segunda-feira, 31 de março de 2014

Franz Joseph Haydn - O pai da sinfonia clássica e do quarteto de cordas

No dia 31 de Março de 1732 nasceu em Rohrau, uma aldeia do sul da Áustria, o compositor Franz Joseph Haydn.


Desde muito cedo os pais de Haydn aperceberam-se dos dotes musicais do filho e, compreendendo que se ficasse em Rohrau não poderia desenvolver-se no mundo da música, deixaram-no ir viver com Johann Franck, mestre de capela em Hainburg. Tinha seis anos de idade e nunca mais voltou a viver com os pais.
A vida na casa de Franck não foi fácil. Passou fome e humilhações, mas aprendeu a tocar cravo e violino e, como tinha uma bela voz infantil, começou a cantar na secção de soprano no coro da igreja. Em 1740, Georg von Reutter, director de música na catedral vienense de Santo Estêvão, impressionou-se com a musicalidade de Haydn e levou-o para Viena, onde trabalhou durante os nove anos seguintes como cantor.
Em 1749, com 18 anos, deixou de ter voz para cantar e foi expulso. Sem trabalho e na pobreza, chegando mesmo a dormir na rua, foi lançado na boémia vienense, como músico ambulante. Durante este período, que durou cerca de dez anos, Haydn acabou por penetrar nos meios intelectuais e desenvolveu várias actividades, entre as quais, a de secretário do então famoso compositor italiano Nicola Porpora, com quem acabou por aprender os fundamentos de composição.
Por volta de 1781, conheceu e estabeleceu uma sólida amizade com Wolfgang Amadeus Mozart. Haydn, que era 24 anos mais velho que Mozart, considerava-o um génio e, por sua vez, Mozart venerava Haydn como modelo e mestre e chamava-lhe “papá”, “guia” e “melhor amigo”.
Durante grande parte do séc. XIX e da 1ª metade do séc. XX, houve a ideia de que Haydn teria sido pouco mais que um percursor de Mozart e Beethoven. Tocavam-se algumas das suas sinfonias (mais de cem), quartetos de cordas, sonatas para piano e outras obras, mas ignorava-se a maior parte da sua música. Mas hoje é unanimemente reconhecida toda a sua imensa originalidade e a influência que exerceu nos músicos da posteridade.
A partir de 1802, Haydn começa a dar sinais de debilidade física e fica impossibilitado de compor. Veio a falecer na sua casa, em Viena, no dia 31 de Maio de 1809, durante um violento bombardeamento, na véspera da tomada de Viena pelo exército de Napoleão.
1º andamento do Concerto para trompete e orquestra, de Haydn
Orquestra Filarmónica de Munique
Trompete: Maurice André

domingo, 30 de março de 2014

Pietro Antonio Locatelli - Compositor e violinista italiano

No dia 30 de Março de 1764 faleceu, em Amesterdão, o compositor e violinista italiano Pietro Antonio Locatelli, do qual se diz que nunca tocou uma nota errada no violino, excepto uma vez em que o seu dedo mindinho ficou preso na ponte do instrumento. Tinha nascido a 3 de Setembro de 1695, em Bergamo, na Itália.


Considerado um menino-prodígio no violino, foi estudar para Roma, sob a direcção de Arcangelo Corelli. A maioria das suas obras foi escrita para o violino, instrumento no qual o compositor era virtuoso. A sua obra mais importante é, provavelmente, “A Arte do violino”, publicada em Amesterdão em 1733. É uma colecção de doze concertos para violino que incorporam vinte e quatro caprichos, tecnicamente muito difíceis de tocar e que são inseridos no 1º e último andamento dos concertos, como uma espécie de cadência.
As primeiras obras de Locatelli mostram influência de Arcangelo Corelli, enquanto as últimas estão mais próximas de Vivaldi. Sabe-se pouco acerca das actividades deste compositor, excepto o facto de ser ter fixado em Amesterdão, em 1729, onde veio a falecer. Para além das obras destinadas ao violino, deixou para a posteridade, sonatas para trio, concertos grossos, uma sonata para violoncelo e uma série de sonatas para flauta.
Concerto para violino, op. 3, nº 12, de Locatelli

sábado, 29 de março de 2014

Carl Orff – Compositor alemão

No dia 29 de Março de 1982, morreu, em Munique, o compositor alemão Carl Orff. Tinha nascido na mesma cidade, a 10 de Julho de 1895.


Sendo um dos mais destacados compositores do século XX, a sua maior contribuição deve-se, contudo, à sua influência na pedagogia da música, ao criar o instrumental Orff, um método de ensino musical baseado na percussão. Em 1925, criou um centro de educação musical para crianças e leigos, no qual trabalhou até à data do seu falecimento. Entre as suas obras destaca-se a cantata “Carmina Burana”.
Orff recusava-se a falar publicamente sobre o seu passado. No entanto, sabe-se que nasceu em Munique e que veio de uma família da Bavária muito activa na vida militar alemã. A banda de regimento do seu pai tocava frequentemente as composições do então jovem Orff.
A partir de 1925, e até ao fim da vida, foi chefe de um departamento e co-fundador do Guenther School, para actividades físicas, música e dança, em Munique, onde trabalhou com principiantes em música. Foi nesse período e devido ao contacto permanente com crianças que desenvolveu as suas teorias em educação musical.
Embora a associação de Carl Orff com o nazismo nunca tenha sido comprovada, a cantata “Carmina Burana” era muito popular na Alemanha nazi, depois da sua apresentação em Frankfurt, em 1937. O compositor era amigo de Kurt Huber, um dos fundadores do movimento de resistência “Die Weiße Rose” (A rosa branca), que foi condenado à morte e executado pelos nazis em 1943. Depois da Segunda Guerra Mundial, Orff alegou ter sido membro daquele grupo, tendo-se envolvido na resistência.
“Fortuna Imperatrix Mundi”, da cantata “Carmina Burana”, de Carl Orff
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro: Seiji Osawa

sexta-feira, 28 de março de 2014

Sergei Rachmaninoff - Compositor, pianista e maestro russo

No dia 28 de Março de 1943, morreu em Beverly Hills, na Califórnia, apenas alguns dias antes de seu 70º aniversário, o compositor, pianista e maestro Sergei Rachmaninov. Tinha nascido no dia 1 de Abril de 1873, em Semyonovo, perto de Novgorod, no noroeste da Rússia.


