quinta-feira, 31 de julho de 2014

François-Auguste Gevaert - Professor, historiador, escritor e compositor belga.

No dia 31 de Julho de 1828, nasceu em Huysse, na Bélgica, o professor, historiador, escritor e compositor François-Auguste Gevaert.


Era filho de um padeiro e, embora estivesse destinado a seguir a profissão do pai, conseguiu que o deixassem estudar música. Em 1841, foi para o Conservatório de Ghent e, depois, foi nomeado organista da igreja jesuíta daquela cidade. Em breve as suas composições atraíram a atenção e ganhou o Prémio de Roma, que lhe deu direito a viajar durante dois anos. Em 1849, depois de uma breve estadia em Paris, foi para a Espanha e, depois, para Itália. Em 1867, foi nomeado Chefe de Canto da academia de Música de Paris, sucedendo a Fromental Halévy.
Quatro anos depois, ocupou o cargo de Director do Conservatório de Bruxelas. Embora fosse um compositor de sucesso, Gevaert era mais feliz como professor, historiador e escritor. As suas obras, como escritor, incluem o conhecido Tratado de Instrumentação, um livro sobre harmonia e um Vade Mecum para organistas. Entre as suas composições, destacam-se doze óperas, cantatas e canções. François-Auguste Gevaert faleceu em Bruxelas, no dia 24 de Dezembro de 1908.
Kerstlied, de François-Auguste Gevaert
Agrupamento Vocal Le Petit Sablon
Tenor e Maestro: Thibaut Lenaerts

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Sinfonia nº 3 “A Escocesa”, de Mendelssohn

No dia 30 de Julho de 1829 Mendelssohn começou a compor a sua Sinfonia nº 3, que também foi por ele designada e ficou a ser conhecida como “A Escocesa”.


A Sinfonia nº 3, em lá menor, op. 56, conhecida como “Sinfonia Escocesa” começou a ser composta durante a primeira viagem de Mendelssohn à Grã-Bretanha. Esta sinfonia, com 4 andamentos, foi dedicada à rainha Vitória I do Reino Unido. Apesar do título, é discutível que alguma das melodias desta obra derive do folclore escocês. Mendelssohn era inimigo das denominadas "músicas nacionais" e só no scherzo podem ser encontradas reminiscências dos ritmos típicos das canções escocesas.
A primeira das 9 visitas que o compositor fez às Ilhas Britânicas começou em Abril de 1829. Foi incentivado pelo seu professor de composição a abandonar a provinciana Berlim e a ver o mundo. O seu pai concordou e Mendelssohn partiu para Londres. De início a capital britânica foi desconcertante. “É pavorosa! É louca! Estou atordoado e confuso! Londres é o monstro mais grandioso e complicado que o mundo tem para oferecer.”
Mas depressa se habituou a Londres. A sua música foi calorosamente tocada e recebida. Uma interpretação da sua primeira sinfonia transformou-o em favorito do público britânico e, a partir daí, considerou a Inglaterra a sua segunda pátria. No Verão, Mendelssohn foi de férias à Escócia. Primeiro foi a Edimburgo, onde visitou as ruínas da capela onde a rainha Maria Stuart tinha sido coroada. Foi aí que Mendelssohn teve a ideia de gravar, numa sinfonia, as suas impressões sobre a Escócia. Escreveu os primeiros 16 compassos da introdução, que contém o material melódico principal do primeiro andamento.
O compositor estava encantado com a Escócia. Visitou Glasgow, Perth, Inverness e conheceu Sir Walter Scott, do qual tinha lido a totalidade das obras. A Sinfonia Escocesa só foi concluída em Janeiro 1842, não tendo sido publicada em partitura completa até ao ano seguinte. Foi estreada no dia 3 de Março de 1842, com o próprio compositor dirigindo a Orquestra de Gewandhaus de Leipzig.
Sinfonia nº 3 “A Escocesa”, de Mendelssohn
Orquestra Sinfónica de Londres
Maestro: John Eliot Gardiner

terça-feira, 29 de julho de 2014

John Barbirolli - Maestro inglês

No dia 29 de Julho de 1970 morreu o maestro inglês John Barbirolli. Tinha nascido em Londres no dia 2 de Dezembro de 1899.


Começou por estudar violino, mas, aos 7 anos, já tinha mudado para o violoncelo, que viria a tocar na Henry Wood's Queen's Hall Orchestra (onde, à data da entrada, era o membro mais novo, com apenas 17 anos), na Orquestra Sinfónica de Londres e na Orquestra do Covent Garden. A partir de 1926 dedicou-se em exclusivo à regência, começando por dirigir a British National Opera Company e a Covent Garden Opera Company. Nesse mesmo ano dirigiu a Orquestra Sinfónica de Londres, interpretando a Sinfonia nº 2, de Elgar. Em 1933 assumiu a condução da Scottish Orchestra, de Glasgow (mais tarde Royal Scottish National Orchestra).
Em 1937, perante alguma surpresa dos seus compatriotas (na terra natal era ainda considerado uma promessa...), sucedeu a Arturo Toscanini à frente da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, lugar que ocupou até 1943. Nessa altura a vontade de regressar a casa prevaleceu. A Inglaterra estava totalmente envolvida na 2ª Guerra Mundial e Barbirolli não estava disposto a permanecer longe do seu país. Após o seu regresso passou a dirigir a Hallé Orchestra, que, em pouco tempo, se transformou numa das orquestras mais conceituadas e apreciadas. Barbirolli viria a dirigi-la durante 27 anos, até ao fim dos seus dias. Foi com ela que deu o seu último concerto, no dia 25 de Julho de 1970, quatro dias antes de morrer.
Abertura “Festival Académico”, de Brahms
Orquestra Filarmónica de Nova Iorque
Maestro: John Barbirolli

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Riccardo Muti - Um dos melhores maestros das óperas de Verdi

No dia 28 de Julho de 1941 nasceu, em Nápoles, na Itália, onde estudou piano, no Conservatório de São Pedro, o maestro Riccardo Muti.


