Janeiro de 1876 nasceu, em Veneza, o compositor
italiano Ermanno Wolf-Ferrari, filho de mãe italiana e pai alemão.
Ainda que tenha estudado piano desde a mais
tenra idade, a música não foi a principal paixão da sua juventude. O que ele
mesmo queria era ser pintor como o seu pai. Estudou intensamente em Veneza e
até viajou para o exterior, para estudar em Munique. Foi aí que Wolf-Ferrari
começou a considerar a música seriamente. Matriculou-se no conservatório e
estudou contraponto e composição. As fortuitas classes de música do início, com
o tempo, eclipsaram completamente os estudos de arte e a música tomou conta da
vida de Wolf-Ferrari. Com 19 anos de idade deixou o conservatório e voltou para
a casa da família em Veneza. Ali, trabalhou como maestro de coro, casou-se,
teve um filho e conheceu Boito e o grande Verdi.
Alguns anos mais tarde, Wolf-Ferrari estreou a sua primeira ópera, La
Cenerentola, com base na história da Cinderela. Na Itália, a ópera foi um
fracasso e o compositor, humilhado, voltou para Munique. A audiência alemã
provaria ser mais receptiva ao seu trabalho. Uma versão revista de La
Cenerantola foi um sucesso em Brennan e, ao mesmo tempo, o jovem compositor
tornava-se internacionalmente famoso com a maravilhosa cantata La Vita Nuova.
Até ao início da Primeira Guerra Mundial, as óperas de Wolf-Ferrari eram as
mais executadas no mundo. Wolf-Ferrari morreu em Veneza, em 1948, alguns dias
depois de seu septuagésimo segundo aniversário.
Intermezzo, da ópera “The Jewels of the Madonna”, de Wolf-Ferrari
NHK Symphony Orchestra
Maestro: Wolfgang Sawallisch
No dia 11 de Janeiro de 1875 nasceu em Kiev, na Rússia, o
compositor, de ascendência alemã, Reinhold Glière.
Entrou para a escola de música de Kiev em 1891
e, em 1894, deu entrada no Conservatório de Moscovo, onde estudou com Sergei
Taneyev, Ippolitov-Ivanov e Anton Arensky, entre outros. Graduou-se em 1900,
tendo composto uma ópera num só acto, com a qual ganhou uma medalha de ouro em
composição. Entre 1905 e 1908 estudou direcção de orquestra em Berlim. Em 1913
foi nomeado professor na escola de música de Kiev que, pouco tempo depois,
ascendeu à categoria de Conservatório. Um ano mais tarde, foi nomeado director daquela
instituição. Em 1920 ocupou o cargo de professor do Conservatório de Moscovo.
Entre os seus alunos figuram Prokofiev, Myaskovsky e Khachaturian. Glière é
reconhecido por ter incorporado música folclórica da Rússia, Ucrânia e países
vizinhos em várias das suas composições. O seu primeiro sucesso como compositor
foi o Poema Sinfónico “As Sirenes”, escrito em 1908. Morreu em Moscovo no dia
23 de Junho de 1956.
“Dança do marinheiro
russo” do ballet “A papoila vermelha”,op.70, de Gliere
Orquestra Sinfónica de Long Bay
Maestro: Charles Evans
Duquesne University Tamburitzans Alumni