sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Guiomar Novaes – A maior pianista brasileira

No dia 28 de Fevereiro de 1894, em São João da Boa Vista, no estado de São Paulo, nasceu Guiomar Novaes, considerada a maior pianista brasileira e uma das maiores celebridades nos meios musicais da Europa e dos Estados Unidos, no início do século XX.


Cresceu no seio de uma família de 19 crianças e num ambiente religioso. O piano, presente na sua casa e utilizado nas aulas das suas irmãs mais velhas, despertou o interesse de Guiomar, que, aos 4 anos, começou a tocá-lo de ouvido. Esperava que as irmãs deixassem o teclado para se sentar e tocar "até os dedos doerem". Aos 8 anos tocava com precisão técnica e notável sensibilidade interpretativa.
Em 1909, aos 15 anos, com a ajuda do Governo do Estado de São Paulo, partiu para a Europa para tentar uma vaga no Conservatório de Música de Paris. Avaliada por um júri formado por músicos como Debussy, Moszckowski e Fauré, foi escolhida como a candidata com os melhores dotes artísticos. Entre as peças que tocou na prova estava a Balada nº 3, de Chopin. No final da prova, Debussy pediu à menina que tocasse novamente a balada. Ficou em 1º lugar. Em Julho de 1911, na prova de encerramento do curso, venceu a prova, que contava com 35 concorrentes, e ganhou o primeiro prémio, que compreendia a quantia de 1200 francos e um piano de cauda.
Depois de deixar o Conservatório de Paris, teve várias ofertas de contractos, tocando em Paris, Londres, Genebra, Milão e Berlim. Em 1913, regressou ao Brasil e apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a orquestra de Gabriel Pierné, Guiomar Novaes percorreu toda a Europa. A Primeira Guerra Mundial obrigou-a a voltar a São Paulo – mas no ano seguinte estabeleceu-se nos Estados Unidos, onde construiu uma importante carreira. Em 1967 foi convidada pela rainha Isabel II de Inglaterra para dar um recital em Londres.
Além de ter sido grande divulgadora da obra do seu compatriota Heitor Villa-Lobos, foi especialmente brilhante a interpretar Schumann e Chopin.
Em Janeiro de 1979, Guiomar Novaes sofreu um derrame cerebral e o seu estado de saúde começou a degradar-se. Veio a falecer a 7 de Março de 1979, aos 85 anos, vítima de enfarte de miocárdio.
3º andamento (Marcha fúnebre) da Sonata nº 2, op. 35, para piano, de Chopin
Piano: Guiomar Novaes

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Alexander Borodin - Químico e compositor russo

No dia 27 de Fevereiro de 1887 morreu o químico e compositor russo Alexander Borodin. Tinha nascido em São Petersburgo, a 12 de Novembro de 1833 e era filho ilegítimo do Príncipe da Geórgia.


Fez parte do famoso grupo dos cinco, ao lado de Balakirev, Cui, Mussorgsky e Rimsky-Korsakov. Apesar de ter recebido lições de piano em criança, a sua educação foi direccionada para as ciências. Formado em Medicina e interessado pela Química, desenvolveu os seus conhecimentos em Heidelberg, na Alemanha. Durante a sua vida, Borodin dedicou-se quase inteiramente à Química, escrevendo muitos tratados científicos e fazendo importantes descobertas. Considerava-se apenas "um compositor de fim-de-semana". Apesar de já ter noções de música, foi só ao conhecer Mily Balakirev, em 1862, que Borodin começou a compor com seriedade.
Balakirev convenceu-o a integrar o Grupo dos Cinco, com cujos ideais nacionalistas se identificava. Em 1869, Borodin começou a compor a sua obra mais importante: a ópera “O Príncipe Igor”. Trabalhou nela durante 18 anos até à sua morte, deixando-a incompleta. A obra foi terminada por Rimsky-Korsakov e Aleksandr Glazunov em 1890. Vítima da cólera, Alexander Borodin morreu no dia 27 de Fevereiro de 1887, de insuficiência cardíaca, durante um baile de máscaras na Academia de Medicina de São Petersburgo.
Danças Polovtsianas, de Borodin
Kirov Opera and Ballet
Maestro: Valery Gergiev

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Giuseppe Tartini – Pedagogo, compositor e o maior violinista do século XVIII

No dia 26 de Fevereiro de 1770 morreu, em Pádua, o compositor e pedagogo italiano Giuseppe Tartini, responsável pela evolução do concerto e da sonata. Tinha nascido em Pirano, no dia 8 de Abril de 1692.


Logo em criança recebeu lições de música e violino, mas, até aos vinte anos, pouco se interessou pela música, dedicando-se ao estudo de direito, na Universidade de Pádua.
Ao casar-se, secretamente, com a sobrinha de um cardeal teve ordem de prisão. Disfarçando-se de frade, conseguiu fugir, encontrando refúgio no convento dos franciscanos de Assis e foi durante esse longo retiro que se dedicou intensamente à música. Nessa época compôs muitas obras e, sobretudo, estudou em profundidade a técnica do violino, tendo mesmo pesquisado novas possibilidades para o instrumento. Ao mesmo tempo, fez importante trabalho didáctico, escrevendo um Tratado de música segundo a verdadeira ciência da harmonia. Mais tarde, perdoado pelo cardeal, voltou a Pádua, iniciando, então, a carreira de concertista. Um enorme sucesso atraiu-lhe uma grande quantidade de alunos, de vários países.
Em 1728, Giuseppe Tartini fundou uma escola de violino em Pádua, denominada Escola das Nações, onde se formaram grandes violinistas da época. Adquiriu grande reputação como virtuoso e professor. Uma bela noite, sonhou que tinha vendido a sua alma ao diabo, que depois lhe tocou a peça para violino mais bela que jamais ouvira. Na manhã seguinte, Tartini compôs a sua grande obra, a sonata “O Trilo do Diabo”, dizendo que era um pálido reflexo do que ouvira.
1º andamento da Sonata em sol menor, 'Il trillo del diavolo', de Giuseppe Tartini
Violino: Itzhak Perlman
Piano: Janet Goodman Guggenheim

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Enrico Caruso – Tenor italiano

No dia 25 de Fevereiro de 1873, nasceu, em Nápoles, o tenor italiano Enrico Caruso, considerado pelo não menos importante tenor Luciano Pavarotti, o maior intérprete da música erudita de todos os tempos.


