No dia 28 de Março de 1943, morreu em Beverly Hills, na Califórnia, apenas alguns dias antes de seu 70º aniversário, o compositor, pianista e maestro Sergei Rachmaninov. Tinha nascido no dia 1 de Abril de 1873, em Semyonovo, perto de Novgorod, no noroeste da Rússia.
Os pais eram ambos pianistas amadores e teve as
primeiras lições de piano com a mãe, mas ninguém lhe notou nenhum talento
extraordinário. Por causa de problemas financeiros, a família mudou-se para São
Petersburgo, onde Rachmaninov estudou no Conservatório da cidade antes de ir
para Moscovo estudar piano, harmonia e contraponto. Além de compositor, é
considerado um dos pianistas mais influentes do Século XX. Os seus trejeitos
técnicos e rítmicos são lendários e as suas mãos largas eram capazes de cobrir
um intervalo de uma 13ª no teclado.
A reputação de Rachmaninoff como compositor tem gerado alguma controvérsia. A
edição de 1954 do Dicionário de Música e Músicos da Grove desprezou a sua
música como "monótona em textura... consistindo principalmente de melodias
artificiais e feias" e previu o seu sucesso como "não
duradouro". A isto, Harold Schonberg no seu livro “Vidas dos Grandes
Compositores”, respondeu, "é uma das
colocações mais vergonhosamente snobes e mesmo estúpidas a ser encontrada num
trabalho que se propõe ser uma referência objectiva". De facto, não
apenas os trabalhos de Rachmaninoff se tornaram parte do repertório padrão, mas
a sua popularidade, tanto entre músicos como entre ouvintes, tem vindo, no
mínimo, a crescer desde a segunda metade do séc. XX.
Em 1904, depois de várias apresentações como maestro, Rachmaninov desempenhou o
cargo de maestro do Teatro Bolshoi. Em 1906, foi para a Itália, onde se manteve
até Julho. Passou os três invernos seguintes em Dresden, na Alemanha,
trabalhando intensivamente como compositor. Em 1909, fez as primeiras
apresentações nos Estados Unidos como pianista, um evento para o qual compôs o
Concerto para Piano nº 3. Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma
figura popular na América.
Após a Revolução Russa de 1917, juntamente com a mulher e duas filhas, deixou
S. Petersburgo e foi para Estocolmo. Nunca mais regressariam a casa.
Rachmaninov estabeleceu-se na Dinamarca e passou um ano a dar concertos pela
Escandinávia. Saiu de Oslo para Nova Iorque, no dia 1 de Novembro de 1918, o
que marcou o início do período americano da vida do compositor. Após ter
deixado a Rússia, a sua música foi banida na União Soviética por muitos anos.
Rachmaninov e a sua mulher tornaram-se cidadãos americanos no dia 1 de
Fevereiro de 1943. Deu o seu último recital a 17 de Fevereiro desse ano, no
Alumni Gymnasium, da Universidade de Tennessee, em Knoxville, profeticamente
interpretando a Sonata nº 2 em si bemol menor, de Chopin, que inclui a famosa
marcha fúnebre. Uma estátua comemorativa do seu último concerto existe no Parque
da Feira Mundial, em Knoxville.
Rachmaninov morreu no dia 28 de Março de 1943, em Beverly Hills, na Califórnia,
apenas alguns dias antes de seu 70º aniversário. Nas horas finais da sua vida,
insistia que estava a ouvir música a tocar algures por perto. Depois de ser
repetidamente assegurado de que não era o caso, declarou: "Então a música está na minha cabeça".
"Vocalise",
op. 34, nº 14, de Rachmaninoff
Soprano: Kiri Te Kanawa
Soprano: Kiri Te Kanawa
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