Os pais eram ambos pianistas amadores e teve as primeiras lições de piano com a mãe, mas ninguém lhe notou nenhum talento extraordinário. Por causa de problemas financeiros, a família mudou-se para São Petersburgo, onde Rachmaninov estudou no Conservatório da cidade antes de ir para Moscovo estudar piano, harmonia e contraponto. Além de compositor, é considerado um dos pianistas mais influentes do Século XX. Os seus trejeitos técnicos e rítmicos são lendários e as suas mãos largas eram capazes de cobrir um intervalo de uma 13ª no teclado.
A reputação de Rachmaninoff como compositor tem gerado alguma controvérsia. A edição de 1954 do Dicionário de Música e Músicos da Grove desprezou a sua música como "monótona em textura... consistindo principalmente de melodias artificiais e feias" e previu o seu sucesso como "não duradouro". A isto, Harold Schonberg no seu livro “Vidas dos Grandes Compositores”, respondeu, "é uma das colocações mais vergonhosamente snobes e mesmo estúpidas a ser encontrada num trabalho que se propõe ser uma referência objectiva". De facto, não apenas os trabalhos de Rachmaninoff se tornaram parte do repertório padrão, mas a sua popularidade, tanto entre músicos como entre ouvintes, tem vindo, no mínimo, a crescer desde a segunda metade do séc. XX.
Em 1904, depois de várias apresentações como maestro, Rachmaninov desempenhou o cargo de maestro do Teatro Bolshoi. Em 1906, foi para a Itália, onde se manteve até Julho. Passou os três invernos seguintes em Dresden, na Alemanha, trabalhando intensivamente como compositor. Em 1909, fez as primeiras apresentações nos Estados Unidos como pianista, um evento para o qual compôs o Concerto para Piano nº 3. Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma figura popular na América.
Após a Revolução Russa de 1917, juntamente com a mulher e duas filhas, deixou S. Petersburgo e foi para Estocolmo. Nunca mais regressariam a casa. Rachmaninov estabeleceu-se na Dinamarca e passou um ano a dar concertos pela Escandinávia. Saiu de Oslo para Nova Iorque, no dia 1 de Novembro de 1918, o que marcou o início do período americano da vida do compositor. Após ter deixado a Rússia, a sua música foi banida na União Soviética por muitos anos.
Rachmaninov e a sua mulher tornaram-se cidadãos americanos no dia 1 de Fevereiro de 1943. Deu o seu último recital a 17 de Fevereiro desse ano, no Alumni Gymnasium, da Universidade de Tennessee, em Knoxville, profeticamente interpretando a Sonata nº 2 em si bemol menor, de Chopin, que inclui a famosa marcha fúnebre. Uma estátua comemorativa do seu último concerto existe no Parque da Feira Mundial, em Knoxville.
Rachmaninov morreu no dia 28 de Março de 1943, em Beverly Hills, na Califórnia, apenas alguns dias antes de seu 70º aniversário. Nas horas finais da sua vida, insistia que estava a ouvir música a tocar algures por perto. Depois de ser repetidamente assegurado de que não era o caso, declarou: "Então a música está na minha cabeça".
"Vocalise", op. 34, nº 14, de Rachmaninoff
Soprano: Kiri Te Kanawa

quinta-feira, 27 de março de 2014

Mstislav Rostropovich – Violoncelista e maestro russo

No dia 27 de Março de 1927 nasceu, em Baku, capital do Azerbaijão, o violoncelista e maestro russo Mstislav Rostropovich.


Começou a aprender piano aos quatro anos e, aos oito, o pai foi o seu primeiro professor de violoncelo. Teve uma passagem brilhante pelo Conservatório de Moscovo: o jovem Slava, nome pelo qual Rostropovich era conhecido pelos amigos, foi aluno de Prokofiev e Shostakovich, ganhou concursos e figurou em circuitos de programação.
É quase unanimemente apontado como o maior violoncelista do séc. XX, com uma “aura” a que só se compara a do mítico catalão Pau Casals. Deu-se mal com o regime soviético: depois da contestação que fez ao regime, a propósito dos direitos humanos e do seu apoio a dissidentes (como o escritor Aleksandr Solzhenitsyn) fugiu da União Soviética, onde só regressou na “era Gorbachev” – e como cidadão americano. Tinha perdido a nacionalidade soviética em 1978, quatro anos depois de ter fugido.
Dedicando-se cada vez mais à direcção de orquestra, assumiu, em 1977, a da Orquestra Sinfónica Nacional, de Washington, integrando no seu repertório obras do século XX, muitas compostas para ele. Disso são exemplos as obras de compositores como Benjamin Britten, Sergei Prokofiev ou Dmitri Shostakovich. Rostropovich actuou com frequência em duo com músicos lendários como Yehudi Menuhin, Vladimir Horowitz ou David Oistrak, em diversos palcos internacionais, entre os quais figuram, desde 1990, os de alguns países do Leste Europeu. Mstislav Rostropovich faleceu no dia 27 de Abril de 2007, em Moscovo.

Prelúdio da Suite nº 1, para violoncelo, de Johann Sebastian Bach
Violoncelo: Mstislav Rostropovich

quarta-feira, 26 de março de 2014

Pierre Boulez – Compositor e maestro francês

No dia 26 de Março de 1925, nasceu, em Montbrison, na França, o maestro e compositor Pierre Boulez, uma das maiores figuras da música do Século XX.