Começou a carreira em 1894, aos 21 anos de idade, na cidade natal. As mais famosas interpretações foram como Canio na ópera “I Pagliacci”, de Leoncavallo e como Radamés, na “Aida”, de Verdi. Em meados da década de 1910 já era conhecido internacionalmente. Era constantemente contratado pelo Metropolitan Opera de Nova Iorque, relação que persistiu até 1920. O compositor lírico Giacomo Puccini e o compositor de canções populares Paolo Tosti eram seus amigos e compuseram obras especialmente para ele. Foi também conhecido pelos seus trabalhos como caricaturista.
Enrico Caruso foi um dos primeiros cantores a gravar discos em grande escala. A indústria fonográfica e o cantor mantiveram uma estreita relação, o que ajudou à promoção comercial de ambos. O seu repertório incluía cerca de sessenta óperas, a maioria delas em italiano, embora ele tenha cantado também em francês, inglês, espanhol e latim, além do dialecto napolitano das canções populares da sua terra natal. A sua vida foi tema de um filme norte-americano de 1951, repleto de ficção, intitulado “O Grande Caruso”, com o cantor lírico Mario Lanza interpretando o papel de Caruso. Devido ao seu conteúdo altamente ficcional, o filme foi proibido em Itália. Enrico Caruso morreu, em Nápoles, a 2 de Agosto de 1921.
Ária “Una Furtiva Lagrima”, da ópera “O Elixir do Amor”, de Donizetti
Tenor: Enrico Caruso

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Renata Scotto – Cantora lírica e directora de ópera

No dia 24 de Fevereiro de 1934 nasceu, em Savona, na Itália, Renata Scotto, que se tornou mundialmente famosa como soprano, devido às suas habilidades técnicas e dramáticas e que, depois de se aposentar dos palcos, passou a actuar como directora de ópera.


Iniciou os estudos de canto aos catorze anos, na sua cidade natal. Mudou-se para Milão dois anos mais tarde, e estreou-se no Teatro Nuovo desta cidade, em 1952, como Violetta, em La Traviata, de Verdi. No ano seguinte, foi escolhida para o papel de Walter em La Wally, de Alfredo Catalani, contracenando com Renata Tebaldi e Mario Del Monaco, no La Scala, de Milão. Na noite de abertura da ópera, no dia 7 de Dezembro de 1953, a cantora foi ovacionada, voltando ao palco quinze vezes para agradecer os aplausos do público. Após superar uma crise de voz nos anos seguintes, Scotto voltou ao La Scala em 1957.
Quando o teatro fazia uma digressão pela Escócia, Renata Scotto foi contratada, à pressa, para substituir Maria Callas em duas récitas extraordinárias da ópera “La sonnambula”, de Bellini. Preparando o papel de Amina em apenas dois dias, Scotto apresentou-se, com grande sucesso, em Edimburgo, e projectou-se deste modo como uma cantora lírica de renome internacional. Depois da sua estreia em 1965, no papel de Cio-Cio-San, na Madama Butterfly, de Puccini, Scotto actuou em diversas produções do Metropolitan Opera de Nova Iorque. A partir do final dos anos 80, do séc XX, ocupou o cargo de directora, retirando-se, definitivamente, dos palcos em 1991.

Ária “Si mi chiamano Mimì”, da ópera “La Bohème”, de Puccini

Soprano: Renata Scotto
Orquestra do Metropolitan Opera de Nova Iorque
Maestro: James Levine

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Diga, amigo Zeca, como está você?

Deixaste-nos há 27 anos, Amigo Zeca. No dia 23 de Fevereiro, como hoje. No mesmo ano em que eu decidi regressar a Portugal, depois de 12 anos de emigração.


Regressei porque pensava que iria encontrar um país onde estava consolidada a democracia que tu ajudaste a construir e que foste imprescindível para alcançar. Cedo me apercebi que isso não passava de uma ilusão e que a palavra “democracia” já começava a significar apenas aquele acto de ir depositar, de quatro em quatro anos, um papelinho numa urna e que ajudaria a decidir que “Vampiros” nos iriam governar nos quatro anos seguintes. Lembro-me bem que, quando emigrei, levei comigo uma mala a abarrotar com cerca de cinquenta discos de vinil, pela qual a minha mãe teve que pagar um balúrdio para a poder levar comigo no avião. Entre esses discos, havia meia dúzia que era da tua autoria, Zeca. A essa meia dúzia juntei mais alguns, que fui comprando, através dos tempos, e que ouvia vezes sem conta, naquele país onde nem sequer eras conhecido. Davas-me força, Zeca. E dás-me força. E sabes bem que “Enquanto há força”…”seremos muitos, seremos alguém” (http://www.youtube.com/watch?v=bUDGSbi7-Zs).

