No dia em que se deu a revolução de 1974, fazia 14 anos um dos mais notáveis músicos da geração de portugueses actuais. Mário Laginha, nasceu a 25 de Abrirl de 1960.
Uma sólida formação clássica – fez o Curso
Superior de Piano do Conservatório Nacional (terminado com a classificação
máxima) – deu-lhe ferramentas para evoluir como intérprete e compositor,
desenvolvendo uma identidade própria. É isso que lhe tem permitido escrever
para formações tão diversas como a Big Band da Rádio de Hamburgo, a Orquestra
Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Filarmónica de Hanôver, o Remix Ensemble,
o Drumming Grupo de Percussão e a Orquestra Nacional do Porto. Compõe também
para cinema e teatro.
A sua “casa” é o jazz, mas recusa encerrar-se lá dentro. Na sua música podemos
encontrar um pouco de quase tudo, porque não fecha as portas a quase nada.
Mário Laginha procura em vários lugares o material para construir o seu próprio
universo musical. Muito mais do que misturas, há assimilação. O que se pode
ouvir, no final, é... música.
A sua carreira tem sido construída ao lado de outros músicos, de uma forma
constante e intensa. E com raras excepções: o primeiro disco a solo, Canções e
Fugas, é editado em 2006. Mário Laginha usa com virtuosismo e rigor a técnica
clássica para compor seis fugas, cada uma antecedida por uma canção na mesma
tonalidade, seguindo o esquema dos prelúdios e fugas de Bach. Não há
revivalismos: as suas composições têm uma sonoridade contemporânea, muito
inspirada, apesar de notoriamente complexa.
Para Mário Laginha, fazer música é sobretudo um acto de partilha. E tem-no
feito com personalidades musicais fortes. O duo privilegiado com a cantora
Maria João é um dos casos mais consistentes e originais da actual música
portuguesa. Mais uma vez, o jazz funciona aqui como uma rede, mas sem amarras:
há ecos africanos, brasileiros, indianos, da música tradicional portuguesa,
pop, rock, clássico... A parceria de Mário Laginha e Maria João originou uma
dezena de discos e a participação em alguns dos mais importantes festivais de
jazz do mundo.
No jazz, tinha um parceiro natural: Bernardo Sassetti. A mesma solidez de
formação e um disco gravado em conjunto. Pedro Burmester (com quem também tem
um disco gravado) tem sido a sua principal ponte com a música clássica, desde
finais dos anos oitenta. Laginha leva a sua bagagem musical para um repertório
do século XX, oferecendo-lhe um forte sentido rítmico. Sem improvisações,
porque também sabe ser fiel à partitura.
“A menina e o piano”, por
Mário Laginha e Bernardo Sassetti
Sem comentários:
Enviar um comentário