É um dos líderes do modernismo musical do pós-guerra. As suas composições têm uma cultura musical rica e a defesa que fez da música moderna e pós-moderna tem sido decisiva para muitos.
Inicialmente, estudou matemática em Lyon, antes de se dedicar à música no Conservatório de Paris, sob a direcção de Olivier Messiaen. De 1976 a 1995, ocupou a Direcção de Criação, Técnica e Linguagem na Música no prestigiado Collège de France. Como investigador, fundou o Instituto de Pesquisa para a Coordenação Acústica-Música. Em 2002, foi agraciado com o célebre Prémio Glenn Gould, pelo seu contributo para a música moderna.
Mas o nome de Pierre Boulez é mundialmente famoso, acima de tudo, como maestro. Clareza, precisão, agilidade rítmica e respeito pelas intenções do compositor anotadas na partitura são as características do seu estilo de conduzir – sempre sem batuta e apenas com as mãos. Particularmente distinguido como intérprete de grandes clássicos do séc. XX (Débussy, Mahler, Schonberg, Stravinsky, Bartók), incluiu no seu principal repertório igualmente Beethoven, Berlioz, Schumann e Richard Wagner. E estendeu a sua atenção pelos modernos ao próprio Frank Zappa…
Dirigiu a maioria das grandes orquestras sinfónicas do mundo, desde os finais dos anos 50. Na década de 70 foi ao mesmo tempo Maestro Principal da Orquestra Sinfónica da BBC e Director Musical da Filarmónica de Nova Iorque. Já no séc. XXI é o principal Maestro Convidado da Orquestra Sinfónica de Chicago, de que é Dirigente Emérito.
Excerto do Concerto nº 20, K. 466, de Mozart
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro: Pierre Boulez
Piano: Maria João Pires

terça-feira, 25 de março de 2014

Arturo Toscanini – Maestro italiano

No dia 25 de Março de 1867 nasceu, em Parma, na Itália, o maestro Arturo Toscanini, considerado por muitos críticos e músicos como o melhor maestro que o mundo já conheceu.


Estudou violoncelo no Conservatório de Parma e tornou-se violoncelista da orquestra do Teatro alla Scala de Milão. Em 1886, quando Toscanini completava apenas dezanove anos de idade, a Orquestra do Teatro alla Scala fez uma digressão pelo Brasil. O destino do violoncelista viria a mudar quando, certa noite, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, durante uma apresentação da Aida de Verdi, o maestro foi vaiado. Convidado a subir ao pódio, Toscanini dirigiu uma Aida tão magnífica que foi aplaudido estrondosamente pelo público do Rio, considerado então como um dos centros mundiais da ópera. Jornais do mundo inteiro noticiaram o evento de tal forma, que o maestro se tornou numa figura de destaque internacional.
Toscanini dirigiu a estreia mundial de várias óperas de Puccini e estabeleceu-se em Nova Iorque, onde se tornou maestro do Metropolitan Opera House e da Orquestra Sinfónica de Nova Iorque. A Orquestra Sinfónica da NBC foi criada, para ele, em 1937. Durante várias décadas, Arturo Toscanini "reinou" na cidade norte-americana, que, graças à presença do maestro, ganhou destaque no mundo da música erudita. Toscanini era francamente anti-fascista. Chegou a afirmar certa vez: “Abram as portas das prisões, soltem todos os criminosos. Não encontrarão nenhum bandido pior que Mussolini.” Arturo Toscanini morreu em Nova Iorque, no dia 16 de Janeiro de 1957.
Abertura da ópera “Tannhauser”, de Wagner
Orquestra Sinfónica da NBC
Maestro: Arturo Toscanini

segunda-feira, 24 de março de 2014

Enrique Granados – Pianista e compositor espanhol

No dia 24 de Março de 1916 morreu o pianista e compositor espanhol Enrique Granados. Tinha nascido em 1867, na cidade catalã de Lérida.


Teve em vida grande sucesso, logo desde quando, aos 16 anos, ganhou um importante prémio com a interpretação da Sonata para Piano nº 2 de Schumann. O seu talento como pianista valeu-lhe começar a dar concertos públicos e deslocar-se depois para Paris para continuar os estudos. Por lá conheceu Debussy, Ravel e Saint-Saëns e aprendeu muito durante 3 anos – e regressou em boa hora à sua Catalunha.
Em Barcelona, foi muito aclamado como concertista. E depressa ganharam popularidade as suas composições – principalmente as canções para voz e piano e as diversas obras para piano que escreveu. A sua obra-prima, a suite para piano "Goyescas", escrita em 1911, por inspiração em quadros de Goya (e muito influenciada por Liszt) caiu nas graças da Academia Nacional de Música de Paris, que lhe propôs transformar as Goyescas numa grande ópera. Estalou entretanto a Grande Guerra e o projecto ficou adiado.
A ópera viria a surgir na América. Granados cedeu a obra ao Metropolitan Opera House de Nova Iorque, que a levou à cena em 1916, sob a direcção do próprio compositor. Mas esta estreia foi fatídica para Enrique Granados. No regresso de Nova Iorque, o navio em que viajava foi bombardeado por um submarino alemão. O compositor e a sua mulher morreram afogados no Canal da Mancha.
Para a História ficaram as magníficas composições de Enrique Granados. Para além das Goyescas, o compositor tem sido muito lembrado – e tocado – por causa das suas famosas Danças Espanholas. Perpetuadas por variadas interpretações de grandes guitarristas, as Danças Espanholas foram compostas para piano – afinal o instrumento de Granados.
Dança Espanhola nº 5, de Granados
Piano: Aldo Ciccolini

domingo, 23 de março de 2014

Norman Bailey – Barítono inglês e Cavaleiro do Império Britânico

No dia 23 de Março de 1933 nasceu, em Birmingham, na Inglaterra, o barítono Norman Bailey.


Depois da 2ª guerra mundial, emigrou para a África do Sul, com os pais. O seu talento foi reconhecido quando estudava na Universidade de Rhodes, em Grahamstown. Mais tarde, estudou canto em Viena de Áustria. O início da sua carreira foi passado na Áustria e na Alemanha, mas, depois, fixou-se na Inglaterra. Norman Bailey é mais conhecido pelas suas interpretações em óperas de Wagner.
As suas actuações no Metropolitan Opera de Nova Iorque originaram excelentes críticas e grande aceitação por parte do público. Também actuou na Royal Opera House, Covent Garden, em Londres e em muitas outras salas de ópera mundiais. A sua estreia na sala de ópera Glyndebourne, na Inglaterra, realizou-se aos 65 anos e celebrou o 75º aniversário interpretando o papel de Sarastro, na ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart, na cidade americana de Rexburg, no Idaho.
Em 1977 foi nomeado Cavaleiro do Império Britânico.
Ária “Di provenza il mar il suol”, da ópera “La Traviata”, de Verdi
Barítono: Norman Bailey

sábado, 22 de março de 2014

Stephen Sondheim - O maior compositor vivo de musicais americanos

No dia 22 de Março de 1930 nasceu, em Nova Iorque, Stephen Sondheim, o maior compositor vivo de musicais americanos.