A primeira canção que te ouvi cantar foi “Os Vampiros” (http://www.youtube.com/watch?v=ZUEeBhhuUos). E puseste-me a pensar, Zeca. Foi, talvez, em 1965 ou 66. O vampiro-mor era o Salazar, que te proibia as canções. Mas nós arranjávamos sempre maneira de te ouvir. Outros vampiros se seguiram até ao dia em que o povo cantou a “Grândola, vila morena”. A partir daí, os vampiros esconderam-se. Durante algum tempo. Demasiado pouco tempo. Depois, franqueámos-lhes as portas e eles aproveitaram e começaram a ressurgir. E tu, sempre atento, já lhes rezavas a “Ladainha do Arcebispo” (http://www.youtube.com/watch?v=TTUel_YiDuY). E continuaste sempre a compor e a cantar contra os vampiros. Mas, disfarçados de democratas e sempre enganando o povo, os vampiros foram-se reproduzindo. Começaram por ser lobos com pele de cordeiro, mas, a pouco e pouco, foram tirando a pele. E, hoje estão aí em força. Sem disfarce. Os vampiros já não têm pés de veludo. Chupam-nos o sangue à descarada. Mas, graças a ti, Zeca, que nunca morreste, a manada está a acordar. E tem cantado a “Grândola” aos vampiros. E “Os vampiros” aos vampiros. E até os vampiros já cantaram a “Grândola”, para disfarçar. Mas não disfarçam nada, porque se não sabem a música, muito menos sabem a letra. Mas nós cá estamos para os ensinar. E é o que temos feito. Onde quer que os vampiros vão, onde quer que se escondam, têm ouvido o teu hino, Zeca. O nosso hino. Já entram e saem por portas traseiras, mas só se arrancarem os ouvidos deixarão de ouvir a “Grândola, vila morena” (http://www.youtube.com/watch?v=q_2SWPX47OQ). Já é internacional.
Nem que a privatizem, Amigo Zeca. Nem que a vendam ao desbarato, a “Grândola” sempre foi e será sempre do povo.
O dia em que a deixarmos de cantar, é o dia em que a morte sairá à rua (https://www.youtube.com/watch?v=5IAlrXheQ7I).
Traz Outro Amigo Também
José Afonso

Georg Friedrich Haendel – Um dos maiores compositores do barroco alemão

No dia 23 de Fevereiro de 1685, nasceu, em Halle an der Saale, o compositor Georg Friedrich Haendel, que, tendo nascido na Alemanha, passou pela Itália e foi viver para Londres, onde foi objecto de elevadíssima estima do povo britânico. Foi consagrado como um dos maiores compositores do seu tempo.


O seu pai queria que ele fosse advogado. Contudo, ao observar o interesse do filho pela música, que estudava em segredo, mudou de ideias e dispôs-se a financiar o estudo da música. Assim, Haendel tornou-se aluno do principal organista de Halle e, aos dezassete anos, foi nomeado organista da catedral calvinista. Em 1703, foi para Hamburgo, onde foi admitido como violinista e clavicordista da orquestra da ópera e estreou a sua primeira ópera, Almira, em 1705. Depois de Hamburgo, deslocou-se até Itália, onde conheceu os grandes músicos do seu tempo: Corelli, Scarlatti e Pergolesi. Nesta altura já era considerado um génio. De Itália data o primeiro conjunto de "concerti grossi" do compositor. Em 1710 entra ao serviço da corte de Hanover, mas, no mesmo ano, foi convidado a ir para Londres, para escrever uma ópera (Rinaldo).
Como tinha compromissos com Hanover, pediu ao príncipe para fazer uma curta viagem a Londres. A autorização tardou, mas quando a obteve, foi para Londres para nunca mais voltar. Como é óbvio, o príncipe não ficou nada satisfeito e Haendel teria, mais tarde, problemas quando, por ironia do destino, o príncipe, que tão astutamente tinha enganado, ascendeu ao trono de Inglaterra. Em Londres, daria início a um período de 35 anos de grande sucesso na sua carreira. Recebeu a missão de criar um teatro real de ópera, que também viria a ser conhecido como a Royal Academy of Music. Foram escritas 14 óperas para essa academia, entre 1720 e 1728, o que conferiu a Haendel uma grande fama em toda a Europa. A partir de 1740, dedicou-se mais à composição de oratórias, entre as quais “O Messias” e “Judas Macabeu”.
Consagrado como um ídolo do panorama musical inglês, faleceu no dia 14 de Abril de 1759, em Londres, oito anos após ter ficado cego do olho esquerdo e, mais tarde, de ambos.
"Hallelujah", da oratória “Messias”, de Haendel
Academia de Música Antiga
Coro da Abadia de Westminster
Maestro: Christopher Hogwood

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Adrian Boult – Maestro inglês

No dia 22 de Fevereiro de 1983 faleceu o maestro inglês Adrian Boult. Tinha nascido a 8 de Abril de 1889, em Chester.


Estudou em Oxford e no Conservatório de Leipzig. Em 1918 estreou-se à frente da Orquestra Sinfónica de Londres. Estreia auspiciosa que lhe valeu, pouco depois, a possibilidade de estrear “Os Planetas”, ainda hoje a obra por que é mais conhecido o seu compatriota Gustav Holst.
Em 1930, Adrian Boult fundou a Orquestra Sinfónica da BBC, que dirigiu até 1950. Permaneceu activo até depois dos 90 anos.





1º andamento do Concerto para violino, de Beethoven
Violino: David Oistrakh
Orquestra Sinfónica de Londres
Maestro: Sir Adrian Boult

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Um dos cantores de Abril emigrou – Antes de Abril

O Fernando Tordo emigrou, tal como aconteceu com centenas de milhar de outros portugueses nos últimos dois ou três anos.


