No dia 30 de Junho de 1758 nasceu, em Abrantes, o compositor
português António Leal Moreira.
Aos oito anos foi para o Seminário da
Patriarcal, onde, com apenas dezassete anos, assume funções de
ajudante-substituto do Mestre de Capela do Patriarcado, João de Sousa Carvalho.
Terminados os estudos, assume o cargo de organista da Igreja da Patriarcal.
A sua grande estreia como compositor foi a missa da cerimónia de aclamação de
D. Maria I, em 1777. Mais tarde assumiu as funções de Mestre de Capela da
Patriarcal e de Mestre da Capela Real. Foi director do Teatro da Rua dos
Condes, onde dirigiu variadíssimas obras de compositores como Paisiello e
Cimarosa.
Quando foi inaugurado o Real Teatro de São Carlos, António Leal Moreira foi
convidado para seu director, cargo que desempenhou até que, em 1800, cedeu o
lugar a Marcos Portugal. O seu bailado 'A Felicidade Lusitana' foi estreado na
inauguração daquele teatro.
O prestígio de António Leal Moreira como compositor foi também reconhecido
internacionalmente. A sua ópera “O desertor francês” foi estreada em Turim e
reposta no Scala de Milão. O compositor morreu em Lisboa, no dia 21 de Novembro
de 1819.
Te Deum para 4 vozes,
trompete, cordas e baixo contínuo, de António Leal Moreira
Agrupamento Americantiga
Maestro: Ricardo Bernardes
No dia 29 de Junho de 1914 nasceu em Býchory, Bohemia,
actual República Checa, o maestro Rafael Kubelík, Foi o sexto filho do famoso
violinista Jan Kubelík.
Estudou violino com o pai, e, posteriormente, no
Conservatório de Praga, onde também estudou composição e direcção de orquestra.
Acabou o curso em 1933, com dezanove anos.
Em 1939, Rafael Kubelík tornou-se director musical da Ópera Brno, cargo que
ocupou até que os Nazis acabaram com a orquestra, a 12 de Novembro de 1941.
Quando a Filarmónica Checa foi fundada, foi nomeado maestro principal. O seu
primeiro concerto com a orquestra foi em 1934, quando tinha apenas vinte anos.
Em 1950, Kubelík foi o director musical da Orquestra Sinfónica de Chicago e, de
1955 a 1958 desempenhou a mesma função na Royal Opera House, Covent Garden.
Entre os anos de 1961 e 1979 exerceu o cargo de director musical da Orquestra
Sinfónica da Rádio da Baviera. Em 1971 aceitou a proposta de ser director geral
do Metropolitan Opera, em Nova Iorque, tornando-se director artístico no ano
seguinte.
Em 1985, devido à doença, Kubelík aposentou-se. A sua última apresentação foi
em 1990 no Festival de Primavera de Praga, com a Filarmónica Checa. Morreu no
dia 11 de Agosto de 1996, na Suíça, mas foi sepultado em Praga.
Adagio para cordas, de
Samuel Barber
Orquestra Sinfónica de Chicago
Maestro: Rafael Kubelik
No dia 28 de Junho de 1902 nasceu em Queens, Nova Iorque, o
compositor americano Richard Rodgers, que escreveu mais de 900 canções e
quarenta musicais para a Broadway, além de bandas sonoras para cinema e
televisão.
É mais conhecido pelas suas parcerias com os
letristas Lorenz Hart e Oscar Hammerstein. As suas composições têm tido um
impacto significativo sobre a música popular. Começou a tocar piano com 6 anos
e, quando era adolescente já fazia as suas próprias composições. Frequentou a
Universidade de Columbia e, em 1921, ingressou no Institute of Musical Art,
hoje Juilliard School, em Nova Iorque. Rodgers foi influenciado por
compositores como Victor Herbert e Jerome Kern e também pelas operetas a que
assistiu, quando criança, na Broadway.
Richard Rodgers, juntamente com Marvin Hamlisch são os únicos a terem ganho os
prémios Oscar, Grammy, Emmy, Tony Award, e o Prémio Pulitzer. Em Abril de 2009
o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a esposa visitaram a Rainha
Isabel II, da Inglaterra, a quem presentearam com um iPod e um raro livro de
canções assinado por Richard Rodgers. A equipa Rodgers and Hammerstein criou
êxitos que se tornaram mundialmente famosos, como Carousel, South Pacific, The
Sound of Music, The King and I, entre muitos outros.
Faleceu em Nova Iorque no dia 30 de Dezembro de 1979.
“Do re mi”, do musical
“Música no Coração”, de Richard Rodgers
Julie Andrews
No dia 27 de Junho de 1885 nasceu no Porto, a violoncelista
portuguesa Guilhermina Suggia, que pôs “de joelhos” os palcos e a crítica de
todo o mundo nas primeiras décadas do séc. XX.
Em criança, tomou a decisão de ser a primeira
violoncelista profissional. Tinha aprendido violoncelo com o pai, que era violoncelista
no Teatro de São Carlos e professor no Conservatório de Música de Lisboa. Aos
13 anos, Guilhermina foi ouvida pelo grande Pablo Casals, que aceitou ser seu
professor. Mais tarde, Casals e Suggia passaram a viver juntos, reunindo, como
casal, os dois expoentes máximos do violoncelo. Aos 15 anos foi estudar para o
mais conceituado conservatório da Europa (Leipzig), com uma bolsa concedida
pela Rainha D. Amélia. Depois, teve uma vida que fez uma história fascinante.
Julius Klengel, célebre e exigente professor do Conservatório de Leipzig, não
hesitou em dizer que Guilhermina “cheia de talento, conhecedora de todos os
segredos do violoncelo, começa a subir e há-de ir tão alto que ninguém a
atingirá”. E a profecia cumpriu-se. Guilhermina Suggia passou a ser reconhecida
como incomparável, adorada como exímia e venerada como sublime na arte do
violoncelo.