É diplomado em composição e direcção de orquestra pelo Conservatório de Milão. Em 1967 ganhou o primeiro prémio numa competição para jovens maestros. De 1968 a 1980 foi o maestro principal do Maggio Musicale Fiorentino. A partir de 1972, e durante 10 anos, foi maestro principal da Orquestra Filarmónica de Londres, sucedendo a Otto Klemperer.
Entre 1980 e 1992 Riccardo Muti foi director musical da Orquestra de Filadélfia, com a qual fez muitas digressões internacionais. Em 1986 ocupou o cargo de maestro principal da Orquestra Filarmónica do La Scala. Desde 1971 é um dos maestros convidados no Festival de Salzburgo. O ano de 2001 foi o ano de Verdi. Apresentou, em Milão, várias óperas deste compositor, assim como o Requiem, com o Coro do La Scala na Basílica de São Marco, para comemorar o centenário da morte daquele compositor.
A 7 de Dezembro de 2004 Muti inaugurou o Teatro Alla Scala, após a sua restauração. Em Maio de 2008 assinou um contrato de cinco anos com a Orquestra Sinfónica de Chicago e também tem sido convidado a dirigir a Filarmónica de Nova Iorque. Em Setembro de 2008 foi convidado a dirigir a Filarmónica de Viena numa longa digressão pelo Japão.
"Coro dos escravos hebreus", da ópera “Nabucco”, de Verdi
Orquestra e Coro do Teatro da Ópera
Maestro do coro: Roberto Gabbiani
Maestro: Riccardo Muti

domingo, 27 de julho de 2014

Miklós Rózsa – Compositor húngaro

No dia 27 Julho de 1995, faleceu, nos Estados Unidos, o compositor Miklós Rózsa, que ficou mais conhecido pelas suas composições de bandas sonoras. Tinha nascido a 18 de Abril de 1907, em Budapeste, na Hungria.


Ainda jovem, compôs obras neoclássicas, além de ballets e sinfonias, em Paris e Londres, antes de ser contratado pelo seu compatriota Alexander Korda, para o arranjo musical do seu primeiro filme, em 1937. Três anos depois foi para Hollywood, onde desenvolveu um estilo que destacava impacto psicológico, tanto em filmes de suspense como em policiais.
Ganhou o primeiro Óscar em 1946, pela composição de "A casa encantada", de Alfred Hitchcock. Em 1949, foi contratado pela Metro-Goldwyn-Mayer e, no ano seguinte, o seu primeiro filme para aquele estúdio, "Quo Vadis”, marcou o início de uma nova fase para o músico e maestro, que saiu do estilo psicológico e dos filmes policiais, para o estilo épico e religioso.
O filme “Ben-Hur” foi um marco memorável na carreira de Miklós Rózsa, no final da década de 50. Na década seguinte, com o Óscar conquistado por "Ben-Hur" e o contrato com a Metro a acabar, ainda compôs as bandas sonoras de mais dois épicos espectaculares: "Rei dos Reis", em 1961, ainda para a Metro, e “El Cid”, para a Allied Artists.
Em 1967, compôs, para a Warner Brothers, a música do filme "Os Boinas Verdes". Miklos Rozsa é referência para muitos compositores de bandas sonoras que surgiram posteriormente, como Maurice Jarre e John Williams. Viveu o resto da vida nos Estados Unidos, onde veio a falecer.
Suite “Ben Hur”, de Miklós Rózsa
Orquestra Filarmónica de Pitsburgo
Maestro: Miklós Rózsa

sábado, 26 de julho de 2014

Laurindo Almeida - Guitarrista brasileiro

No dia 26 de Julho de 1995 faleceu em Los Angeles, o grande guitarrista brasileiro Laurindo Almeida. Tinha nascido em Miracatu, no Estado de São Paulo, Brasil, no dia 2 de Setembro de 1917.


Começou a aprender música com a mãe e a tocar guitarra com a irmã. Em 1935, mudou-se para Santos e, depois, para o Rio de Janeiro. Sozinho e sem dinheiro, chegou a dormir em bancos de jardim, tendo passado semanas à base de café com leite e pão com manteiga.
A carreira de Laurindo Almeida começou em 1936, a tocar a bordo de um cruzeiro e, no final dos anos 30, foi trabalhar na Rádio e actuou ao lado de artistas como Heitor Villa-Lobos e Pixinguinha. Em 1947 fez parte da orquestra de Carmen Miranda. A partir de 1950, estabeleceu-se em Los Angeles e começou a ser um requisitado músico de estúdio, tornando-se conhecido como guitarrista da orquestra de Stan Kenton, com a qual gravou muitos discos.
Laurindo Almeida contribuiu muito para a difusão da bossa nova nos Estados Unidos. Comenta-se mesmo que as suas gravações de 1953, com o saxofonista Bud Shank, antecipam em vários anos, o aparecimento da bossa nova. Nos anos de 1963 e 1964, participou no Modern Jazz Quartet. Ganhou seis Prémios Grammy, além de uma série de outros prémios da indústria fonográfica e cinematográfica.
Compôs e fez arranjos para 800 produções, incluindo filmes dos grandes estúdios de Hollywood. Tocou alaúde no filme, de 1956, “Os Dez Mandamentos”. A sua última participação em cinema foi em 1992, no filme “Os Imperdoáveis”, realizado por Clint Eastwood.
Clair de Lune, de Debussy
Guitarra: Laurindo Almeida

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Maureen Forrester – Contralto canadiana

No dia 25 de Julho de 1930 nasceu, em Montreal, a contralto canadiana Maureen Forrester, que ficou particularmente conhecida como intérprete de Mahler e Brahms.