Como seria de esperar, a emigração de Fernando Tordo chamou mais a atenção do que a do comum dos mortais portugueses. Ou porque o próprio assim o quis ou porque a imprensa achou que podia ganhar mais uns cobres com a notícia, a verdade é que o facto de o Tordo ter ido para o Brasil foi mais mediático do que a emigração dos outros milhares de portugueses. Já tinha acontecido o mesmo com a pianista Maria João Pires. Tudo bem. Como gente conhecida que é, é normal que tenham mais cobertura mediática.
O que me espanta (ou talvez não) é o facto de vir logo uma série de gente a acusá-los de tudo e mais alguma coisa (a maior parte das vezes, sem razão nem fundamento) e, inclusivamente, tentar provar que são pessoas ricas e que não precisam de emigrar.
No caso do Fernando Tordo, a notícia que, ontem, foi publicada no Jornal i é o exemplo de como, muitas vezes, a imprensa tenta manipular a opinião pública. No título do artigo, lia-se “Empresa de Tordo recebeu por espectáculos mais de 200 mil euros por ajuste directo” (http://www.ionline.pt/artigos/portugal/fernando-tordo-recebeu-espectaculos-mais-200-mil-euros-ajuste-directo). Claro que, logo aqui, muita gente pára de ler e fica a pensar as piores coisas do cantor, porque, antes de emigrar, ele dizia que tinha que o fazer porque a sua reforma era pequena (duzentos e poucos euros, como o seu filho, João Tordo, veio a revelar). Mas, logo no 1º parágrafo, pode ler-se que esses 200 mil euros foram adjudicados desde 2008. Ora, 200 mil euros em 6 anos, dá pouco mais de 33 mil euros por ano, o que equivale a menos de 3 mil euros por mês. E o leitor, mesmo assim, continua a ser levado a pensar que 3 mil euros por mês é um bom ordenado, que não justifica a emigração e, muito menos, andar a dizer que tem que emigrar porque tem dificuldades económicas. Só lá mais para o fim do artigo, quando o leitor já está com o cérebro bem lavadinho e o ânimo bem irritado (depois de já ter chamado ao Fernando Tordo todos os nomes e mais alguns e, porventura, ter deixado de ler), é que se constata que, afinal, como explica a mulher de Fernando Tordo, “o cantor deu emprego, nos últimos anos a 26 músicos, “fora técnicos de som e de luz””. E que “por isso, diz Eugénia Passada, o artista recebeu apenas “cerca de 10% do valor” total das adjudicações directas feitas à sua empresa”. Como dizia o outro, “é fazer as contas”.
Tudo isto nos conduz a uma triste conclusão: não só o Fernando Tordo teve razão para emigrar, como também a tinham os 26 músicos e mais não sei quantos técnicos de som e luz a quem a empresa dele dava trabalho.
E, exactamente na altura em que acabo de escrever estas linhas, ouço, nas notícias, que 80% dos reformados (cerca de 2 milhões) vive com 364 euros por mês, mas 56 (banqueiros e antigos administradores de empresas públicas e privadas) ganham mais de 16500. Um deles acumula 13 tipos de pensões diferentes e recebe cerca de 50 mil euros por mês. (http://m.tvi24.iol.pt/economia---economia/reformados-pensoes/1539260-6377.html)
E também me veio à ideia uma entrevista que o Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD, deu ao JN, em que afirmou que "A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor"! (http://www.jn.pt/live/Entrevistas/default.aspx?content_id=3697968).
Também me estão a vir à memória as palavras de Henry Kissinger, que cito de memória: “Muita gente vai morrer quando se estabelecer a Nova Ordem Mundial, mas será um mundo muito melhor para os que sobreviverem.”
E mais não digo, para não começar para aqui a GRITAR impropérios que poderiam ferir algumas susceptibilidades.
Até sempre companheiros
Fernando Tordo

Andrés Segovia – “O pai da guitarra clássica”

No dia 21 de Fevereiro de 1893, nasceu em Linares, na Espanha, o guitarrista Andrés Segovia.


Considerado pela maioria dos estudiosos de música como o pai da guitarra clássica, Segovia dizia que “resgatou a guitarra das mãos dos ciganos flamencos” e construiu um repertório clássico que permitiu ao instrumento ter um lugar nas salas de concerto.
O primeiro contacto de Segovia com a guitarra foi aos quatro anos de idade. O seu tio entoava-lhe canções, enquanto ele tocava uma guitarra imaginária. Isto entusiasmou Segovia a elevar a guitarra ao estatuto do piano e do violino. O sonho dele era que a guitarra fosse tocada e estudada em todos os países e universidades do mundo.
A primeira apresentação de Segovia foi em Espanha, quando tinha 16 anos. Poucos anos depois, deu o seu primeiro concerto profissional em Madrid, tocando transcrições de Tárrega e algumas obras de Bach, que ele próprio transcreveu. Em 1916, fez uma digressão pela América do Sul e, em 1924, apresentou-se em Paris e em Londres. Seguiu, depois, para várias outras cidades na Europa e na Rússia. Em 1935, estreou a “Chaconne”, de Bach, uma peça difícil para qualquer instrumento, e originalmente escrita para violino solo. Mudou-se para Montevideo, fazendo muitos concertos na América do Sul, nas décadas de 1930 e 40.
Depois da II Guerra, Segovia começou a gravar mais frequentemente e a fazer digressões regulares pela Europa e Estados Unidos. Em 1981, e em reconhecimento da sua enorme contribuição cultural, foi-lhe atribuído o título de Marquês de Salobreña. Morreu em Madrid, vítima de ataque cardíaco, no dia 3 de Junho de 1987, tendo concretizado o desejo de transformar a guitarra num instrumento de concerto.
“Astúrias”, da Suite “Cantos de Espanha”, de Albeniz
Guitarra: Andrés Segovia

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Riccardo Chailly – Maestro italiano

No dia 20 de Fevereiro de 1953 nasceu, em Milão, de uma família musical, o maestro italiano Riccardo Chailly.