Desde os anos 50 que se dedicou à escrita de letras e músicas para o teatro. O jornal “The New York Times” já o considerou como “o maior e talvez o mais conhecido artista do teatro musical americano”. A sua importância é tão grande, que foi o único compositor a ganhar sete vezes o Tony, o prémio americano para o teatro, além de um Óscar (pela Melhor Canção, no filme Dick Tracy, de 1990), inúmeros Grammy e um Prémio Pulitzer.
A infância de Sondheim foi atribulada. Os pais não lhe ligavam muito e, quando tinha dez anos, o pai abandonou a família. Sondheim chegou mesmo a odiar a mãe. Um dia uma amiga ofereceu-lhe um prato. Escreveu uma nota de agradecimento, onde se lia: “Obrigado pelo prato, mas onde está a cabeça da minha mãe?” Quando a mãe morreu, na primavera de 1992, Stephen Sondheim nem sequer foi ao funeral.
“Anyone can whistle”, de Stephen Sondheim
Voz: Cleo Lane
Flauta: James Galway
Orquestra Pops de Boston
Maestro: John Williams

sexta-feira, 21 de março de 2014

Johann Sebastian Bach - Organista e compositor alemão do período barroco

No dia 21 de Março de 1685 nasceu, em Eisenach, o organista e compositor alemão Johann Sebastian Bach, mestre na arte da fuga, do contraponto e da música coral.

Embora pouco reconhecido na altura em que viveu tornou-se num dos mais famosos compositores da história da música ocidental. Só se tornou conhecido depois de Felix Mendelssohn, já no séc. XIX, ter divulgado a sua obra, até então bastante esquecida. Posteriormente, Hans von Bülow faz referência a Bach como um dos "três bês da música", sendo os outros dois Beethoven e Brahms, e considera “O Cravo Bem Temperado” como o Antigo Testamento da Música.
Uma das grandes características de Bach é o domínio de complexos e engenhosos contrapontos, como demonstra em obras como “O Cravo Bem Temperado” e “A Arte da Fuga”. Entre as obras corais de Bach destacam-se a “Paixão segundo São Mateus” e a “Paixão segundo São João”, escritas para as cerimónias de Sexta-feira Santa, e a “Oratório de Natal”, um conjunto de seis cantatas para uso na época do Natal.
Em 1708, Bach foi nomeado organista da Corte e, em 1714, director de orquestra na corte do duque Wilhelm Ernst, em Weimar. De 1717 a 1723, foi mestre de capela na corte do príncipe Leopoldo. A partir de 1723 e até à sua morte, foi Director Musical na igreja luterana de São Tomás, em Leipzig.
Depois de uma fracassada operação aos olhos, Bach foi ficando cego até perder totalmente a visão. Actualmente crê-se que a sua cegueira foi originada por diabetes. Johann Sebastian Bach morreu, em Leipzig, no dia 28 de Julho de 1750.

“Wachet Auf" da Cantata BWV 140
Royal Philharmonic Orchestra
Maestro: Andrew Litton

quinta-feira, 20 de março de 2014

Sviatoslav Richter – Pianista ucraniano

No dia 20 de Março de 1915 nasceu em Zhitomir, na Ucrânia, o pianista Sviatoslav Richter, considerado um dos maiores pianistas clássicos de todos os tempos.


Filho de uma russa e de um alemão, tinha um espírito independente, preferindo seguir os seus instintos a aprender com outros pianistas e, por isso, as suas interpretações são únicas. A obsessão pela qualidade e perfeccionismo tornou-o num crítico feroz, sobretudo de si próprio. Ainda criança, teve as primeiras lições de música dadas pelo pai, Theophile, que era organista. Desde cedo, mostrou-se autodidacta e assim foi desenvolvendo a sua técnica excepcional, tocando as músicas de que mais gostava. Aos oito anos, tocava passagens de óperas (principalmente de Wagner, Tchaikovsky e Verdi), hábito que manteria, quando adulto, em reuniões informais com amigos. O instrumento que mais o apaixonava era a voz – e fez-se pianista acompanhador, na Ópera de Odessa. Tinha então 15 anos. Depois, o célebre Prof. Heinrich Neuhaus desanimou com a indisciplina e a irreverência dele no Conservatório de Moscovo. Mas Sviatoslav ganhou todos os primeiros prémios de piano.
Cresceu em Odessa onde o pai leccionava no Conservatório. Convivia com Emil Gilels e David Oistrakh, dos quais, futuramente, se tornaria parceiro de concertos. A sua primeira apresentação em público aconteceu a 19 de Fevereiro de 1934, em Odessa. O repertório incluía obras de Chopin, todas de grande dificuldade. O recital foi um sucesso e a carreira de Richter como virtuoso tinha começado. Deu vários concertos pela Europa e Estados Unidos, mas preferia actuar para o público do Leste Europeu, apesar de mais mal pago. Dizia: "prefiro o entusiasmo das plateias de Novokuznetsk às aclamações artificiais de um Carnegie Hall, de Nova Iorque". Ao piano, tocava com intensidade, com sinceridade, com liberdade de interpretação, com virtuosismo. Tocou piano durante 60 anos. Tocou tudo, tocou todos os compositores, tocou em todos os palcos e em todos os estúdios. Quando morreu, no dia 1 de Agosto de 1997, muitos disseram que nunca se tinha ouvido ninguém tocar assim. Talvez isto fosse um exagero, mas ninguém que goste de ouvir piano, de olhar as montras de grandes discotecas ou ler revistas musicais (mesmo que seja só a capa) ignora o nome do pianista Sviatoslav Richter.

1ª parte do Concerto nº 1, para piano e orquestra, de Liszt
Piano: Sviatoslav Richter

quarta-feira, 19 de março de 2014

Dinu Lipatti – Pianista e compositor romeno

No dia 19 de Março de 1917 nasceu, em Bucareste, na Roménia, o pianista Dinu Lipatti, considerado um dos mais perfeitos pianistas do séc. XX.