Com quatro irmãos, cresceu num bairro pobre e, aos 13 anos, abandonou a escola para ajudar no sustento da família, trabalhando como secretária na companhia dos telefones. Teve aulas de canto com Sally Martin, Frank Rowe e o barítono Bernard Diamant. Em 1953, deu o primeiro recital no YWCA, acompanhada pelo pianista John Newmark que passou a ser seu colaborador durante um longo período da sua carreira. Fez várias digressões pelo Canadá e Europa com o grupo Jeunesses Musicales.
A estreia de Maureen Forrester nas salas de concerto foi com a Nona Sinfonia de Beethoven, conduzida por Otto Klemperer. Em 1956 estreou-se no Town Hall, em Nova Iorque. Nesse mesmo ano, Bruno Walter, maestro e compositor alemão, convidou-a para cantar. Estava à procura de uma contralto para uma actuação e gravação da Sinfonia n º 2, de Mahler. Em 1957, Maureen Forrester realizou um recital, acompanhada pela Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, na despedida de Walter.
A dicção alemã que Forrester possuía era considerada excelente e o seu sentido dramático também era admirado. As suas actuações em óperas eram, preferencialmente, em papéis para mezzo-soprano e contralto. Também deu voz à personagem Bianca Castafiore na série de televisão “As Aventuras de Tintin”.
Trabalhou com todos os principais maestros de renome internacional e foi casada com o maestro Eugene Kash, com quem teve cinco filhos, entre eles os actores Linda Kash e Daniel Kash. Maureen Forrester morreu, com 79 anos, no dia 16 de Junho de 2010, em Toronto.
4º andamento "Urlicht” da Sinfonia nº 2, de Mahler
Contralto: Maureen Forrester
Maestro: Glenn Gould

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ruggiero Ricci – Professor e violinista americano

No dia 24 de Julho de 1918, nasceu, em San Bruno, na Califórnia, o violinista americano Ruggiero Ricci.


Filho de emigrantes italianos, foi um violinista virtuoso e tornou-se célebre pelas suas interpretações de Paganini. O seu primeiro professor foi o pai, mas, aos sete anos, foi aluno de Louis Persinger, que, mais tarde, o acompanharia ao piano em muitos recitais e gravações. Ricci deu o seu primeiro recital com 10 anos, em San Francisco, onde interpretou obras de Wieniawski e Vieuxtemps. Aos 11 anos, em Nova Iorque, interpretou, com orquestra, o Concerto para violino de Mendelsshon e, pouco depois, teve a sua estreia no Carnegie Hall, onde obteve enorme sucesso. Foi considerado menino-prodígio.
Em 1947, Ruggiero Ricci foi o primeiro violonista a gravar os 24 Caprichos, op. 1, de Paganini. Além de ter dado mais de 6000 concertos, em 65 países, durante a sua carreira de 70 anos, Ricci também fez mais de 500 gravações, para todas as principais etiquetas. Também era brilhante como professor. Ensinou violino nas Universidades de Indiana e Michigan e na Juilliard School, em Nova Iorque. Na Áustria, foi professor na Universidade Mozarteum, em Salzburgo.
Ruggiero Ricci faleceu em Palm Springs, na Califórnia, devido a problemas de coração, no dia 6 de Agosto de 2012. Tinha 94 anos.
Capricho nº 24, de Paganini
Violino: Ruggiero Ricci

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Maria João Pires – Pianista portuguesa de renome internacional

No dia 23 de Julho de 1944 nasceu, em Lisboa, a pianista portuguesa Maria João Pires.


Aprendeu a tocar piano ainda criança. Aos cinco anos deu o primeiro recital, aos sete já tocava, em público, concertos de Mozart e com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical Portuguesa. Entre 1953 e 1960 estudou com o Professor Campos Coelho, no Conservatório de Lisboa. Prosseguiu os estudos musicais na Alemanha, primeiro na Academia de Música, em Munique, e depois em Hannover com Karl Engel.
Tornou-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, que se realizou em Bruxelas. Tem feito numerosas digressões, onde interpretou obras de compositores, principalmente dos períodos clássico e romântico.
Maria João Pires é convidada com regularidade pelas grandes orquestras mundiais para tocar nas melhores salas de concerto, apresentando-se regularmente na Europa, Canadá, Japão, Israel e Estados Unidos. Em 1989, ganhou o Prémio Pessoa.
Foi fundadora e dirigente do Centro de Belgais para o Estudo das Artes, no concelho de Castelo Branco, de cariz pedagógico, cultural e social. Em 2006 partiu para o Brasil tendo declarado à Antena 2 e à publicação brasileira “Aguarrás”, ter sofrido muito em Portugal devido ao seu projecto em Belgais. No Brasil adquiriu uma casa nos arredores de Salvador, capital do estado da Bahia.
Nocturno op. 9, nº 1, de Chopin
Piano: Maria João Pires

terça-feira, 22 de julho de 2014

Josef Strauss – Engenheiro mecânico e compositor austríaco

No dia 22 de Julho de 1870 faleceu, em Viena, o compositor austríaco Josef Strauss. Tinha nascido na mesma cidade, no dia 20 de Agosto de 1827.


O seu pai, Johann Strauss, queria que ele seguisse a carreira militar. No entanto, Josef estudou teoria musical e aprendeu a tocar violino. Também teve formação como engenheiro e trabalhou para a cidade de Viena, como projectista. Foi inventor de máquinas e veículos, publicou livros de matemática, foi pintor, poeta e cantor. Mas, com todos estes predicados, ficou na História por causa da música. Em 1850, Josef Strauss começou a integrar a orquestra da família. O público de Viena, amante de valsas, recebeu, com agrado, as suas primeiras composições, o que o levou a tomar a decisão de continuar a tradição familiar de compor música de dança. Compôs mais de 300 marchas e danças e fez cerca de 500 arranjos de música de outros compositores.
Entre a família e os amigos, era conhecido como “Pepi” e o seu irmão, Johann, costumava dizer que “Pepi é o mais dotado de nós os dois; simplesmente, eu sou mais popular…” Josef Strauss nunca gozou de boa saúde e, durante uma digressão pela Polónia, em 1870, enquanto dirigia a orquestra, que tocava obras suas, caiu, inconsciente. A sua mulher levou-o de regresso a casa, em Viena, onde veio a falecer.
A minha vida é amor e riso, de Josef Strauss
Orquestra Filarmónica de Viena
Maestro: Zubin Mehta

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Isaac Stern – Violinista ucraniano

No dia 21 de Julho de 1920 nasceu em Kremenetz, na Ucrânia, o violinista Isaac Stern.