A sua actividade como maestro abrange tanto o repertório sinfónico como o operático. Dirigiu a Filarmónica de Berlim, a Filarmónica de Viena, a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, a Orquestra de Paris, a Orquestra Sinfónica de Londres, a Filarmónica de Nova Iorque, a Orquestra de Cleveland, a Orquestra de Filadélfia e a Orquestra Sinfónica de Chicago. Actuou também nas mais importantes salas de ópera, como o Scala de Milão (onde se estreou em 1978), a Staatsoper de Viena, o Metropolitan de Nova Iorque, a Royal Opera House - Covent Garden de Londres (estreia em 1979) e a Ópera da Baviera, de Munique.
Em 1984, Riccardo Chailly dirigiu o concerto de abertura do Festival de Salzburgo e actuou no Festival da Páscoa, dirigindo a Orquestra Real do Concertgebouw em 1988, 1996 e 1998. De 1982 a 1989, dirigiu a Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim e, de 1982 a 1985, foi Maestro Convidado Principal da Orquestra Filarmónica de Londres. Entre 1986 e 1993, esteve à frente do Teatro Comunale de Bolonha, onde dirigiu, com enorme êxito, várias produções de ópera. Em 1986, foi nomeado Maestro Titular e, em 2002, Maestro Emérito da Orquestra Real do Concertgebouw. Em Setembro de 1999, foi nomeado Maestro Titular da Orquestra Sinfónica de Milão Giuseppe Verdi.
No âmbito de um contrato de exclusividade com etiqueta Decca, Riccardo Chailly produziu um grande número de gravações, pelas quais recebeu diversos prémios, como o Gramophone, o Diapason d'Or, o Edison, o prémio da Academia Charles Cross, o Unga Knonotomo do Japão, o Toblacher Komponier-Häuschen e várias nomeações para os Grammy. Há poucos anos, foi eleito "Artista do Ano" pelas revistas Diapason e Gramophone.
Riccardo Chailly foi distinguido com o título de "Grand’Ufficiale della Repubblica Italiana", em 1994, e nomeado membro honorário da Royal Academy of Music de Londres, em 1996. Por ocasião do décimo aniversário à frente da Orquestra Real do Concertgebouw, foi-lhe concedido, pela Rainha Beatriz, o título de "Cavaleiro da Ordem do Leão Holandês", em Novembro de 1998. No mesmo ano foi distinguido em Itália com o título de "Cavaliere di Gran Croce della Repubblica Italiana".
2º andamento do Concerto nº5, BWV 1056, de Johann Sebastian Bach
Piano: Maria João Pires
Orquestra de Paris
Maestro: Riccardo Chailly

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Luigi Boccherini – Compositor italiano

No dia 19 de Fevereiro de 1743 nasceu, em Lucca, o compositor italiano Luigi Boccherini.


Foi um virtuoso do violoncelo desde muito jovem e aos 13 anos mudou-se para Roma, onde se familiarizou com a música polifónica de Palestrina e Corelli.
Ainda jovem, foi convidado a tocar na orquestra do Teatro Imperial de Viena e durante mais de uma década desenvolveu intensa actividade em vários países europeus, ao mesmo tempo que apreendia novos estilos e técnicas musicais. Nessa época compôs algumas das obras que mais o popularizaram – casos dos seis trios para dois violinos e violoncelo que estreou em Viena em 1760 e das seis sonatas para cravo e violino que apresentou em Paris em 1766.
Radicado em Madrid desde 1769, Boccherini ocupou o cargo de músico da corte e conseguiu intensa produção musical. Desse período resultaram os seis quartetos de cordas, o Stabat Mater para vozes e orquestra, a zarzuela “La clementina” e inúmeros trios, quartetos e quintetos. E foi em Madrid que, depois de perder as simpatias da corte, morreu na miséria, no dia 28 de Maio de 1805.
Minueto, de Boccherini
Quarteto de Cordas Vivace

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Gustave Charpentier - Compositor francês

No dia 18 de Fevereiro de 1956, morreu, em Paris, o compositor francês Gustave Charpentier.


Filho de um padeiro, nasceu a 25 de Junho de 1860, em Dieuze, na Lorena, mas deixou a região natal, com a família, depois da guerra franco-prussiana de 1870. Na cidade de Tourcoing, perto de Lille, cursou violino e harmonia na Escola das Belas Artes e foi o município dessa cidade que lhe ofereceu uma bolsa para continuar os estudos no Conservatório de Paris. Aí, foi aluno de Émile Pessard e de Jules Massenet.
Preocupado com as questões sociais, Charpentier foi o fundador do Conservatório Popular Mimi Pinson, destinado à educação artística gratuita das jovens operárias, e da Federação dos Artistas Músicos, organismo sindical dos músicos de Paris. Mas no plano musical tinha igualmente talento e personalidade fortes. Diga-se, por exemplo, que a sua obra ‘A Coroação da Musa’, que compôs na juventude e, então, não mereceu grande sucesso, viria a ser executada nas comemorações do bimilenário de Paris e Montmartre, com 1250 intérpretes em cena e apresentada por ele próprio, aos 91 anos.
Em 1887, ganhou o Grande Prémio de Roma com a cantata Didon.
Tendo sido compositor de música que, por vezes, era intencionalmente excêntrica, a sua obra é principalmente associada à criação de ‘A Coroação da Musa’, um espectáculo que tinha Montmartre por cenário, e à ópera ‘Louise’, considerada a sua obra-prima e de que veio a ser feita uma versão cinematográfica.
Ária “Depuis le jour”, da ópera “Louise”, de Gustave Charpentier
Soprano: Renée Fleming

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Marcos Portugal – Compositor português

No dia 17 de Fevereiro de 1830, morreu, no Rio de Janeiro, o compositor português Marcos Portugal.


