No dia 1 de Julho de 1925, após anos de bebedeira, morreu de cirrose, em Paris, o compositor francês Eric Satie. Tinha nascido a 17 de Maio de 1866, em Honfleur.
Teve um papel relevante no cenário da vanguarda
parisiense do início do séc. XX e foi precursor de movimentos artísticos como minimalismo,
música repetitiva e teatro do absurdo. Tornou-se referência entre os jovens
compositores, que eram atraídos pelos títulos bem-humorados das suas peças, e
exerceu grande influência nos seus amigos, os notáveis contemporâneos Debussy e
Ravel, mudando assim o curso da história da música. Aos 7 anos perdeu de uma
vez a mãe, que morreu e o pai que abandonou a pequena cidade de Honfleur, na
Normandia, para ir para Paris. Eric ficou ao cuidado de um tio boémio, que lhe
proporcionou aulas de piano com um bom professor. Em 1878, deslocou-se para a
capital francesa. Aos catorze anos, ingressou no Conservatório de Paris onde
era considerado, pelos professores, medíocre, preguiçoso e imprestável.
A música de Satie foi, na altura, apreciada por poucos e desprezada pela
maioria dos compositores e críticos musicais. Eram-lhe apontadas diversas
fragilidades, a mais importante das quais se referia à sua deficiente formação
enquanto compositor e pianista. Com quase quarenta anos, resolveu voltar a
estudar. Em 1905 ingressou na Schola Cantorum de Paris e estudou contraponto e
orquestração. Três anos depois recebeu o diploma com a avaliação “très bien”.
Excêntrico e irreverente, Satie (que tinha 12 fatos iguais e uma interminável
colecção de cachecóis e guarda-chuvas) também gostava de escrever e fazer
caricaturas, inclusive dele mesmo. Fizeram sucesso os seus irónicos poemas,
canções e escritos autobiográficos intitulados “Memórias de um Amnésico”.
Dizia que nasceu “muito jovem num tempo muito velho” e quanto à música
modernista e às vezes estranha que escrevia, respondia: “Mostrem-me algo novo,
que começarei tudo outra vez”. E fez muito de novo – incluindo a sua “musique
d’ameublement”, composta para ser como que parte da mobília. Enervava-se quando
as pessoas se concentravam a ouvir essa novidade e gritava: “Falem! Mexam-se,
façam alguma coisa! Não fiquem parados simplesmente a ouvir!”
Gymnopédie nº 1, de Eric
Satie
Piano: Aldo Ciccolini
Piano: Aldo Ciccolini
Sem comentários:
Enviar um comentário