Foi levado para San Francisco com menos de um ano – e foi naquela cidade americana que fez toda a sua aprendizagem musical. Deu o seu primeiro concerto com orquestra aos 11 anos e aos 23 teve um estrondoso sucesso no mais faustoso e exigente palco dos Estados Unidos, o Carnegie Hall. Foi mesmo, durante muitos anos, presidente do Carnegie Hall.
Virtuoso deslumbrante, trabalhador incansável da arte do violino, Isaac Stern emprestou a sua técnica e sensibilidade musical incomparáveis a quase todos os grandes compositores da grande música. Gravou ao todo, mais de cem discos.
Mas além de extraordinário violinista, Isaac Stern foi também um cidadão de elevado sentido humanista: Ficou célebre a sua recusa de tocar com o maestro Herbert von Karajan, em virtude da simpatia nazi do célebre regente da Filarmónica de Berlim, um maestro com quem qualquer músico pagaria para tocar.
Honrando a sua ascendência judia, Stern deu, graciosamente, um memorável concerto em Jerusalém em 1967, na comemoração da paz que se seguiu à Guerra dos 6 Dias. Executou magistralmente um Concerto para Violino e Orquestra de Mendelssohn, acompanhado pela Orquestra Filarmónica de Israel, sob a direcção de Leonard Bernstein. A performance, de resto, fez parte do filme “Uma Jornada em Jerusalém”.
Este prodigioso músico, que morreu em Nova Iorque a 22 de Setembro de 2001, tendo sido o único grande violinista que fez toda a sua formação na América, viu a sua condição de “cidadão do mundo” reconhecida quando o governo chinês, para assinalar a sua abertura política em 1979, o convidou expressamente para se deslocar à China e interpretar um momento histórico que ficou registado no célebre documentário “De Mao a Mozart”.
Excerto do Concerto para violino, de Mendelssohn
Violino: Isaac Stern
Orquestra dos Concertos Gebouw de Amesterdão
Maestro: Bernard Haitink

domingo, 20 de julho de 2014

André Isoir – Organista francês

No dia 20 de Julho de 1935, nasceu, em Saint-Dizier, o organista francês André Isoir.


Estudou órgão e piano na Escola César Franck e no Conservatório de Paris, onde, em 1960, ganhou os primeiros prémios em órgão e improvisação. Depois, ganhou vários concursos internacionais de órgão.
Entre 1952 e 1967 foi organista titular na igreja de S. Médard, em Paris e, em 1967, na igreja de S. Severin. Desde 1973 é organista mor da velha Abadia de Saint-Germain-des-Prés, em Paris. Em 1974, foi nomeado para a faculdade do Conservatório d’Orsay. Tornou-se professor em Janeiro de 1978 e permaneceu em Orsay até 1983, quando foi nomeado para o Conservatório Nacional da Região de Boulogne-Billancourt, onde ensinou órgão até 1994.
As gravações de Isoir receberam o Grande Prémio do Disco em 1972, 73, 74, 75, 77, 80, 89 e 91, assim como o prémio “Presidente da República” pelo “Livro de Ouro do Órgão Francês”.
Gravou as obras completas para órgão de Johann Sebastian Bach, que continuam a ser uma referência para os organistas. As suas gravações das obras de César Franck, no órgão da Catedral de Luzon, têm sido, também, muito apreciadas.
Tocata e Fuga em ré menor, BWV 565, de Johann Sebastian Bach
Órgão: André Isoir

sábado, 19 de julho de 2014

Carlo Rizzi – Maestro italiano

No dia 19 de Julho de 1960, nasceu, em Milão, o maestro italiano Carlo Rizzi.


Estudou música no Conservatório de Milão. Mais tarde estudou direcção de orquestra em Bolonha, com Vladimir Delman e, em Siena, com Franco Ferrara.
Estreou-se como maestro de ópera, em 1982, com uma ópera de Donizetti. Em 1985, ganhou o primeiro Concurso Toscanini para Maestros, em Parma.
Rizzi estreou-se na Inglaterra, em 1988, no Festival Buxton, dirigindo a ópera Torquato Tasso, de Donizetti e, depois, dirigiu produções na Royal Opera House, Covent Garden e na Opera North. Em Agosto de 1992, assumiu o cargo de director musical da Ópera Nacional do País de Gales, onde se manteve até 2001. Em 2004, depois da resignação repentina do seu sucessor, Tugan Sokhiev, Carlo Rizzi regressou ao cargo que tinha ocupado como director musical que, inicialmente, desempenharia por dois anos. Manteve-se no cargo até 2007.
Início do Concerto nº 1, para piano e orquestra, de Liszt
Piano: Giovanni Bellucci
Orquestra Sinfónica da Academia Nacional de S. Cecília
Maestro: Carlo Rizzi

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Kurt Masur - Maestro alemão

No dia 18 de Julho de 1927, nasceu, em Brieg, na Alemanha, (actual Brzeg na Polónia), o maestro alemão Kurt Masur, particularmente conhecido pelas suas interpretações de música romântica alemã.