Marcos António da Fonseca Portugal nasceu em Lisboa, no dia 24 de Março de 1762. Estudou com o compositor João de Sousa Carvalho, no Seminário Patriarcal, a única escola de música que, naquela altura, existia em Lisboa. Começou a sua carreira como compositor de ópera, em 1786, quando foi designado maestro do novo Teatro Salitre de Lisboa. Durante os seis anos em que ocupou o lugar, compôs uma série de óperas portuguesas. O seu estilo de composição baseava-se nas óperas de Cimarosa e de outros compositores italianos daquele tempo. Em 1792 Marcos Portugal viajou até Itália, graças a uma bolsa de estudo concedida pela Coroa Portuguesa. Mas, em vez de estudar, Marcos Portugal compôs uma série de óperas para teatros italianos, o que, em poucos anos, lhe trouxe reconhecimento como um dos principais compositores de ópera do seu tempo.
Quando regressou a Lisboa, em 1800, para assumir o cargo de director do Teatro de São Carlos e mestre de capela da Capela Real, Marcos Portugal estava no auge da sua carreira, com as suas óperas a serem aplaudidas em todos os principais teatros europeus. Em 1807, a família real fugiu para o Rio de Janeiro, em consequência da primeira invasão napoleónica. Em 1811 foi a vez de Marcos Portugal ir para o Brasil. Durante os anos que passou no Rio de Janeiro, dedicou-se, principalmente, à composição de música sacra.
“Cuidados Tristes Cuidados”, de Marcos Portugal
Soprano: Isabel Alcobia
Cravo: Mário Marques Trilha

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Carlos Paredes - “O homem dos mil dedos” - Mestre da guitarra portuguesa

No dia 16 de Fevereiro de 1925, nasceu, em Coimbra, o compositor e o mais virtuoso dos guitarristas portugueses Carlos Paredes, a quem chamaram “o homem dos mil dedos”.


Influenciado pela música de câmara da Renascença e pelo fado de Coimbra, desenvolveu ao longo dos anos um estilo pessoal que, a partir da tradição e apoiado no vigor de execução, mitificou um instrumento: a guitarra portuguesa.
O bisavô já tocava guitarra. O avô Gonçalo também. E o pai, Artur Paredes, foi um dos mais importantes renovadores da guitarra portuguesa em Coimbra na primeira metade do séc. XX. Neste ambiente cresceu Carlos Paredes, que, pela vida fora, fez da guitarra portuguesa mais um membro do seu próprio corpo, mais um corpo da portugalidade genuína.
“A minha mãe achava que eu tinha bom ouvido e sugeriu ao meu pai que eu fosse aprender violino. O meu pai - homem de bom gosto - disse: ‘Não vai nada. Só valeria a pena estudar violino se ele fosse como o Heifetz.’”
O facto é que o jovem Carlos ainda estudou violino, por volta dos dez anos de idade, mas tinha a escola da guitarra em casa e o mestre no seu próprio pai. Esta tradição familiar com quase dois séculos levou Carlos Paredes a aprofundar os seus estudos sobre um instrumento que, durante toda a sua vida, considerou "menor", limitado, e ao qual procurou acrescentar inovações que o tornassem completo, mas com pouco sucesso
Homem de extrema modéstia, recusou ser profissional da guitarra, dizendo que gostava demasiado da música para viver à custa dela e intitulando-se um simples “músico popular urbano”. Os críticos e especialistas dedicaram-lhe um outro adjectivo: “genial”.
Paredes defendia que a guitarra portuguesa é um instrumento que não está estudado, que se toca bastante ao sabor da improvisação. A propósito desta mesma improvisação, afirma que, para ele, tocar é improvisar sempre um pouco. "É como falar com alguém. É possível que a guitarra também fale... O improviso é o momento em que se cria qualquer coisa".
Tentou acrescentar mais uma corda à guitarra: "Fiz tentativas nesse sentido - comecei-as há 5 anos e, de vez em quando, ainda me entretenho com elas. Para conseguir uma afinação idêntica à do alaúde bastaria acrescentar à guitarra portuguesa mais uma corda grave porque é um instrumento com muitas deficiências de baixo. Fiz uma experiência acrescentando-lhe um Mi grave. Simplesmente, acontece que essa corda desequilibra o instrumento, que parece já ter atingido a sua forma definitiva".
Sempre num registo de humildade, o guitarrista considera que as próprias limitações da guitarra portuguesa o levam a compor e executar uma "música menor", por comparação com a "música maior" que diz ser a música clássica ou erudita. "A guitarra não é de modo nenhum essencial na música portuguesa. Como já disse, não é, na sua origem, portuguesa. O que com ela se interpreta de mais característico é o fado”.
"Quando eu morrer, morre a guitarra também. O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele. Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer."
Carlos Paredes morreu em Lisboa, no dia 23 de Julho de 2004. A guitarra não foi enterrada com ele. E ainda bem.
Verdes anos, de Carlos Paredes
Guitarra: Carlos Paredes

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Karl Richter - Maestro, organista e cravista alemão

No dia 15 de Fevereiro de 1981, durante uma estadia num hotel, em Munique, morreu, de ataque de coração, o maestro, organista e cravista alemão Karl Richter. Tinha nascido no dia 15 de Outubro de 1926, em Plauen, perto de Dresden, na Alemanha.