Apesar da sua curta carreira e das poucas gravações que nos deixou, é considerado um dos melhores pianistas do séc. XX. Nasceu num meio musical: o pai era violinista, a mãe pianista e o padrinho era o violinista e compositor George Enescu. Ficou em segundo lugar no concurso internacional de piano de Viena. Em protesto, Alfred Cortot demitiu-se do júri, porque achava que Dinu Lipatti devia ter ficado em primeiro lugar.
Depois de ter ganho o 2º prémio no concurso de Viena, foi para Paris, onde estudou com Cortot, Nadia Boulanger, Paul Dukas e Charles Münch. A sua carreira foi interrompida durante a segunda guerra mundial. Embora continuasse a dar concertos por toda a Europa, incluindo os territórios ocupados pelos Nazis, em 1943 fugiu da Roménia e fixou-se, com a sua mulher, em Génova, na Suíça, onde aceitou a posição de professor no conservatório. Foi nesta altura que se manifestaram os primeiros sinais de doença. No início, os médicos não sabiam bem de que doença se tratava, mas, em 1947, foi-lhe diagnosticada a doença de Hodgkin's. Como resultado, as suas actuações em público tornaram-se cada vez menos frequentes.
Lipatti deu o seu último recital em Besançon, no dia 16 de Setembro de 1950. Apesar da doença avançada, executou, brilhantemente, a Partita em si bemol maior, de Bach, a Sonata em lá menor de Mozart, os Impromptus em sol maior e em mi bemol maior de Schubert e treze das catorze valsas de Chopin. Excluiu a nº 2, porque estava demasiado exausto para a tocar. Em sua substituição, interpretou a transcrição de Myra Hess de “Jesus, alegria dos homens”, de Bach. Morreu três meses depois, no dia 2 de Dezembro de 1950, com apenas 33 anos. O poder, beleza e sinceridade das suas gravações continua a inspirar pianistas e amantes da música por esse mundo fora. Além de ser um magnífico pianista, Dinu Lipatti foi, também, compositor, que escreveu num estilo neo-clássico, com influências francesas e romenas. Em 1997, foi, postumamente, admitido como membro da Academia Romena.
1ª parte da Partita nº 1, em si bemol maior, BWV 825, de Johann Sebastian Bach
Piano: Dinu Lipatti

terça-feira, 18 de março de 2014

Rimsky-Korsakov - Militar, professor e compositor russo

No dia 18 de Março de 1844 nasceu, em Tikhvin, Novgorod, o professor e compositor russo Nikolai Rimsky-Korsakov.


Membro de uma família aristocrática, manifestou talento musical desde muito cedo: aos 6 anos de idade começou a ter aulas de piano e, aos 9 já compunha. Aos 12 anos, ingressou no Colégio Naval Imperial Russo de São Petersburgo e, posteriormente, na Marinha Russa. Foi membro do nacionalista Grupo dos Cinco, ao lado de Balakirev, Borodin, César Cui e Mussorgsky.
Apesar de ser autodidacta, em 1871 é nomeado professor de composição e orquestração do Conservatório de São Petersburgo. Entre os seus alunos figuram nomes como Glazunov, Liadov, Prokofiev, Respighi e Stravinsky. Durante os anos seguintes, estuda assiduamente instrumentação, harmonia e contraponto. Torna-se no mais sábio músico russo da sua geração Entre 1874 e 1881 desempenha o cargo de director de concertos do Conservatório Livre. Em 1883 e 1894 trabalha com Balakirev na Capela da Corte, onde estuda a música da Igreja Ortodoxa Russa.
Rimsky-Korsakov também gostava de praticar desporto. Dedicou-se à natação, que gostava de treinar no Verão dos mares siberianos. Apresentou-se como maestro por toda a Europa, incluindo Paris, durante a Exposição Universal de 1899. Em 1905 foi demitido das funções pedagógicas, depois de publicar uma carta de protesto, em que criticava as autoridades que administravam o Conservatório. Este acto gerou uma série de demissões imediatas, como as de Liadov e Glazunov. Com o escândalo, a instituição é completamente reorganizada sob o comando de Glazunov, que foi readmitido para dirigir o novo Conservatório de São Petersburgo.
Nos anos seguintes causa nova polémica com a publicação da ópera “O galo de ouro”, em que critica a monarquia russa de tal forma, que a ópera só pôde ser apresentada em 1909, após a morte do compositor. Korsakov também era famoso pelos seus hábitos excêntricos, como jogar futebol, no auge do inverno russo, nos lagos congelados de São Petersburgo. Vítima de angina, veio a falecer em Lyubensk, no dia 21 de Junho de 1908.
Rimsky-Korsakov renovou a grande música russa a partir do espírito do folclore nacional. Mas, embora rejeitando a “ocidentalização” de famosos compatriotas seus, como Tchaikovsky, não foi um nacionalista “fechado”: duas das suas maiores obras, o poema sinfónico “Sheherazade” e o Capricho Espanhol, op.34 traduzem bem o universalismo da sua composição.
Capricho Espanhol, op. 34, de Rimsky-Korsakov
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro-Zubin Mehta

segunda-feira, 17 de março de 2014

Estreia do Concerto nº 2, para piano, de Chopin

No dia 17 de Março de 1830. o compositor polaco Frédéric Chopin sentou-se ao piano para interpretar, pela 1ª vez, o seu concerto nº 2, para piano e orquestra.


O Concerto nº 2, em fá menor, op. 21, de Frédéric Chopin, foi composto em 1830, ainda antes de Chopin terminar a sua educação musical. O compositor tinha, então, 20 anos de idade. A sua estreia teve lugar em Varsóvia, na Polónia e o solista foi o próprio Chopin. Embora este concerto tivesse sido o primeiro a ser escrito, é conhecido como o nº 2, porque foi o segundo a ser publicado. Tem três andamentos, o que é típico dos concertos instrumentais daquela época.
No final, a certa altura os violinos têm a indicação de tocar “col legno”, isto é, com a parte da madeira do arco. O tema principal do 3º andamento, apresentado pelo piano, é o Chopin clássico – uma delicada melodia reminiscente de algumas das sua mazurkas. Na impossibilidade de ouvirmos Chopin ao piano, deixo-vos com uma pianista que interpretará o Concerto nº 2 tão bem ou melhor que o próprio compositor: a nossa Maria João Pires.
3º andamento do Concerto nº 2, para piano, de Chopin
Piano: Maria João Pires
Orquestra de Câmara da Europa
Maestro: Emmanuel Krivine

domingo, 16 de março de 2014

Christa Ludwig - Mezzo-soprano alemã

No dia 16 de Março de 1928 nasceu, em Berlim, no seio de uma família musical, a mezzo-soprano alemã Christa Ludwig, já aposentada, e cuja carreira se expandiu desde a década de 1940 até ao início dos anos 90, do séc. XX.