Estudou piano, composição e direcção de orquestra em Leipzig, na Saxónia. Masur foi casado por três vezes. A sua segunda esposa, com quem teve uma filha, faleceu em 1972, num acidente de automóvel, do qual Masur saiu seriamente ferido. Com a sua terceira esposa, Tomoko, teve um filho, Ken, cantor e maestro.
De 1955 a 1958, foi maestro da Orquestra Filarmónica de Dresden e, novamente, de 1967 a 1973. Em 1970, tornou-se o maestro principal da Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, mantendo-se durante 26 anos, até 1996. Em 1991, sucedeu a Zubin Mehta como director musical da Filarmónica de Nova Iorque. Durante esse período, houve muitos relatos de tensões entre Masur e o Director Executivo da Filarmónica, Deborah Borda, que, eventualmente, contribuíram para que o seu contrato não fosse renovado, em 2002. Numa entrevista a Charlie Rose, Masur disse que não era seu desejo deixar a Filarmónica. Deixou o cargo como Director Musical em 2002 e foi nomeado o Director Musical Emérito, um título criado para ele.
No ano 2000, assumiu o cargo de maestro principal da Orquestra Filarmónica de Londres, onde permaneceu até 2007. Em Abril de 2002, tornou-se Director Musical da Orquestra Nacional da França, cargo que manteve até 2008, quando se tornou Director Musical Honorário. No seu aniversário de 80 anos, em 18 de Julho de 2007, dirigiu os músicos de ambas as orquestras, nos concertos Promenade, em Londres. Masur também apareceu como maestro convidado das melhores orquestras do mundo, acabando por se tornar maestro convidado honorário da Orquestra Filarmónica de Israel.
1º andamento da Suite "Shéhérazade", de Rimsky-Korsakov
Orquestra Gewandhaus, de Leipzig
Maestro: Kurt Masur

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Billie Holiday – Cantora norte-americana*

No dia 17 de Julho de 1959, um médico de Nova Iorque confirmou o óbito de uma mulher cujo verdadeiro nome era Eleanor Fagan Gough. Os fãs tratavam-na por Lady Day. Mas foi ainda outro o nome por que ficou conhecida aquela que muitos consideram a maior de todas as cantoras de jazz.

Billie Holiday era, aos 14 anos, prostituta. Admirados? Pois olhem que não foi isso o pior que lhe aconteceu. Logo quando nasceu, ficou sem o pai. Ele, então com a bonita idade de 15 anos, tocava guitarra e banjo e um dia foi-se embora, atrás de uma banda de jazz. A bebé Billie e sua mãe, com a não menos airosa idade de 13 anos, ficaram entregues a si próprias.
Assim começou a vida de Billie Holiday.
Mas, para uma menina negra, pobre e americana, sempre poderia vir pior. E veio: aos 10 anos, Billie foi violentada por um vizinho e acolhida – ela, não ele – numa casa de correcção de menores. Aos 12 anos saiu e foi lavar escadas para sobreviver. Só aos 14 caiu na prostituição.
Um dia, Billie e a mãe receberam ordem de despejo. A miúda foi a um bar e ofereceu-se para dançar. Um desastre. O pianista do bar teve pena e perguntou-lhe se sabia cantar. No final da noite, Billie Holiday assinava o seu 1º contrato de trabalho, como cantora. Tinha 15 anos.
Viveu em glória até aos 25. O álcool e as drogas foram mais fortes do que a voz que o mundo inteiro admirava e os entendidos adoravam.

* Texto de António Leal Salvado http://quadratim.blogspot.pt/search?q=billie


“I Loves You Porgy”, da ópera “Porgy and Bess”, de George Gershwin
Billie Holiday

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Herbert von Karajan – Maestro austríaco, conhecido como “o mais alemão” dos maestros

No dia 16 de Julho de 1989 morreu, em Anif, uma localidade próxima a Salzburgo, o maestro austríaco Herbert von Karajan. Tinha nascido no dia 5 de Abril de 1908, em Salzburgo.

Vindo de uma família da alta burguesia, foi um prodígio no piano desde muito cedo. Começou a aprender o instrumento em 1912. A partir de 1916, e durante dez anos, estudou no Mozarteum de Salzburgo, onde foi encorajado a estudar direcção de orquestra. Depois ingressou na Escola Técnica de Viena e na Escola de Música e Artes de Viena, onde se graduou como maestro.

Regeu durante 60 anos, 35 dos quais à frente da orquestra que, com ele, mais prestígio granjeou entre todas: a Filarmónica de Berlim. A associação da sua pessoa aos alemães (era conhecido como “o mais alemão” dos maestros) vem do seu carácter e da ligação com a grande orquestra de Berlim. Em 1933, estreou-se no Festival de Salzburgo e, no ano seguinte, dirigiu pela primeira vez a Orquestra Filarmónica de Viena. Ainda em 1933, no dia 8 de Abril, tornou-se membro do Partido Nazi. Posteriormente, judeus como Isaac Stern, Arthur Rubinstein e Itzhak Perlman recusaram-se a participar em concertos com Karajan.
Em 1946, realizou o seu primeiro concerto depois da guerra, em Viena, com a Orquestra Filarmónica, mas foi banido de futuras actividades pelas autoridades da ocupação soviética. Após ter participado anonimamente no Festival de Salzburgo, no ano seguinte foi autorizado a voltar à actividade de maestro.
No dia 16 de Maio de 1968 dirigiu a Orquestra Filarmónica de Berlim no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Ao concerto assistiu o então Presidente da República, Almirante Américo Tomás. À margem da sua actividade artística, Karajan era um grande apaixonado por carros. Em privado, afirmava que a mais bela sinfonia do mundo era produzida por um motor de doze cilindros.
Embora tenha interpretado muitos outros compositores, Herbert von Karajan é muitas vezes indicado como o grande intérprete de Beethoven – e a verdade é que merece essa honrosa referência.

A Vitória de Wellington, de Beethoven
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro: Herbert von Karajan

terça-feira, 15 de julho de 2014

Julian Bream – Guitarrista inglês

No dia 15 de Julho de 1933 nasceu, em Londres, o guitarrista inglês Julian Bream, um dos mais importantes guitarristas clássicos do séc. XX e responsável pelo renovado interesse popular pelo alaúde do período renascentista.