Em Março de 1903 regressou à sua terra natal, conquistando o público portuense,
num concerto em que actuou acompanhada pela sua irmã. A sua vida transforma-se
completamente e a partir dessa altura é acolhida nas salas de concerto pela
Europa fora, onde o sucesso foi tão grande que o público lhe chamava
“Paganina!”
No dia 31 de Maio de 1950 tocou pela última vez em público, num recital no
Teatro Aveirense. Em Junho foi sujeita a uma cirurgia numa clínica em Londres,
mas foi-lhe detectado um cancro inoperável. Foi acarinhada pelos amigos e fica
especialmente sensibilizada pelo bilhete e as flores que recebeu da Rainha de
Inglaterra. Aceitando o seu destino, regressou ao Porto, onde veio a falecer,
na sua casa da Rua da Alegria, na noite de 30 de Julho de 1950.
Desta magnífica violoncelista portuguesa conhecemos apenas, além dos antigos
discos de 78 rotações, uma gravação em CD.
Kol Nidrei, de Max Bruch
Violoncelo: Guilhermina Suggia
No dia 26 de Junho de 1788, o compositor austríaco Wolfgang
Amadeus Mozart terminou, em Viena, a composição da Sinfonia nº 39, K 543, em mi
bemol maior.
Em apenas 6 semanas,
Mozart compôs as suas últimas 3 sinfonias: as nºs 39, 40 e 41.
As três sinfonias são, talvez pela quase simultaneidade da sua criação, tidas
como uma trilogia – mas a verdade é que são distintas entre si… tanto quanto se
pode dizer que há um estilo divergente em alguma das obras de Mozart…
Não tão famosa como as nºs 40 e 41, a Sinfonia nº 39 tem sido apontada como
reveladora do ideal espiritual de Mozart, não tão enérgica e impetuosa como a
nº 40 e não tão apoteótica como a nº 41.
O Finale, em andamento allegro, dá uma ideia clara da irreverente vivacidade do
compositor.
Sinfonia nº 39, K 543, em mi bemol maior, de
Wolfgang Amadeus Mozart
Orquestra Filarmónica de Viena
Maestro: Karl Böhm
No dia 25 de Junho de 1983, morreu, em Genebra, o compositor
argentino Alberto Ginastera. Considerado um dos mais importantes compositores
de música clássica da América Latina, tinha nascido em Buenos Aires, a 11 de
Abril de 1916.
Licenciou-se em 1938, no
conservatório daquela cidade. Visitou os Estados Unidos, entre 1945 e 1947,
onde estudou com Aaron Copland, em Tanglewood. Depois, voltou à sua cidade
natal e, com outros compositores, fundou a Liga de Compositores da Argentina. Exerceu
o cargo de professor em Buenos Aires. Entre os seus mais notáveis alunos,
encontram-se Ástor Piazzolla e Waldo de los Ríos. Em 1968, mudou-se para os
Estados Unidos e, em 1970, para a Europa.
Ginastera ficou conhecido fora do mundo académico quando o grupo de rock
progressivo “Emerson, Lake and Palmer” adaptou o 4º andamento do seu primeiro
concerto para piano e o gravou no álbum “Brain Salad Surgery”, com o nome de
“Toccata”. A gravação teve o apoio de Ginastera. Em 1973, quando o álbum foi
gravado, a banda visitou o compositor na sua casa, na Suíça, e foram-lhes
mostrados os arranjos. Diz-se que Ginastera comentou: “Com os diabos! Nunca
ninguém tinha sido capaz de capturar a minha música desta forma! É a maneira
como eu mesmo a imaginei!”
4º andamento (Toccata concertata) do Concerto nº
1, para piano, de Ginastera
Piano: Marcelo Balat
Orquestra Sinfónica Nacional Argentina
Maestro: Daniel Mazza
No dia 24 de Junho de 1906, nasceu, em Paris, o
violoncelista francês Pierre Fournier, considerado “o aristocrata dos
violoncelistas”, devido à sua elegante musicalidade e imponente som.
Filho de um general do
exército francês, Pierre Fournier foi ensinado pela mãe a tocar piano. Mas,
ainda em criança, teve poliomielite e perdeu destreza nos pés e pernas. Tendo
dificuldades com os pedais do piano, virou-se para o violoncelo.
Licenciou-se no Conservatório de Paris com a idade de 17 anos, em 1923. Foi
aclamado como “o violoncelista do futuro” e ganhou fama pelo seu virtuosismo e
técnica do arco. Tornou-se muito conhecido quando tocou com a Orquestra dos
Concertos Colonne, em 1925.
Fez digressões por toda a Europa, tocando com muitos dos mais famosos músicos
do seu tempo.
Foi professor na École Normale de Musique, em Paris e no Conservatório de
Paris, de 1937 a 1949. Em 1948, fez a primeira digressão pelos Estados Unidos,
onde actuou, com muito sucesso, em Nova Iorque e Boston.
A partir de 1956, começou a residir na Suiça, embora nunca tenha renunciado à
cidadania francesa. Dava aulas privadas de violoncelo, na sua casa, em Genebra.
Um dos seus alunos fo o violoncelista inglês Julian Lloyd Webber. Em 1963, foi
feito membro da Legião de Honra.
Pierre Fournier continuou a actuar em público até dois anos antes da sua morte,
que ocorreu no dia 8 de Janeiro de 1986.
Suite nº 1, para violoncelo, de Johann Sebastian Bach Violoncelo: Pierre
Fournier
No dia 23 de Junho de 1943 nasceu em Cincinnati, Ohio, um
dos mais importantes maestros americanos de sempre: James Levine.