A primeira professora de canto de Ludwig foi a sua própria mãe. Estreou-se em 1946, com dezoito anos, na ópera “O Morcego”, de Johann Strauss, em Frankfurt, onde cantou até 1952, ano em que se tornou membro da Ópera de Darmstadt. Em 1954 e 55, cantou na Ópera Estatal de Hannover. Também trabalhou na Ópera Estatal de Viena, em 1955, onde se tornou a principal artista e actuou durante mais de trinta anos. Em 1954, estreou-se no Festival de Salzburgo, onde apareceu regularmente até 1981. Estreou-se no Festival de Bayreuth em 1966.
Em 1960, Christa Ludwig interpretou Adalgisa, ao lado de Maria Callas, na ópera “Norma” de Bellini. Em 1959 estreou-se nos Estados Unidos, na Ópera Lírica de Chicago e, no mesmo ano, fez a sua estreia no Metropolitan, onde actuou cento e vinte e uma vezes, até 1993. No Royal Opera House, Covent Garden, em Londres, apareceu pela primeira vez, em 1969. A última actuação de Christa Ludwig foi na Ópera Estatal de Viena, em 1994, na interpretação de Elektra, de Richard Strauss.
Ária "Mon coeur s'ouvre a ta voix", da ópera “Sansão e Dalila”, de Saint-Saens
Mezzo-soprano: Christa Ludwig

sábado, 15 de março de 2014

Luigi Cherubini - Um dos maiores compositores dramáticos do seu tempo

No dia 15 de Março de 1842 faleceu, em Paris, o compositor italiano Luigi Cherubini. Tinha nascido a 14 de Setembro de 1760, em Florença.


Aos seis anos, começou a aprender música com o pai, que era cravista e, aos dezasseis, já tinha escrito várias composições religiosas. Entre 1778 e 1780, estudou em Veneza, Bolonha e Milão. Em 1784, apresentou quatro óperas em Londres sem grande sucesso, no entanto, ocupou o cargo de compositor do rei da Inglaterra durante um ano. Em 1786, instalou-se em Paris e alterou o seu estilo de composição musical, inspirando-se em Gluck. Em 1805, apresentou, em Viena, a ópera Faniska, que obteve imenso sucesso e que foi apreciada por Haydn e Beethoven.
Em 1786, Cherubini instalou-se definitivamente em Paris. Aí, exerceu vários cargos: director do Théâtre de Monsieur, nas Tulherias, inspector de ensino do Instituto Nacional de Música (posteriormente, Conservatório de Paris), superintendente da capela de Luís XVII e professor de composição e director do Conservatório de Paris. Compôs várias missas, motetos, dezassete cantatas, um grande número de óperas, das quais se destaca Medea, e dois requiems.
“Dies Irae”, do Requiem em dó menor, de Cherubini
Coro da Rádio de Belgrado
Orquestra Sinfónica da Radiodifusão de Ljubljana
Maestro: Marko Munih

sexta-feira, 14 de março de 2014

Georg Philipp Telemann - Um dos mais prolíficos compositores do barroco alemão

No dia 14 de Março de 1681 nasceu, em Magdeburgo, o compositor alemão Georg Philipp Telemann.


Já aos dez anos, sabia tocar vários instrumentos e escrevia diversas obras. Aos 21, tornou-se director musical da ópera de Leipzig e, aos 23, tornou-se organista de uma igreja. Homem de grande amor à sabedoria e vontade férrea, foi autodidacta, mas estudou letras e ciências na Universidade de Leipzig. Das muitas viagens que fez, apreendeu os diferentes estilos musicais da época e aproveitou-os na sua própria criação de compositor. Além de trabalhar intensamente na composição, ocupou uma série de cargos importantes no domínio da música. Foi director musical das cinco maiores igrejas de Hamburgo, até que morreu.
Esse cargo foi depois ocupado pelo seu afilhado, Carl Phillipp Emanuel Bach, um dos 20 filhos de Mestre Johann Sebastian.
Enquanto o seu amigo e compadre Johann Sebastian Bach desenvolvia a composição musical, na prática como na teoria, Telemann tornava-se conhecido pela facilidade e habilidade que tinha a criar novas composições. Tantas, que nunca foi capaz de saber ao certo quantas obras eram. O Livro Guinness de Recordes Mundiais lista Telemann como o compositor mais prolífico de todos os tempos, com mais de 800 trabalhos creditados. Estudos mais recentes têm demonstrado que, na realidade, escreveu mais de 3.000 composições, muitas das quais estão agora perdidas.
Faleceu em Hamburgo, no dia 5 de Junho de 1767.
Final da Sonata em ré maior, para trompete, de Telemann
Trompete: Maurice André

quinta-feira, 13 de março de 2014

Hugo Wolf – Compositor austríaco

No dia 13 de Março de 1860, nasceu, em Windischgrätz, o compositor austríaco Hugo Wolf.


Aos 4 anos, começou a estudar piano e violino com o pai e na escola primária estudou piano e teoria musical. A sua vida não foi fácil. Foi expulso da escola secundária, por inadaptação. Estudou no Conservatório de Viena, mas foi expulso por indisciplina. Com poucos recursos financeiros, sobreviveu dando aulas de piano e não compunha com regularidade, alternando períodos de intensa produção com outros de completa esterilidade. Na maturidade musical desgastou muito o seu prestígio com as obstinadas quezílias com Johannes Brahms, a quem considerava um compositor retrógrado. Essa terá sido uma forte razão para não ter conseguido sucesso na época.
Admirador incondicional de Richard Wagner, Wolf dedicou uma importante parte da sua obra à composição de lieder. Continuou e desenvolveu a tradição dos lieder de Schubert e Schumann, dando às suas canções um cunho marcadamente mais moderno. Mais do que a composição da ópera “O Corregedor”, de música coral e de um quarteto para cordas, foram os lieder que o tornaram um nome de vulto na História da Música.
O internamento num hospital psiquiátrico aos 38 anos e a morte precoce, aos 42, no dia 22 de Fevereiro de 1903, interromperam uma excepcional produção de um dos maiores compositores do género.
Serenata Italiana, de Hugo Wolf
Orquestra de Câmara de Mechelen
Maestro: Tom Van den Eynde

quarta-feira, 12 de março de 2014

Yehudi Menuhin - Violinista e maestro

No dia 12 de Março de 1999 morreu, em Berlim, devido a complicações derivadas de bronquite, o violinista e maestro, de várias nacionalidades, Yehudi Menuhin. Tinha nascido no dia 22 de Abril de 1916, em Nova Iorque.