Cresceu num ambiente musical: o seu pai tocava guitarra em bandas de jazz e o jovem Bream ficava impressionado ao ouvir o guitarrista Django Reinhardt. Com muito tenra idade já tocava numa pequena guitarra espanhola, acompanhando música de dança, que ouvia na rádio. Só aos onze anos é que teve uma guitarra a sério, oferecida pelo pai no dia do seu aniversário.
Em 1947, com apenas 13 anos, Julian Bream deu o seu primeiro recital de guitarra, em Cheltenham. Estudou no Royal College of Music desde os 12 anos. Saiu em 1952 e foi recrutado para o exército. Seis meses depois conseguiu entrar para a Banda de Artilharia Real. Depois de sair do exército, Bream prosseguiu a sua carreira como guitarrista, tocando por todo o mundo, incluindo digressões anuais nos Estados Unidos e na Europa.
Concerto em ré maior, para alaúde, de Vivaldi
Alaúde: Julian Bream

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Aux armes citoyens! – A Marselhesa, de Rouget de Lisle

No dia 14 de Julho de 1795, a canção 'A Marselhesa', composição de Rouget de Lisle, foi proclamada hino nacional da França.


Rouget de Lisle, que viveu entre 1760 e 1836 foi oficial do exército francês em Estrasburgo e é o autor da letra e da música do “Chant de guerre pour l'armée du Rhin”, uma canção revolucionária. O sucesso desta composição foi tão grande, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, que se tornou o hino nacional francês sob o nome de “La Marseillaise”.
Napoleão Bonaparte baniu A Marselhesa durante o império, assim como Luís XVIII na segunda restauração, devido ao seu carácter revolucionário. A revolução de 1830 restabeleceu-lhe o estatuto de hino nacional. Entretanto, Napoleão III tornaria a bani-la até que, em 1879, com a instauração da III República, a canção foi definitivamente confirmada como o hino nacional francês, acto esse reafirmado nas constituições de 1946 e 1958.
Alguns compositores aproveitaram o tema para as suas obras. Entre eles encontra-se Hector Berlioz, que, em 1830, reescreveu a Marselhesa para orquestra completa e coros e dedicou a obra ao autor original do hino que, na altura, vivia na pobreza, em Choisy, perto de Paris. Rouget de Lisle escreveu a Berlioz uma carta de agradecimento, no dia 30 de Dezembro de 1830, convidando-o a fazer-lhe uma visita. Berlioz respondeu-lhe que o iria visitar depois do seu regresso de Roma, onde tinha que se deslocar para receber um prémio. Acontece que Rouget de Lisle, morreu entretanto e Berlioz nunca o chegou a conhecer.
A Marselhesa, de Rouget de Lisle – Arranjos para orquestra e coros, de Berlioz
Soprano - Sylvia McNair
Tenor - Richard Leech
Coro e Orquestra Sinfónica de Baltimore
Maestro - David Zinman

domingo, 13 de julho de 2014

Carlo Bergonzi – Tenor italiano

No dia 13 de Julho de 1924 nasceu em Vidalenzo, perto de Parma, o tenor italiano Carlo Bergonzi, que se manteve a cantar até aos 75 anos.


Começou os estudos vocais como barítono, no Conservatório de Parma, quando tinha 14 anos. Durante a 2ª guerra foi prisioneiro de guerra, na Alemanha. Depois da guerra, regressou a Itália e estudou no Conservatório Boito, em Parma.
Estreou-se como barítono em 1948, no papel de Fígaro, da ópera “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini. Em 1951, depois de retreinar a voz, teve a sua estreia como tenor, em Bari, no papel principal de “Andrea Chenier”, de Umberto Giordano. Nesse mesmo ano, para assinalar o 50º aniversário da morte de Verdi, a Rádio Televisão Italiana contratou-o para uma série de transmissões de óperas menos conhecidas daquele compositor.
Em 1953, Carlo Bergonzi estreou-se no La Scala de Milão e em Londres e, em 1955, na ópera Lírica de Chicago. Um ano depois estreou-se no Metropolitan Opera, no papel de Radamés, da “Aida”, de Verdi. Nos anos 60 prosseguiu uma brilhante e intensa carreira, tanto em casas de ópera como em gravações de estúdio. Continuou a dar concertos até aos anos 80, altura em que as suas qualidades vocais se começaram a deteriorar, devido à idade.
Mas o seu concerto de despedida só se veio a realizar no dia 17 de Abril de 1996, no Carnegie Hall. No ano 2000 foi anunciado que Carlo Bergonzi iria interpretar o papel de Othelo, no dia 3 de Maio desse ano. Mas, devido a problemas de garganta, teve que ser substituído. Resta apenas uma gravação do ensaio geral onde se percebe que, embora com 75 anos, a voz de Carlo Bergonzi continuava fresca.
Ária “Vesti la giubba", da ópera “I Pagliacci”, de Leoncavallo
Tenor: Carlo Bergonzi
Maestro: Daniel Lipton

sábado, 12 de julho de 2014

Van Cliburn – Pianista norte-americano

No dia 12 de Julho de 1934 nasceu em Shreveport, Louisiana, o pianista americano van Cliburn, que obteve reconhecimento internacional em 1958, quando, aos vinte e três anos, venceu o primeiro Concurso Internacional Tchaikovsky, em Moscovo.