Estreou-se como pianista, aos 10 anos, com a
Orquestra Sinfónica de Cincinnati. Em 1961, reuniu as condições requeridas para
ingressar na Juilliard School, em Nova Iorque. Ali continuou os seus estudos de
direcção com Jean Morel e de piano com Rosina Lhévinne, com quem já tinha
colaborado no Festival de Aspen de 1957, depois de estudar com Rudolf Serkin em
Marlboro. Por iniciativa de George Szell, abandonou a Juilliard School em 1964,
para incorporar o quadro de maestros da Orquestra de Cleveland, convertendo-se
assim, aos 21 anos, no Maestro Adjunto mais jovem da história desta orquestra.
A 5 de Junho de 1971, James Levine estreou-se como maestro no Metropolitan
Opera de Nova Iorque, com a representação da Tosca, de Puccini. Exerceu vários
cargos nesse teatro: em 1973, foi nomeado Maestro Titular; em 1976, Director
Musical e em 1986, Director Artístico, posição que manteve até 2004, ano em que
foi nomeado Director Musical da Orquestra Sinfónica de Boston. De 1999 até 2004
foi o maestro principal da Orquestra Filarmónica de Munique. James Levine
dirige regularmente na Europa, com a Filarmónica de Viena e a Filarmónica de
Berlim e em festivais, como o Festival de Bayreuth e o Festival de Salzburgo.
Bacanal, da ópera “Sansão
e Dalila, de Camille Saint-Saëns
Orquestra de Paris
Maestro: James Levine
No dia 22 de Junho de 1684, nasceu em Pistoia, Itália, Francesco
Manfredini, um compositor do barroco italiano, do qual a maioria das
composições foi destruída depois da sua morte, restando apenas 43 obras publicadas
e alguns manuscritos.
Estudou violino com Giuseppe Torelli, em Bolonha, e teve
aulas de composição com Giacomo Perti, mestre de capela da Basílica de S.
Petronio. Embora tivesse composto muitas oratórias, só as suas obras seculares
permanecem no reportório. Por volta de 1700, Manfredini ocupou o cargo de
violinista na orquestra da Igreja do Santo Espírito, em Ferrara. Em 1704,
regressou a Bolonha, onde trabalhou na Orquestra de S. Petronio.
No mesmo ano em que
publicou as suas primeiras composições, Francesco Mafredini tornou-se membro da
Academia Filarmónica. A partir de 1711 teve uma longa estadia no Mónaco, ao
serviço do Príncipe Antonio I. Em 1718, já em Bolonha, publicou os concertos
op. 3, nos. 1 a 12, para dois violinos e baixo contínuo, que dedicaria àquele
monarca. Em 1727 regressou a Pistoia como mestre de capela na Catedral de S.
Filipe, cargo que ocupou até que morreu, no dia 6 de Outubro de 1762.
Concerto para dois trompetes, cordas, cravo e órgão,
em ré maior, de Francesco Manfredini
Agrupamento “I Solisti di Zagreb”
No dia 21 de Junho de 1732 nasceu Johann Christoph Friedrich
Bach, compositor cujas obras são pouco conhecidas, mas a quem a Enciclopédia
Britânica faz referência como sendo “um compositor prolífico, cujo trabalho
honra o nome da família”.
Nono filho de Johann Sebastian Bach, fruto do
seu segundo casamento com Anna Magdalena Wilcke, Johann Christoph Friedrich
nasceu em Leipzig, Alemanha, e ficou conhecido como o Bach de Bückeburg. Foi
educado em Thomasschule, em Leipzig e iniciado na música pelo pai e pelo primo.
Embora este facto não possa ser confirmado, é provável que tenha estudado
direito na Universidade de Leipzig.
Em 1750, foi nomeado pelo Conde Wilhelm de Schaumburg-Lippe cravista de
Bückeburg e em 1759, ocupou o cargo de primeiro violino da orquestra. Devido à
predilecção do Conde Wilhelm pela música italiana, Bach viu-se forçado a
adaptar-se mas, apesar disso, manteve traços do estilo do pai e do irmão, Carl
Philipp Emanuel Bach.
Além de compositor, Johann Friedrich Bach foi também um notável virtuoso no
teclado, com um vasto repertório de obras que sobreviveram, incluindo 20
sinfonias, as últimas das quais influenciadas por Haydn e Mozart.
Lamentavelmente, uma parte significativa da sua obra foi perdida na Segunda
Guerra Mundial, aquando da destruição do Instituto Nacional de Pesquisas
Musicais, em Berlim, onde as partituras estavam guardadas desde 1917. Johann
Christoph Friedrich Bach faleceu em Bückeburg no dia 26 Janeiro de 1795.
Sinfonia em ré menor, de Johann Christoph Friedrich Bach
Agrupamento Concerto Koln
No dia 20 de Junho de 1946, nasceu em Nuremberga, na
Alemanha, André Watts, um pianista que tem uma das mais memoráveis histórias da
música americana.
Filho de um soldado
afro-americano, destacado na Alemanha durante a 2ª guerra mundial, André Watts
passou os primeiros tempos da sua vida em bases militares, até que, aos oito
anos, os pais se mudaram para Filadélfia. A mãe, ela própria pianista, foi a
sua primeira professora de piano e ensinou ao filho a importância de praticar
constantemente, dando sempre o exemplo do seu compatriota Franz Liszt, que teve
uma grande influência no pequeno André. Aos nove anos, já Watts tinha ganho um
concurso para tocar num dos concertos para crianças da Orquestra de Filadélfia.
Em 1963, quando frequentava o liceu, André Watts ganhou um concurso de piano
para tocar nos Concertos para Jovens da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque,
no Lincoln Center, sob a direcção de Leonard Bernstein. Pouco tempo depois,
Bernstein contratou Watts para substituir o pianista Glenn Gould, que estava
doente, num concerto que foi transmitido em todo o país pela televisão. A
carreira de André Watts estava lançada, tornando-se o primeiro pianista negro,
conhecido internacionalmente.