Nascido americano, filho de judeus russos, agraciado com a cidadania e o título de “Sir” em Inglaterra, nacionalizado suíço, Menhuin morreu na Alemanha, com 83 anos de idade e 80 de prática do violino, que levou a quase todo o mundo, desde os campos de concentração nazis, em que fez questão de ser o primeiro a tocar para comemorar o final da guerra e do cativeiro judeu, até à Ásia, onde os seus magistrais concertos despertaram para a música erudita milhões de jovens, desde o Japão a Hong Kong e de Taiwan a Singapura.
Foi membro de uma verdadeira “dinastia” da cultura judaica (o pai era rabino e escritor anti-sionista e a irmã Hephzibah Menhuin líder de luta pelos direitos humanos, além de notável pianista, e o irmão Yaltah Munhuin destacado pintor, poeta e pianista também).
Fundou escolas de música para jovens talentos, deu nome ao Concurso Internacional Menhuin para Jovens Violinistas, à Fundação Yehudi Menhuin e ao Centro Yehudi Menhuin na Suiça.
Começou a ter lições de violino aos 3 anos e, muito cedo, demonstrou um extraordinário talento. Mais tarde estudou com o compositor e violinista romeno George Enescu. Fez a sua estreia aos dez anos, com a Orquestra Sinfónica de S. Francisco, interpretando a Sinfonia Espanhola, de Edouard Lalo.
Em 1929, tocou em Berlim, sob a batuta de Bruno Walter, três concertos de Bach, Brahms e Beethoven. Albert Einstein assistiu a esse concerto e, no fim, teria exclamado: “Agora sei que Deus existe.”. Em 1932, gravou o Concerto para Violino em si menor, de Elgar, com o próprio compositor à frente da orquestra. Yehudi Menuhin actuou para as tropas aliadas durante a 2ª guerra mundial e, com o compositor Benjamin Britten, deu concertos para os reclusos do campo de concentração de Bergen-Belsen, depois da sua libertação, em 1945.
Regressou à Alemanha, em 1947, para actuar com a Orquestra Filarmónica de Berlim, sob a direcção do maestro Wilhelm Furtwängler, como um acto de reconciliação, tornando-se no primeiro judeu a fazê-lo, depois do holocausto. Disse a críticos na comunidade judaica que queria reabilitar a música e o espírito da Alemanha.
Yehudi Menuhin ensinou discípulos que se tornaram célebres na música erudita, ao mesmo tempo que fazia gravações com jazzistas como Stephane Grappelli ou com músicos orientais como Ravi Shankar.


3º andamento do Concerto nº 1, para violino, de Paganini
Violino: Yehudi Menuhin
Orquestra Sinfónica de Paris
Maestro: Pierre Monteux

terça-feira, 11 de março de 2014

Astor Piazzolla - Bandoneonista e compositor argentino

No dia 11 de Março de 1921 nasceu, em Mar del Plata, na Argentina, o bandoneonista e compositor Astor Piazzolla que, sendo um grande inovador da música e do tango, transferiu este género musical dos clubes e boites de Buenos Aires para auditórios de concerto.


Aos treze anos foi para Nova Iorque, onde foi escolhido para um papel no filme “El Dia Que Me Quieres”, em que Carlos Gardel era o protagonista. Quando regressou à Argentina, tocou na famosa banda de Anibal Troilo. Aquando da morte de Troilo, em 1975, Piazzolla compôs o tema Suite Troileana. Devido à situação política na Argentina, partiu para Paris, em 1970. Em 1976, forma o Quinteto Tango Nuevo. Nesse mesmo ano recebeu uma bolsa de estudos para continuar a sua instrução com Nadia Boulanger, em Paris. Boulanger encorajou-o a dedicar-se exclusivamente ao tango.
O tango de Piazzolla não é só música de dança. Tem influências do jazz e da música clássica e é mais apropriado para grandes auditórios do que para salões de dança. Estabeleceu uma nova linguagem para o tango e quando os mais ortodoxos, durante a década de 60, bradaram que a música dele não era, de facto, tango, respondia-lhes que era música contemporânea de Buenos Aires. E durante os anos que até hoje decorreram, tem sido a música que mais se associa à capital argentina. Para além de composições para concerto e música para mais de quarenta filmes, Piazzolla compôs numerosas obras mais curtas que muitos não classificam como tango.
Astor Piazzolla morreu no dia 4 de Julho de 1992, em Buenos Aires, depois de muitos problemas cardíacos. Deixou uma discografia invejável, tendo gravado com grandes músicos internacionais. Algumas das suas composições mais famosas, como "Libertango" e "Adios Nonino", fazem parte do repertório de orquestras de todo o mundo.
Adios Nonino, de Astor Piazzolla
Orquestra Sinfónica da Rádio de Colónia
Bandoneon: Astor Piazzola

segunda-feira, 10 de março de 2014

Pablo de Sarasate – Sucessor de Paganini

No dia 10 de Março de 1844 nasceu em Navarra, o compositor espanhol Pablo de Sarasate.