Aos três anos começou a aprender piano com a mãe. Aos seis anos, van Cliburn e a família foram viver para Kilgore, no Texas e, aos doze, ganhou um concurso estatal de piano, que lhe deu a oportunidade de tocar com a Orquestra Sinfónica de Houston. Aos dezassete anos entrou para a Juilliard School, em Nova Iorque e, aos vinte, estreou-se no Carnegie Hall.
Mas foi o seu reconhecimento em Moscovo que deu fama internacional a van Cliburn. O primeiro Concurso Internacional Tchaikovsky foi um acontecimento organizado para demonstrar a superioridade cultural soviética, durante a guerra fria. Os russos tinham tido uma vitória tecnológica, em Outubro de 1957, com o lançamento do Sputnik. A interpretação de Cliburn valeu-lhe uma ovação de pé, que durou oito minutos.
Quando chegou o momento de anunciar o vencedor, o júri viu-se obrigado a pedir autorização ao presidente russo, Nikita Khrushchev, para atribuir o primeiro prémio a um americano. “É o melhor?” – perguntou Khrushchev – “Então dêem-lhe o prémio.”
Quando Cliburn regressou aos Estados Unidos teve direito a uma parada, em Nova Iorque, a primeira vez que tal honra foi atribuída a um artista clássico. A capa da revista Time proclamava: “O texano que conquistou a Rússia.”

3º andamento do Concerto nº 1, para piano, de Tchaikovsky
Piano: Van Cliburn
Maestro: Kirill Kondrashin

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nicolai Gedda - Tenor sueco

No dia 11 de Julho de 1925, nasceu, em Estocolmo, o tenor sueco Nicolai Gedda, conhecido pela sua beleza de tom, controle vocal e percepção musical.


Filho de pai de origem russa e mãe alemã, Gedda foi criado pela sua tia Olga e pelo pai adoptivo, Mikhail Ustinoff (um parente distante do actor Peter Ustinov). Era bilíngue em sueco e russo. De 1929 a 1934, viveu em Leipzig, onde aprendeu alemão. Voltou com a família para a Suécia, depois de Hitler ter chegado ao poder. Na escola, aprendeu inglês, francês e latim. Depois de deixar a escola aprendeu italiano.
Gedda iniciou a sua carreira profissional como caixa de um banco, em Estocolmo. Um dia disse a um cliente que estava à procura de um professor de canto. O cliente recomendou-lhe Carl Martin Öhman, um tenor wagneriano, conhecido na década de 1920, que também é creditado com a descoberta de um dos tenores famosos do mundo, Jussi Björling.
Tendo feito mais de duzentas gravações, Nicolai Gedda é considerado o tenor que mais gravações fez na história.
Em Abril de 1952, com 26 anos, estreou-se na Ópera Real da Suécia, interpretando o papel de Chapelou, na ópera “Le postillon de Lonjumeau”, de Adolphe Adam. Nesse mesmo ano, também interpretou o papel de Hoffmann, na ópera “Os Contos de Hoffmann”, de Offenbach e fez parte do elenco de “O Cavaleiro da Rosa”, de Richard Strauss.
Depois de uma audição em Estocolmo, Gedda chamou a atenção do maestro Herbert von Karajan, que o levou à Itália. Em 1953, estreou-se no La Scala, de Milão e, em 1954, estreou-se na Ópera de Paris, onde conseguiu um contrato de vários anos, e na Royal Opera House Covent Garden, em Londres. Em 1957, estreou-se no Metropolitan Opera de Nova Iorque, onde cantou durante os 26 anos seguintes. Gedda manteve-se activo, como tenor, até quase aos 80 anos.
Ária “Una furtiva lagrima”, da ópera “O Elixir do Amor”, de Gaetano Donizetti
Tenor: Nicolai Gedda
Orquestra do Metropolitan Opera de Nova Iorque
Maestro: James Levine

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Fernando Sor - Compositor e guitarrista espanhol

No dia 10 de Julho de 1839 morreu, em Paris, o compositor e guitarrista espanhol Fernando Sor. Tinha nascido no dia 14 de Fevereiro de 1778, em Barcelona.


Estava-lhe destinada a vida militar, que era a de vários dos seus familiares e que começou por ser a sua escolha. Mas um dia o pai levou-o à ópera – e Fernando percebeu que não podia ser senão músico.
Escolheu a guitarra – um instrumento que na época era tido como menor e usado praticamente só em tabernas. Com a guitarra, instrumento genuinamente espanhol, começou a compor música de exaltação patriótica. A motivação era a opressão das tropas de Napoleão.
Mas Fernando Sor acabou por não resistir à sedução francesa. Quando, em 1813, Espanha expulsou definitivamente o invasor, ele seguiu o caminho de muitos outros artistas seus compatriotas: Mudou-se para Paris.
Na capital francesa reuniu-se a um outro grande guitarrista clássico espanhol, Dionisio Aguado, e com ele começou um trilho profissional que depois o levou à Inglaterra e à Russia.
Na Inglaterra teve sucesso como compositor de ópera e bailado. Na Rússia atingiu o auge com o ballet que adornou a coroação do czar Nicolau I.
Terminou a vida em Paris, retirado do contacto com o grande público.
Mas foi nesse período que compôs as suas melhores obras. E também o Método para Guitarra, obra didáctica que ainda hoje é um precioso guia para a aprendizagem da guitarra clássica nas escolas de música.
Fantasia para duas guitarras, op. 54, de Fernando Sor
Guitarras: Julian Bream e John Williams

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Leonard Pennario – Pianista e compositor norte-americano

No dia 9 de Julho de 1927 nasceu Leonard Pennario, um grande pianista e compositor americano que também alcançou fama como jogador de “bridge”.