Em 1964, com 17 anos, ganhou um Grammy para novos artistas clássicos, com a sua
primeira gravação: o concerto em mi bemol, para piano, de Liszt. Em meados da
década de 60 tornou-se o mais importante pianista de concerto, com uma agenda
totalmente preenchida, que incluiu, em 1966, a sua estreia na capital inglesa,
com a Orquestra Sinfónica de Londres. Em 1969, tocou no concerto de inauguração
do presidente Richard Nixon.
Em 1972 obteve a licenciatura em música no Instituto Peabody, em Baltimore. Em
meados dos anos 70, André Watts realizava 150 concertos por ano e, com apenas
trinta anos, já tinha actuado 10 vezes no Lincoln Center. Em 1976, a televisão
pública americana transmitiu o concerto “Ao vivo do Lincoln Center” na sua
totalidade, pela primeira vez na história da televisão.
Fez uma digressão pelo Japão, em 1976, e duas pela Europa, em 1975 e 1976. Aos
26 anos recebeu um doutoramento honoris causa pela Universidade de Yale e, em
1988, foi distinguido com o prémio Avery Fischer, um dos mais importantes na
música clássica nos Estados Unidos. Mesmo depois dos 60 anos, feitos em 2006,
André Watts continuou a dar concertos um pouco por todo o mundo.
2º e 3º andamentos da “Sonata ao Luar”, de
Beethoven
Piano: André Watts
No dia 19 de Junho de 1825, realizou-se, no Teatro Italiano,
em Paris, a estreia da ópera “Il viaggio a Reims”, do compositor italiano Gioachino
Rossini. A soprano Giuditta Pasta interpretou o papel de Corinna.
É uma ópera em três
actos, com música de Rossini e libreto de Luigi Balocchi, baseado, em parte, no
romance Corinne, de Mme de Staël. Foi a sua última ópera em língua italiana (as
suas últimas obras foram em francês) e foi patrocinada para celebrar a coroação
do rei francês Carlos X, em Reims, no ano de 1825. A estreia foi
interpretada pelas melhores vozes da época.
Uma vez que a ópera foi
escrita para uma ocasião específica, Rossini nunca planeou que ela tivesse mais
do que algumas apresentações em Paris. Mais tarde, usou metade da música na
ópera “O Conde de Ory”.
Foi publicada em Milão, em 1938, numa revisão de Giuseppe Piccioli, que foi
apresentada no Teatro alla Scala, no dia 5 de Novembro de 1938, dirigida por Richard
Strauss.
As diferentes partes do manuscrito, que entretanto se tinham perdido, foram
reencontradas e reconstruídas em 1970 pelo musicólogo Janet Johnson. Depois da
reconstrução, foi apresentada no festival de Ópera de Rossini, em Viena, no dia
18 de Agosto de 1984, sob a direcção do maestro Claudio Abbado.
A estreia nos Estados Unidos realizou-se no dia 14 de Junho de 1986 no Teatro Loretto-Hilton,
em St. Louis, no Missouri. Em 1992, teve várias interpretações no Royal Opera
de Londres. Uma produção em Monte Carlo teve lugar em Novembro de 2005 e, em
Janeiro de 2007, foi apresentada no Kennedy Center, em Washington, pela Ópera
de Kirov. Em Novembro do mesmo ano foi produzida em Tel Aviv, pela Ópera de
Israel, em 2010, na Cidade do Cabo e, em 2011, na Argentina.
Na temporada de 2011/2012, as mais recentes produções realizaram-se em
Antuérpia, em Dezembro, onde a acção se desenrolou dentro de um avião Jumbo e,
em Janeiro, no Teatro Comunale de Florença, onde foi apresentada num luxuoso
spa do séc. XX.
Abertura da ópera “Il viaggio a Reims”, de
Rossini
Orquestra Sinfónica Nacional da Radiotelevisão Italiana
Maestrina: Silvia Massarelli
No dia 18 de Junho de 1942 nasceu em Liverpool, na
Inglaterra, o cantor, guitarrista, pianista e compositor Paul McCartney.
Nasceu no Hospital de Liverpool, onde, alguns
anos antes, a sua mãe tinha trabalhado como enfermeira na maternidade. Aos onze
anos, Paul matriculou-se no Instituto de Liverpool. Foi no autocarro, a caminho
da escola, que conheceu George Harrison. Aos 14 anos, perdeu a mãe. O pai era
vendedor de algodão, mas tocava trompete e piano e teve uma banda de dança de
salão nos anos 20. Após a morte da mulher, começou a incentivar o filho a
interessar-se pela música, comprando-lhe um trompete. Mas Paul não se mostrou
muito interessado. O seu interesse pela música só começou quando o “skiffle”, um
tipo de música folk com influência de jazz, blues e country, se tornou popular
na Inglaterra.
Em 1957, então com quinze anos, conheceu John Lennon, ao assistir ao espectáculo
de uma banda chamada Quarrymen, num subúrbio de Liverpool. No início, a tia de
John não concordou com a amizade dos dois porque era oriundo da classe
operária. Ao ver uma actuação de McCartney, Lennon convidou-o para fazer parte
da banda e, em 1958, McCartney convenceu Lennon a aceitar George Harrison na
banda. Os Quarrymen mudaram de nome várias vezes, até que adoptaram o nome… The
Beatles.