Sendo ele próprio um dos mais virtuosos violinistas de todos os tempos, as suas composições, normalmente peças de recital para violino, exigem grande técnica e interpretação apaixonada. Começou a estudar o instrumento, com o pai, aos cinco anos e, aos oito, apresentou-se pela primeira vez em público. Tinha apenas 12 anos quando foi enviado para Paris para prosseguir os estudos. Três anos depois, Saint-Saëns dedicou-lhe o seu primeiro concerto para violino e, em 1861, Sarasate ganhou o Primeiro Prémio do Conservatório Paris. Em 1880 Saint-Saëns compôs o seu terceiro e último concerto para violino, que voltou a dedicar ao virtuoso espanhol. O próprio Sarasate interpretou a sua estreia nesse mesmo ano.
Em 1860, Sarasate estreou-se, em Paris, como violinista e, um ano depois tocou em Londres. Durante a sua carreira actuou na Europa, na América do Norte e na América do Sul. Faleceu de bronquite crónica, em Biarritz, na França, no dia 20 de Setembro de 1908. O seu violino, construído por Antonio Stradivari, em 1724, foi deixado ao Museu da Música, de Paris. O seu segundo violino, também um Stradivari, de 1713, encontra-se no Real Conservatório Superior de Música, em Madrid. Na capital espanhola realiza-se, todos os anos, o Concurso Internacional de Violino Pablo Sarasate.
Navarra – Dança espanhola, op. 33, para 2 violinos e orquestra, de Pablo Sarasate
Violinos: Yi Li e Ning Feng

domingo, 9 de março de 2014

Anna Moffo – Soprano norte-americana

No dia 9 de Março de 2006, depois de lutar com complicações de cancro da mama durante 10 anos, faleceu, em Nova Iorque, a soprano norte-americana Anna Moffo, muito admirada pela pureza da sua voz e pela sua grande beleza física. Tinha nascido no dia 27 de Junho de 1932, em Wayne, Pensilvânia.


Ao terminar o liceu, foi-lhe oferecida a oportunidade de ir para Hollywood fazer filmes, mas recusou, porque tinha intenção de ir para freira. Mas, em vez disso, foi estudar para o Curtis Institute of Music, em Filadélfia, para onde tinha ganho uma bolsa de estudo. Em 1955, ganhou a audição de jovens artistas e uma bolsa de estudo para o Conservatório de Santa Cecília, em Roma. No mesmo ano, estreou-se como Norina em Don Pasquale, de Donizetti. Em 1956, Anna Moffo apareceu numa produção televisiva de Madame Butterfly, de Puccini. No mesmo ano estreou-se no La Scala, no Festival de Salsburgo e na Ópera Estatal de Viena.
Em 1957, estreou-se na América, interpretando Mimi, em La Bohème, de Puccini, na Lyric Opera of Chicago e, em 1959, no Metropolitan Opera, no papel de Violetta, em La Traviata, de Verdi. Moffo foi particularmente popular na Itália, onde teve um programa de televisão, “The Anna Moffo Show”, entre 1960 e 1973 e foi votada uma das mulheres mais bonitas da Itália.
Ária "Sempre libera", da ópera “La Traviata”, de Verdi
Soprano: Anna Moffo
Orquestra e Coro da Ópera de Roma
Maestro: Giuseppe Patanè

sábado, 8 de março de 2014

Ruggero Leoncavallo – Compositor italiano

No dia 8 de Março de 1857, nasceu, em Nápoles, o compositor italiano Ruggero Leoncavallo.


Depois de alguns anos de estudo e ineficazes tentativas de obter a produção de mais de uma ópera, presenciou o enorme sucesso da “Cavalleria rusticana” de Mascagni, em 1890, e não desperdiçou tempo na elaboração do seu próprio verismo. A sua ópera "I Pagliacci" continua uma das mais populares obras do repertório operático. Segundo o próprio compositor, o enredo deste trabalho teve origem na vida real: um julgamento sobre assassinato a que o seu pai, que era magistrado, tinha presidido.
Foi com a ópera “La Bohème”, estreada em 1897, em Veneza, que o seu talento obteve confirmação pública. No entanto, foi ultrapassada pela ópera de Puccini com o mesmo nome e enredo, que tinha estreado em 1896.
Leoncavallo escreveu o libreto para a maioria das suas óperas e é considerado o maior libretista italiano do seu tempo, depois de Arrigo Boito. Importante foi ainda a sua contribuição para o libreto de Manon Lescaut de Giacomo Puccini. Leoncavallo também compôs algumas canções, sendo a mais famosa “Mattinata”, escrita para Enrico Caruso.
Foi reconhecido não só em Itália, mas em toda a Europa e na América, tendo inclusivamente levado obras suas à estreia em grandes teatros da Inglaterra, da Alemanha e dos Estados Unidos.
Ruggero Leoncavallo morreu, em Montecatini, na Toscânia, no dia 9 de Agosto de 1919. Ficou na história e tem sido recordado, sobretudo, pela ópera “I Pagliacci” (Os Palhaços).
“Vesti la giubba”, da ópera “I Pagliacci”, de Leoncavallo
Tenor: Luciano Pavarotti

sexta-feira, 7 de março de 2014

Maurice Ravel - Compositor e pianista francês

No dia 7 de Março de 1875 nasceu em Ciboure, parte do País Basco francês, o compositor e pianista Maurice Ravel.


A vida não lhe correu bem desde jovem. Começou a querer estudar música aos 7 anos, mas só aos 14 entrou no Conservatório de Paris. Depois abandonou o conservatório e estudou sozinho. Só bastante mais tarde voltou - e em boa hora, já que teve o privilégio de estudar composição com Gabriel Fauré, que o achou “muito bom aluno, laborioso e pontual, com uma sinceridade que desarma”. Mais tarde, aspirou ao consagrado Prémio de Roma, mas o júri recusou-lho.
Foi influenciado principalmente por Debussy, mas também por compositores anteriores, como Mozart, Liszt e Strauss, mas encontrou o seu próprio estilo, que ficou, porém, marcado sobretudo pela corrente impressionista que, na sua época, fazia sucesso na Europa.
Em 1932, teve um acidente de táxi. Perdeu parte da sua capacidade de compor, por causa de lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta mas o corpo já não respondia adequadamente, porque sofria de graves problemas motores. Maurice Ravel morreu, em Paris, no dia 28 de Dezembro de 1937.
Exemplo máximo do seu estilo pessoal foi a mais imortal das suas composições: o Bolero, ainda hoje a obra francesa mais tocada em todo o mundo e que foi escrito por encomenda da bailarina Ida Rubinstein e estreou na Ópera de Paris em 1928. Ravel descreveu-o como "uma obra para orquestra sem música", querendo significar que só com o acompanhamento de bailarinos a peça fazia sentido.
Bolero, de Ravel
Orquestra Filarmónica de Viena
Maestro: Gustavo Dudamel