Estudou primeiro em Dresden e, mais tarde, em Leipzig, onde se licenciou em 1949. Nesse mesmo ano tornou-se organista da Igreja de S. Tomás, onde Johann Sebastian Bach tinha sido director musical. Em 1951 foi para Munique, onde ensinou no Conservatório e foi cantor e organista na Igreja de S. Marcos. Também foi maestro do Coro Bach de Munique e da Orquestra Bach de Munique. Nos anos 60 e 70 fez muitas gravações e deu concertos no Japão, Estados Unidos e União Soviética.
Embora tivesse interpretado música de muitos outros compositores, Karl Richter é hoje mais conhecido pelas suas interpretações de Johann Sebastian Bach e lembrado, principalmente como um excelente organista.
1º andamento do Concerto Brandeburguês nº 5, BWV 1050, de Johann Sebastian Bach
Orquestra Bach de Munique
Maestro: Karl Richter

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Michel Corboz – Maestro suíço

No dia 14 de Fevereiro de 1934, nasceu, em Marsens, na Suíça, o maestro Michel Corboz.


Frequentou a École Normale, de Fribourg, onde estudou canto e composição. Em 1953, tornou-se director de música de igreja, em Lausanne. O seu conhecimento e paixão pela voz levaram-no a dirigir as obras inspiradas por ela: coros e a capella, cantatas e oratórias. Em 1961, fundou o Agrupamento Vocal de Lausanne, com o qual gravou e fez várias digressões. As distinções e as críticas favoráveis na imprensa, pela sua gravação de “Vésperas” e “Orfeu”, de Monteverdi, em 1965 e 66, marcaram o início da sua carreira internacional.
Em 1969 Michel Corboz foi nomeado Maestro Titular do Coro Gulbenkian. Pela sua reconhecida competência, foi solicitado a ficar, sucessivamente, durante os anos seguintes. Dirigindo o Coro Gulbenkian, realizou um grande número de concertos e gravações de obras de carácter coral-sinfónico, tendo assim colocado em destaque as qualidades raras e fundamentais deste coro. A partir de 1976, é professor no Conservatório Superior de Música de Genebra. Em 1990, foi-lhe atribuído o Grande Prémio da Cidade de Lausanne. Recebeu o Prémio da Crítica, na Argentina, em 1995 e 96. A República Francesa honrou-o com o título de Comandante da Ordem das Artes e Letras. Em 1999, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Portuguesa. Já então tinha mais de 100 títulos gravados, muitas vezes galardoados por várias academias internacionais do disco. Da música sacra à ópera, muitas das suas gravações são com o Coro Gulbenkian e com intérpretes portugueses.
Missa em si menor, de Johann Sebastian Bach
Agrupamento Vocal e Instrumental de Lausanne
Maestro: Michel Corboz

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Richard Wagner - Maestro, teórico musical, ensaísta, poeta e compositor alemão

No dia 13 de Fevereiro de 1883, morreu, em Veneza, o compositor alemão Richard Wagner, um dos mais influentes compositores da música erudita. Tinha nascido no dia 22 de Maio de 1813, em Leipzig, cidade talismã da grande música.


Foi compositor, maestro, teórico musical, ensaísta e poeta. Na música, foi um dos expoentes do romantismo.
Era um homem de personalidade egocêntrica e teve uma vida turbulenta e ideias radicais, não só quanto à música, mas também em assuntos tão diversos como a religião e a pureza racial.
Tendo-se apropriado do dinheiro e das mulheres dos seus amigos como se a sua condição de génio tudo permitisse, Wagner viveu em mais de uma dúzia de cidades da Europa, por vezes fugido de credores impacientes ou governos enfurecidos. Era anti-semita e xenófobo fanático e os seus caóticos panfletos viriam a ser muito admirados pelo ditador Adolf Hitler.
Apesar deste carácter controverso, teve um papel primordial na cultura europeia do séc. XX. Revolucionou a ópera, que com ele passou a ser o chamado “drama musical”. Combinação perfeita de música, poesia, dança e artes visuais, Wagner enriqueceu, como poucos, este género musical. Mas a produção wagneriana não se limitou à ópera, tendo conseguido excelentes obras no domínio da música orquestral e em particular da música de câmara.
Prelúdio da ópera "Tristão e Isolda", de Wagner
Orquestra Sinfónica de Boston
Maestro: Leonard Bernstein

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Rhapsody in Blue, de George Gershwin

No dia 12 de Fevereiro de 1924 estreou-se, no Aeolian Hall, em Nova Iorque, a obra mais conhecida do compositor americano George Gershwin: Rhapsody in Blue.


Gershwin acabou de compor Rhapsody in Blue no dia 7 de Janeiro de 1924. É uma obra que combina elementos de música clássica e do jazz. Foi composta a convite do maestro Paul Whiteman. O compositor hesitou muito na composição desta obra devido à polémica que o seu estilo, misturando elementos de jazz e música erudita, já vinha causando desde o seu primeiro sucesso, a canção Swanee, interpretada por Al Jonson no musical Sinbad. Mas, apesar dos receios, aceitou a tarefa. As discussões em torno da obra só seriam superadas pelas da ópera Porgy and Bess onde o autor aborda temas raciais de forma radical para a época.
Na primeira apresentação pública de Rhapsody in Blue, a 12 de Fevereiro de 1924, estavam presentes, na audiência, nomes como Stravinsky, Rachmaninov e Leopold Stokowski. O evento foi um sucesso, causando forte impacto no público, nos músicos e na crítica. Com o próprio Gershwin ao piano, como solista, a interpretação de "Rhapsody in Blue" encantou a plateia e, a partir desse dia, Gershwin ganhou maior dimensão pela capacidade de criar obras extensas de conteúdo importante. Foi a sua consagração definitiva.

Rhapsody in Blue, de George Gershwin

Pianista e maestro: Leonard Bernstein

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sir Alexander Gibson – Maestro escocês e cavaleiro de Sua Majestade

No dia 11 de Fevereiro de 1926 nasceu, em Motherwell, o maestro escocês Alexander Gibson.