Em 1966, os Beatles, no auge da fama, pararam de fazer espectáculos ao vivo. No
mesmo ano, Paul McCartney desenvolveu um projecto musical a solo, em que compôs
a banda sonora de um filme, pelo qual ganhou o prémio de melhor tema
instrumental. No dia 10 de Abril de 1970, McCartney anunciou publicamente o fim
dos Beatles, em entrevista colectiva, e anunciou o lançamento de seu primeiro
álbum a solo. Embora eles já não quisessem continuar juntos, a entrevista
antecipada de Paul, sem o consentimento dos outros membros do grupo, gerou
mágoas a ponto de ser acusado de traidor.
Tal como os outros três membros dos Beatles, McCartney foi agraciado, em 1966,
como Membro do Império Britânico. Porém, é o único membro do grupo a ostentar o
título de "Sir", honra que lhe foi concedida pela Rainha, em 1997.
No dia 2 de Junho de 2010, o presidente americano Barack Obama prestou-lhe
homenagem, numa solenidade na Casa Branca, em Washington, pela sua contribuição
para a música e canção popular. No dia 9 de Fevereiro de 2012, foi-lhe
atribuída uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood, sendo o último
ex-Beatle a receber esta homenagem.
Paul McCartney desenvolveu outros interesses fora do rock. Em 1991, lançou o seu
primeiro álbum de música clássica, a oratória Liverpool. Em 1997, lançou o seu
segundo álbum clássico. Em 2006 foi a vez do lançamento de Ecce Cor Meum, uma
peça de música coral, que inclui um coro de crianças.
Excerto da oratória “Liverpool”, de Paul McCartney
Soprano: Kiri Te Kanawa
Tenor: Jerry Hadley
Mezzo-soprano: Sally Burgess
Coro e Orquestra Filarmónica Real de Liverpool
Maestro: Carl Davis
No dia 17 de Junho de 1882 nasceu, em Oranienbaum, o
compositor russo Igor Stravinsky, que foi considerado pela revista “Time” uma das
cem pessoas mais influentes do séc. XX.
Filho de um cantor da ópera imperial de São
Petersburgo, aos vinte anos estudou com o compositor Rimsky-Korsakov. Em 1910,
compôs o ballet Pássaro de Fogo – o primeiro de uma série encomendada pelo
Ballet Russo, e obteve imediato sucesso. A partir daí, outras obras para ballet
lhe seriam solicitadas. Mas foi com a célebre “A Sagração da Primavera”, em
1913, que o seu nome entraria mesmo para a história da música universal. A
apresentação da obra causou escândalo devido às dissonâncias, à assimetria e
alternância de ritmos. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, mudou-se para
a Suíça. De 1920 a 1939, Stravinsky viveu na França.
Na década de 1930, em menos de dois anos, perdeu a filha mais nova e a mulher,
ambas vítimas de tuberculose. Pouco tempo depois, perdeu também a mãe.
Desgostoso, buscou novos ares. Com o início da Segunda Guerra Mundial,
Stravinski foi viver para os Estados Unidos. Desembarcou no país em Setembro de
1939 e tornou-se cidadão norte-americano em 1945. Em 1963, resolveu visitar a
sua pátria e foi recebido com carinho pelos fãs e homenageado pelo governo
soviético. O compositor continuou a trabalhar até aos oitenta anos.
Igor Stravinsky morreu, em Nova Iorque, no dia 6 de Abril de 1971.
Início do bailado “A
Sagração da Primavera”, de Stravinsky
Companhia de Bailado de Pina Bausch
No dia 16 de Junho de 1844 morreu, em São Paulo, André da
Silva Gomes, um compositor que, tendo nascido em Portugal, é mais conhecido no
Brasil, país onde exerceu a maior parte da sua actividade cultural. Tinha
nascido em Lisboa, no dia 15 de Dezembro de 1752.
Nada se sabe a respeito da sua formação musical
e cultural. Acredita-se, no entanto, que tenha tido aulas ou, pelo menos, que
tenha sido influenciado por David Perez, compositor napolitano que residiu
durante alguns anos em Portugal.
Em 1774, o bispo de São Paulo contratou André da Silva Gomes para ocupar o
cargo de Mestre-de-capela da igreja matriz. Começou imediatamente a reorganizar
o coro e a compor para os actos religiosos. Apesar dos poucos recursos de que
dispunha, fundou uma escola pública de música e uma orquestra e estava presente
em todas as solenidades.
Em 1789 ingressou na carreira militar, dirigiu a corporação musical e chegou a
tenente-coronel. Em 1797 foi contratado para o magistério para leccionar
gramática latina, sendo, em 1801, efectivado no cargo pela rainha Maria I. A
partir de 1821, participou no Primeiro Governo Provisório de São Paulo, como
representante do ensino público.
Com a chegada de D. Pedro à cidade de São Paulo, em 1822, regeu, na catedral, o
Te Deum de sua autoria, em homenagem ao futuro imperador. Silva Gomes faleceu,
com 92 anos, no dia 16 de Junho de 1844, em São Paulo, cidade onde passou a
maior parte da sua vida.
Missa a 8 vozes e
instrumentos, de André da Silva Gomes
Orquestra Barroca
Maestro: Luís Otávio Santos
No dia 15 de Junho de 1843 nasceu em Bergen, na Noruega, o
compositor e pianista Edvard Grieg.
Recebeu desde criança uma rigorosa educação
musical, não só porque a mãe era uma notável pianista profissional, não só
porque o pai era um entusiástico melómano com vários antepassados músicos, mas
principalmente porque revelou, desde cedo, o talento que viria a levá-lo a um
estilo muito pessoal. Durante a vida de Grieg, a Noruega era um país pobre, tentando
libertar-se do domínio da Suécia. Foi este anseio de liberdade para a Noruega
que moldou Grieg enquanto compositor.
Estudou na Noruega e também na Alemanha – onde se licenciou no Conservatório de
Leipzig, um dos mais importantes da Europa – e pouco depois dos 20 anos começou
a passar longas temporadas em Copenhaga, porque naquela época a capital
dinamarquesa era uma segunda casa para os artistas e intelectuais noruegueses.
