No dia 5 de Novembro de 1989, faleceu, em Nova Iorque, o pianista ucraniano Vladimir Horowitz. Tinha nascido no dia 1 de Outubro, em Kiev, não se sabendo, ao certo, o ano do seu nascimento. No seu país, tinha-se como certo que tivesse ocorrido em 1904 – mas o pai deixou um dia escapar que afinal tinha sido em 1903… tinha falsificado a idade dele, para o livrar de cumprir o serviço militar e assim poupar as suas especialíssimas mãos.
Aos 16 anos, o jovem Vladimir Horowitz tinha o
Conservatório feito e, para o exame de aferição, tocou nada mais nada menos que
o Concerto nº 3 de Rachmaninov – “simplesmente” a obra que muitos consideram a
mais difícil que existe para tocar no piano e que muitos chegaram a dizer
impossível de ser tocada. Em 1932 tocou pela primeira vez com o maestro Arturo
Toscanini, apresentando o Concerto nº5 para Piano, de Beethoven.
Maestro e pianista parecem ter ficado maravilhados um com o outro. No ano
seguinte, casou com Wanda, filha de Toscanni. Casamento curioso: ele judeu e
ela católica… sem problema, porque nenhum dos dois era devoto. O pior era que
ele não sabia falar o italiano dela e ela nada percebia da língua russa dele.
Passaram a comunicar-se em francês – e a filha, Sonia Toscanini Horowitz, teve
de crescer falando russo, italiano e francês.
Durante muitos anos, Horowitz detestou o palco. Tanto, que várias vezes se
retirou da carreira de concertista em público. Passava anos sem aparecer às
plateias… e diz-se que algumas vezes, na hora de entrar no palco, tiveram de o
empurrar. Como quase todos os espíritos geniais, era modesto e muito exigente
consigo mesmo. Felizmente, havia a possibilidade de fazer programas em
televisão – e já antes disso havia as gravações em disco.
Começou a gravar em 1928, quando fazer discos ainda parecia uma arte do outro
mundo. Durante a sua longa vida, gravou para as maiores etiquetas e um
extraordinário número de obras. A partir de 1985, a Deutsche Grammophon
produziu fantásticas gravações de programas televisivos e de espectáculos ao
vivo. Nos últimos anos da sua vida foram feitos quatro grandes documentários em
que o brilho era tão somente o da magia de um octogenário para quem o piano
parecia um maravilhoso brinquedo.
Polonaise, op. 53, de
Chopin
Piano: Vladimir Horowitz
Piano: Vladimir Horowitz
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