Nascido em Buffalo, no estado de Nova Iorque, Leonard Pennario cresceu em Los Angeles, onde permaneceu durante toda a sua carreira. Tornou-se conhecido quando, com apenas 12 anos, interpretou o Concerto para piano, de Grieg, com a Orquestra Sinfónica de Dallas. O pianista programado para aquele concerto adoeceu e a maneira de tocar de Pennario tinha chamado a atenção do maestro Eugene Goossens que, depois de se assegurar que Pennario conhecia a partitura, o recomendou como solista. A verdade é que o rapaz nunca tinha visto a partitura e nem sequer tinha ouvido a obra, mas conseguiu aprendê-la no prazo de uma semana.
Leonard Pennario frequentou a Universidade da Califórnia do Sul, onde estudou composição. A 2ª guerra mundial interrompeu a sua carreira, sendo recrutado para prestar serviço na China, Burma e Índia, onde a sua perícia no teclado serviu para entreter as tropas. Estreou-se no Carnegie Hall, vestido de uniforme, no dia 17 de Novembro de 1943, interpretando o Concerto nº 1, para piano, de Liszt, com a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, dirigida por Artur Rodzinski.
A partir de 1960 formou um trio com o violinista Jascha Heifetz e o violoncelista Gregor Piatigorsky. Miklós Rózsa dedicou-lhe um concerto para piano que foi estreado por Pennario e a Orquestra Filarmónica de Los Angeles, sob a direcção de Zubin Mehta.
Para além de ser um músico notável, Leonard Pennario era também um mestre em torneios de bridge e o seu nome figura na Enciclopédia Oficial de Bridge.
Faleceu devido a complicações derivadas de doença de Parkinson, no dia 27 de Junho de 2008, em La Jolla, na Califórnia.
Rapsódia Húngara nº 6, de Liszt
Piano: Leonard Pennario

terça-feira, 8 de julho de 2014

Cantata “Laudate pueri Dominum”, de Haendel

No dia 8 de Julho de 1707 Haendel termina a composição da cantata “Laudate pueri Dominum”.


“Laudate pueri Dominum”, HWV 237, em ré maior é um de três salmos vespertinos do compositor alemão Georg Friedrich Haendel, que viveu entre 1685 e 1759. O libreto é em latim e a partitura, composta em Roma, em 1707, requer cinco vozes, coro e orquestra e tem oito andamentos. A estreia teve lugar na festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo, nos dia 15 e 16 de Julho desse ano.
Haendel é mais conhecido pelas óperas, como “Ariodante”, as oratórias bíblicas, como “O Messias” e as obras orquestrais, como “A suite de Música Aquática”. Estas obras foram escritas para a alta sociedade londrina, mas, quando tinha pouco mais de vinte anos, Haendel já compunha obras-primas como este “Laudate pueri Dominum”.
Excerto da cantata “Laudate pueri Dominum”, de Haendel
Soprano: Raffaella Milanesi

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Giancarlo Menotti – Compositor italiano

No dia 7 de Julho de 1911 nasceu, em Cadegliano, Giancarlo Menotti, um compositor italiano, naturalizado norte-americano e fundador do Festival de Spoleto, em Charleston, na Carolina do Sul.


Começou a escrever canções quando tinha 7 anos de idade e, aos 11, escreveu o libreto e a música para a sua primeira ópera, “A morte de Pierrot”. Começou a sua aprendizagem formal em Milão, no Conservatório Verdi, em 1923.
Em 1958 fundou o "Festival dos Dois Mundos" que serviria de modelo para o festival de Spoleto, fundado em 1977, nos Estados Unidos. Depois da morte do pai, Menotti foi, com a mãe, para os Estados Unidos e matriculou-se no Curtis Institute of Music de Filadélfia.
Nesse instituto teve vários colegas célebres tais como, Leonard Bernstein e Samuel Barber, que se tornou um companheiro para a vida e para o trabalho, sendo Menotti o libretista da mais famosa ópera de Barber, “Vanessa”, premiada, em 1958, no Metropolitan Opera. Foi no Curtis Institute of Music que Menotti escreveu a sua primeira ópera, “Amelia al Ballo”, com texto da sua autoria, em italiano.
Menotti escreveu o libreto de todas as suas óperas e só escreveu mais duas em italiano. Em todas as outras usou a língua inglesa. Os seus trabalhos de maior sucesso foram escritos nas décadas de 1940 e 1950. Faleceu em Montecarlo, no dia 1 de Fevereiro de 2007.
3º andamento do Concerto para violino, de Giancarlo Menotti
Violino: Ruggiero Ricci
Pacific Symphony Orchestra
Maestro: Keith Clark

domingo, 6 de julho de 2014

Otto Klemperer – Maestro e compositor alemão

No dia 6 de Julho de 1973, faleceu, em Zurique, o maestro e compositor alemão Otto Klemperer, considerado um dos mais importantes maestros do século XX. Tinha nascido a 14 de Maio de 1885, em Breslau.


O início da sua carreira esteve decisivamente ligado a Gustav Mahler. O primeiro encontro entre ambos deu-se em 1905, em Berlim, numa altura em que Oskar Fried lá dirigia a 2ª Sinfonia do compositor austríaco. Cerca de 2 anos depois, já em Viena, Klemperer tocou, de memória, para Mahler, uma redução para piano do scherzo dessa mesma sinfonia. Impressionado, o compositor escreveu cartas de recomendação para a Ópera de Viena e para o Teatro Alemão de Praga. Os resultados não tardaram, tendo Klemperer sido convidado para dirigir o coro deste último. Pouco tempo depois seria nomeado maestro principal. Em 1910, e de novo com a ajuda de Mahler, Klemperer seria nomeado maestro da Ópera de Hamburgo, a que se seguiram convites para muitas outras cidades da Europa e da América.
Em 1927, Klemperer foi nomeado maestro da Ópera Kroll de Berlim, dedicando-se, afincadamente, a divulgar a música contemporânea. Interpretava compositores de todas as partes do globo. Esta universalidade não coincidia exactamente com a forma como as autoridades nazis idealizavam a promoção da cultura alemã o que, aliado às origens judaicas de Klemperer, fazia antever problemas. E eles vieram, em 1933, quando foi demitido da Ópera do Estado de Berlim, e teve que se refugiar, juntamente com a sua família, primeiro na Áustria e depois na Suíça. Curiosamente, pouco tempo antes destes acontecimentos tinha recebido uma medalha de ouro pela sua "extraordinária contribuição para a cultura alemã".
Sinfonia nº 3 “Eroica”, de Beethoven
Orquestra Nova Filarmonia
Maestro: Otto Klemperer