Foi nessa época que Grieg começou também a interessar-se pela música folclórica
da sua Noruega – e dedicou-se-lhe com tal empenho e com tal brilho que o
governo norueguês lhe atribuiu uma remuneração anual para assegurar a
continuidade da sua obra. E ele correspondeu com a batalha que apaixonadamente
travou durante toda a vida para elevar a qualidade da música no seu país,
aproveitando inclusivamente o conhecimento que travou com grandes nomes do seu
tempo, como Liszt, Brahms e Tchaikovsky.
Grieg acreditava profundamente na importância da música na sociedade. Em várias
ocasiões, realizou concertos gratuitos para trabalhadores e para os pobres.
Depois de um destes concertos, escreveu: “Esta noite representa a concretização
de um sonho da minha juventude: que, tal como na antiga Grécia, a arte deveria
chegar a todos, precisamente porque comunica de coração para coração. […] Que a
arte possa pertencer ao povo!”. Grieg defendia que na arte não havia classes
altas ou baixas e que a arte podia, por isso, ter um papel educativo na
sociedade.
No final da vida, Grieg era um nome grande da música universal, muito para além
das fronteiras da Noruega, que fez dele um símbolo nacional. Quando, no dia 4
de Setembro de 1907, soou a notícia da morte de Grieg, toda a Noruega chorou
por aquele que foi não só o mais importante compositor norueguês, mas também um
especial cultor da história e do folclore do país. Mais de trinta mil pessoas
assistiram ao funeral, invadindo as ruas de Bergen.
Excerto do Concerto nº
1, para piano, de Grieg
Piano: Valentina Lisitsa
Orquestra Filarmónica de Seul
Maestro: James Judd
No dia 14 de Junho de 1910 nasceu, em Dresden, o maestro
alemão Rudolf Kempe.
Aos catorze anos começou a estudar na Escola de
Ópera Estatal. Além de tocar piano regularmente, tocou oboé na Orquestra de
Dortmund e na Orquestra Gewandhaus de Leipzig, em 1929. A partir de 1933
começou a trabalhar na Ópera de Leipzig, onde, mais tarde, foi maestro. Dirigiu
a Orquestra de Dresden e a Dresden Staatskapelle, de 1949 até 1952, com as
quais fez várias gravações. A sua carreira internacional começou a partir de
1951, quando dirigiu a Ópera Estatal de Viena nas óperas “A Flauta mágica”, de
Mozart e “Simão Bocanegra”, de Verdi.
Foi convidado para suceder a Georg Solti como maestro principal da Ópera
Estatal da Baviera, em Munique, entre 1952 e 1954. Em 1953 apareceu com a
companhia de Munique no Royal Opera House, em Londres, onde o administrador
geral, rapidamente decidiu que Rudolf Kempe seria o director musical do Covent
Garden.
Em 1960, tornou-se maestro associado da Orquestra Filarmónica Real, em Londres,
escolhido pelo fundador da orquestra, Sir Thomas Beecham. De 1961 até 1962, foi
o maestro principal da orquestra, e de 1963 até 1975 foi o director artístico.
A partir de 1967 dirigiu a Orquestra Filarmónica de Munique e nos últimos meses
de vida foi o maestro principal da Orquestra Sinfónica da BBC. Rudolf Kempe
morreu no dia 12 de Maio de 1976.
Excerto da Sinfonia nº 9
“Do Novo Mundo”, de Dvorak
Orquestra Sinfónica da BBC
Maestro: Rudolf Kempe
No dia 13 de Junho de 1748, o compositor alemão Georg
Friedrich Haendel terminou a composição da oratória “Salomão”.
O libreto da oratória “Salomão”,
HWV 67, é baseado nas histórias bíblicas do rei sábio Salomão e é atribuído a
Newburgh Hamilton. A música foi composta por Haendel entre os dias 5 de Maio e
13 de Junho de 1748, estreando-se em Março do ano seguinte. Pode dizer-se que a
estreia foi um fracasso. A obra só teve mais duas representações e foi posta de
lado durante muitos anos.
A prova de que esta obra teve pouca aceitação por parte do público reside no
facto de não ter tido mais representações, fora de Londres, durante a vida do
compositor. Em Março de 1759, poucas semanas antes de morrer, Haendel resolveu
apresentá-la novamente, mas, antes, fez uma série de cortes e alterações que
afectaram o enredo e a estrutura da obra.
“Chegada da Rainha de Sabá”, da oratória
“Salomão”, de Haendel
Agrupamento Staatskapelle Dresden
Maestro: Christoph Eschenbach
No dia 12 de Junho de 1928, no Teatro Sarah Bernhart, em
Paris, a companhia de Diaghilev "Ballets Russes” apresentou, pela primeira
vez na Europa, o bailado “Appollon musagète”, de Stravinsky.
A coreografia foi do bailarino e coreógrafo
russo George Balanchine. Os cenários e figurinos foram desenhados por André
Bauchant e o próprio Stravinsky dirigiu a orquestra, com o violinista Marcel
Darrieux. “Apollo” foi o primeiro grande sucesso de Balanchine, incorporando o
estilo neoclássico, pelo qual ficou conhecido, e marcou o início da sua
importante e duradoura colaboração com Stravinsky.
A estreia absoluta desta obra teve lugar na Biblioteca do Congresso, em
Washington, no dia 27 de Abril de 1928
“Apollon musagète” é um bailado, com dois quadros, cuja história se centra à
volta de Apolo, o deus da música, que recebe a visita de três musas:
Terpsichore, musa da dança e da canção, Polyhymnia, musa da mímica e Calíope,
musa da poesia. Foi composto por Stravinsky entre o dia 16 de Julho de 1927 e 9
de Janeiro de 1928. A patrona das artes americana Elizabeth Coolidge encomendou
o bailado em 1927, para um festival de música contemporânea a ser realizado no
ano seguinte, na Biblioteca do Congresso, em Washington. Pagou mil dólares pela
obra, exigindo que fossem usados só seis bailarinos e uma pequena orquestra e
que não durasse mais de trinta minutos. A estreia foi coreografada por Adolph
Bolm, que dançou o papel de Apolo.
Stravinsky fez uma revisão à obra, em 1947 e ele próprio dirigiu a primeira
interpretação pela Orquestra Sinfónica de San Francisco, em Abril de 1958.
Excerto do bailado
“Apollon Musagète, de Stravinsky
Ópera Nacional de Paris
Bailarinos: Mathieu Ganio, Myriam Ould-Braham, Mathilde Froustey, Charline
Giezendanner
Faleceu esta manhã, 11 de Junho de 2014, aos 80 anos de
idade, na cidade de Pamplona, o compositor, maestro e director de orquestra
espanhol Rafael Frühbeck de Burgos. Tinha nascido no dia 15 de Setembro de 1933,
em Burgos, de pai alemão e mãe espanhola.
Estudou violino, piano e
composição nos conservatórios de Bilbao e Madrid e formou-se “cum laude” na
Universidade de Música de Munique. Estreou-se nos Estados Unidos com a
Orquestra de Filadélfia. Entre 1962 e 1978 foi maestro principal da Orquestra
Nacional de Espanha e de 1980 a 1983 foi maestro titular da Orquestra Sinfónica
Yomiuri Nippon de Tóquio, da qual é maestro honorário.
Rafael Frühbeck de Burgos foi director musical da Orquestra Sinfónica da
Radiodifusão de Berlim e da Ópera Alemã de Berlim, maestro principal da
Orquestra Sinfónica de Bilbao e da Sinfónica de Viena e maestro convidado
principal de numerosas orquestras na Europa, Estados Unidos e Japão. Desde 2006
é titular da Orquestra Filarmónica de Dresden, na Alemanha, e da Orquestra
Sinfónica Nacional de Turin, na Itália.
Bolero, de Ravel
Orquestra Sinfónica da Radiodifusão da Dinamarca
Maestro: Rafael Frühbeck de Burgos
No dia 11 de Junho de 1704 nasceu em Coimbra o compositor
português Carlos Seixas.
Pensa-se que aprendeu música com o pai,
Francisco Vaz, que era organista da Sé de Coimbra, cargo para o qual Carlos
Seixas foi nomeado em 1718 e que exerceu até que foi para Lisboa, em 1721.
Notável representante da época barroca, foi um brilhante improvisador e as
cerca de 150 composições da sua autoria que chegaram até nós (tocatas,
minuetes, fugas, peças religiosas) colocam-no entre os maiores compositores
portugueses, nomeadamente no domínio da música de teclas.
Na primeira metade do século XVIII, com o esplendor económico que, sobretudo à
custa do ouro do Brasil, se vivia em Portugal, a pompa do rei D. João V chamou
à corte portuguesa compositores célebres da música italiana, entre os quais
Domenico Scarlatti, que foi mestre de música dos filhos do Rei Magnânimo.
Foi-lhe pedido que ensinasse Carlos Seixas, mas depois de ouvir o músico
português, terá dito: "ele é que me pode dar lições" – "é dos
maiores professores que tenho ouvido".
Carlos Seixas faleceu em Lisboa no dia 25 de Agosto de 1742.
3º andamento do Concerto
para cravo, em lá maior, de Carlos Seixas
Cravo: Ketil Haugsand
Orquestra Barroca Norueguesa
Maestro: Ketil Haugsand
No dia 10 de Junho de 1899 morreu, em Limay, o compositor
romântico francês Ernest Chausson. Tinha nascido em Paris no dia 20 de Janeiro
de 1855.
Para fazer a vontade ao pai estudou direito e
tornou-se advogado mas, na realidade, tinha pouco ou nenhum interesse pela
profissão. Interessou-se pela escrita e pelo desenho antes de se decidir,
definitivamente, pela carreira de músico.
Em Outubro de 1879, já com 25 anos, matriculou-se no Conservatório de Paris,
onde teve aulas de composição com Jules Massenet. Chausson tinha já composto
algumas peças para piano e algumas canções. No entanto, os manuscritos que se
mantêm, são aqueles que foram corrigidos por Massenet. Mais tarde, teve aulas
com César Franck, que muito o influenciaria como compositor.
Chausson é autor de uma Sinfonia em si bemol maior, de um Quinteto para piano e
quarteto de cordas, de um Poème para violino e orquestra, da ópera Le Roi
Arthus, e de várias canções. Quando tinha 44 anos, Chausson morreu em Limay,
devido a um estranho acidente de bicicleta. Enquanto pedalava colina abaixo, na
sua propriedade, perdeu o controlo e foi bater num muro de tijolos, morrendo
instantaneamente.
Poème, para violino e
orquestra, de Ernest Chausson
Violino: Vadim Repin
Orquestra Filarmónica de Israel
Maestro: Zubin Mehta
No dia 9 de Junho de 1865 nasceu, numa aldeia perto de
Odense, na Dinamarca, o compositor, maestro e violinista Carl Nielsen.
Foi o sétimo de doze filhos e, embora os seus
pais fossem pobres, conseguiu estudar violino e piano no Conservatório de
Copenhaga. Numa banda militar também aprendeu a tocar diversos instrumentos de
sopro. Começou a compor, apesar de nunca ter tido aulas de composição. Escreveu
as suas primeiras composições com a idade de 8 ou 9 anos. Em 1894 estreou a sua
primeira sinfonia, sem êxito digno de nota. Mas, dois anos depois, a mesma obra
foi apresentada em Berlim e teve enorme sucesso.
Mesmo assim, a sua carreira continuou quase limitada aos concertos como
violinista no Teatro Real de Copenhaga. Só em 1905 conseguiu editor para as
suas composições. Depois, as suas seis sinfonias, além de diversas obras de
câmara (principalmente para instrumentos de sopro) fizeram dele o mais célebre
compositor dinamarquês.
Carl Nielsen faleceu em Copenhaga, no dia 3 de Outubro 1931.
4º andamento da Sinfonia
nº 4, de Carl Nielsen
Orquestra Sinfónica da BBC
Maestro: Osmo Vanska
No dia 8 de Junho de 1810 nasceu em Zwickaua, na Alemanha, o
compositor Robert Schumann, considerado por muitos “o eterno adolescente”.
Interrompeu uma carreira em Direito pelo desejo
de vir a ser pianista, mas teve de renunciar a esse sonho, ao sofrer um
acidente num dedo da mão direita. O desgosto por essa frustração levou-o a
viver entre o génio e a loucura e a morrer deprimido, num manicómio. No
entanto, o piano continuou a ser o centro inspirador da sua veia criativa, como
compositor, sobretudo depois de ter casado com Clara Wieck, filha de um seu
professor e que foi uma das pianistas mais célebres da sua época. Schumann foi
um dos mais importantes compositores (se não o mais importante) do romantismo
musical alemão.
Em conjunto com amigos e intelectuais da época fundou, em 1834, uma revista
dedicada à música – “Neue Zeitschrift für Musik”. Manteve-se dez anos à frente
desta publicação. A partir de 1850 foi director musical na cidade de Düsseldorf,
mas foi forçado a renunciar o cargo em 1854, devido ao seu estado avançado de
doença mental, causado por uma séria inflamação do ouvido, que o afligia desde
pequeno, tendo tentado o suicídio nesse ano.
Robert Schumann teve uma vida curta. Morreu aos 45 anos, no manicómio de Endenich,
perto de Bona, no dia 29 de Julho de 1856.
“Träumerei”, de “Cenas
Infantis”, de Schumann
Piano: Vladimir Horowitz
No dia 7 de Junho de 1897 nasceu, em Budapeste, o compositor
e maestro húngaro George Szell.
Cresceu e estudou em Viena e foi como maestro
que mais se notabilizou, embora também tenha sido compositor. Dele se dizia que
tinha uma batuta “muito afiada”, o que traduz bem como era reconhecida a sua
precisão interpretativa.
Aos 11 anos iniciou uma digressão pela Europa, como pianista e compositor. Os
jornais declararam-no “o próximo Mozart”. Durante a adolescência actuou com
várias orquestras, incluindo a Filarmónica de Berlim, quando tinha 17 anos. Foi
com essa idade que também dirigiu a Sinfónica de Viena, quando lhe pediram que
substituísse o maestro titular, que tinha magoado um braço. Desistiu da carreira
de compositor, para se dedicar, exclusivamente, à carreira de maestro.
No início da 2ª guerra mundial, em 1939, Szell foi para Nova Iorque. Depois de
um ano como professor, começou a receber convites frequentes para maestro
convidado de várias orquestras. Destes convites, destaca-se o da Orquestra
Sinfónica da NBC, com a qual deu uma série de quatro concertos, em 1941. Em 1942
estreou-se no Metropolitan Opera, onde trabalhou nos quatro anos seguintes e,
em 1943, estreou-se com a Filarmónica de Nova Iorque. Tornou-se cidadão
americano em 1946. Nesse mesmo ano foi convidado para director musical da
Orquestra de Cleveland. Rapidamente, esta orquestra que, embora altamente
considerada, não passava de uma orquestra regional, passou a ser uma das
melhores do país e a ter projecção internacional.
Foi precisamente na cidade de Cleveland que George Szell veio a falecer, de
cancro da medula óssea, no dia 30 de Julho de 1970.
1º andamento da Sinfonia
nº 5, de Beethoven
Orquestra Sinfónica de Chicago
Maestro: George Szell
No dia 6 de Junho de 1903 nasceu em Tblisi, Geórgia, o
compositor arménio Aram Khatchaturian.
A vida de Khatchaturian
esteve toda ela ligada à evolução política da União Soviética: foi um
compositor do regime soviético, tendo em 1943 escrito a sua Sinfonia nº 2 para
a comemoração do 25º aniversário da revolução bolchevique. Em 1948 foi acusado
de compor música “com tendências burguesas”. Em 1954, após a morte de Staline,
foi proclamado “Artista do Povo” e, em 1959, recebeu o Prémio Lenine.
Nasceu numa família humilde e teve os primeiros contactos com a música através
de danças e canções folclóricas. Esta influência original terá contribuído para
as características peculiares da sua obra: a música de Khatchaturian é
estruturada sob a forma tradicional e tem um ritmo e um colorido que a tornam
muito popular.
Não se pense, porém, que a música de Khatchaturian é simples ou fácil. Pelo
contrário, as suas composições fazem brilhar os virtuosos e a sua obra global é
variada. São célebres os seus Concerto para Piano, Concerto para Violino, e
Concerto para Violoncelo, a par de magistrais obras para orquestra, entre as
quais 3 sinfonias, a suite sinfónica Masquerade e os bailados Spartacus e
Gayaneh.
Desta última obra – o bailado Gayaneh – faz parte a peça que é talvez a mais
famosa das obras de Khatchaturian: A Dança do Sabre.
Aram Khatchaturian morreu em Moscovo, no 1º de Maio de 1978.
“Dança do Sabre” e “Dança dos Curdos”, do bailado
“Gayaneh”, de Khatchaturian
Coreografia: Nina Anisimova
Orquestra Mariinsky
Maestro: Valery Ovsyanikov