Embora a sua família tivesse muito pouco a ver com música, o pequeno Alex, desde muito cedo, tinha o hábito de, aos Sábados à noite, ir, com alguns amigos, assistir às actuações da Orquestra da Escócia, em Glasgow. Começou por estudar música na Royal Scottish Academy of Music e, aos 17 anos, já era organista numa igreja da vizinhança. Licenciou-se em Literatura Inglesa e Música, na Universidade de Glasgow.
Entre 1944 e 1948 cumpriu o serviço militar, sendo pianista na Royal Signals Band, onde também fazia arranjos de concertos de Mozart, Beethoven, Schumann, Grieg e Rachmaninov. Em 1948 deixou a vida militar e, pouco tempo depois, ganhou uma bolsa de estudo para frequentar a Royal College of Music, onde lhe disseram que não podia frequentar as aulas de direcção de orquestra, por não ter conhecimentos teóricos suficientes. Como resposta, Gibson formou a sua própria orquestra e, subsequentemente, as autoridades da Universidade reconheceram o seu enorme talento.
Em 1952, foi nomeado maestro assistente da Orquestra Escocesa da BBC, onde permaneceu durante dois anos. Em 1959 foi-lhe oferecido o cargo de maestro da Orquestra Nacional da Escócia. Depois de uma noite sem dormir, a contrapor os prós e os contras desse passo, decidiu aceitar o cargo. Na manchete do jornal “The Scotsman” lia-se: “A Orquestra Nacional da Escócia tem um novo maestro. E é escocês!”. Sob a batuta de Alexander Gibson, a orquestra atingiu reputação internacional e, em 1975, tornou-se a primeira orquestra inglesa, fora de Londres, a fazer uma digressão pela América do Norte.
De 1981 a 1983, foi o maestro principal da Orquestra Sinfónica de Houston, no Texas. Durante a sua carreira deu vários concertos, com as principais orquestras inglesas, pela Europa, Austrália, América, Hong Kong e Japão. Ganhou um grande número de prémios por esse mundo fora e é Doutor “Honoris Causa” de várias universidades. Fez um notável trabalho em prol da ópera no Reino Unido, o que lhe valeu, para além de ter recebido a Ordem do Império Britânico e recebido o título de Sir, ter sido dado o seu nome à primeira escola de ópera britânica e colocado o seu busto no Teatro Real de Glasgow. Fundou a Ópera Escocesa, em 1962, e foi seu director até 1986. No ano seguinte, foi nomeado director honorário e conservou esse lugar até que morreu, no dia 14 de Janeiro de 1995, devido a complicações, depois de ter sofrido um ataque cardíaco. Tinha 68 anos.
Capricho Italiano, op. 45, de Tchaikovsky
Nova Orquestra Sinfónica de Londres
Maestro: Sir Alexander Gibson

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Leontyne Price – "A primeira soprano afro-americana digna de registo"

No dia 10 de Fevereiro de 1927 nasceu em Laurel, no Mississippi, a soprano norte-americana Leontyne Price.

Com uma carreira iniciada na 2ª metade do século XX, tornou-se numa das mais admiradas sopranos, com um desempenho particularmente brilhante no papel de Aida, da ópera homónima, de Verdi, que cantou durante 30 anos e com o qual fez a despedida operática, em 1985, no Metropolitan Opera House, em Nova Iorque. E não se pense que lhe foi fácil chegar ao estrelato! A cor da pele pode não influenciar as cordas vocais mas entope os neurónios de muito boa gente. Quando ela nos é apresentada como "a primeira soprano afro-americana digna de registo", isso não só revela as qualidades de Leontyne Price, como nos diz bastante do que se passou até então.
Teve uma educação musical num programa de apenas membros negros no Wilberforce College, em Wilberforce, Ohio. Teve muito sucesso em clubes, onde cantava solo e foi encorajada a continuar os seus estudos de canto. Com a ajuda de Chisholm e do famoso baixo Paul Robeson, entrou na Escola Juilliard em Nova Iorque.
A sua estreia numa sala de ópera foi em São Francisco, a 20 de Setembro de 1957, como Madame Lidoine, na estreia americana da ópera “Dialogues des Carmélites”, de Francis Poulenc. Poucas semanas depois, quando a soprano italiana Antonietta Stella sofreu de apendicite, Price foi chamada para cantar Aida (papel que a imortalizou). No ano seguinte, foi convidada, novamente por Karajan, para fazer sua estreia europeia, cantando Aida na Ópera do Estado de Viena, a 24 de Maio de 1958. Ainda em 1958, apareceu como Aida na sua estreia no Royal Opera House, Convent Garden, em Londres e na Arena de Verona. Em 1959 voltou a Viena, novamente com Aida, mas, desta vez, cantando também na ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart. No dia 21 de Maio de 1960, apresentou-se no La Scala, novamente com Aida. Foi a primeira afro-americana a ter um papel principal numa companhia de ópera italiana.
Plácido Domingo referiu-se a ela como “a mais bela voz de soprano que já ouvi a interpretar Verdi".

A sua primeira actuação importante aconteceu em 1952, numa produção estudantil da ópera Falstaff, de Verdi. Na primavera de 1955, no Carnegie Hall, teve uma audição com o maestro Herbert von Karajan, que a devlarou "uma artista do futuro" e a convidou para cantar Salome, no La Scala, convite que ela recusou. Em 1956 e 1957, Price fez recitais nos Estados Unidos, Índia e Austrália.

No dia 19 de Novembro de 1997, com setenta anos, cantou num recital na Universidade da Carolina do Norte, no Chapel Hill. Em Outubro de 2001, já com setenta e quatro anos, cantou num concerto em memória dos ataques de 11 de Setembro, no Carnegie Hall, em Nova Iorque. Com James Levine no piano, cantou o seu espiritual favorito "This Little Light of Mine", seguido de "God Bless America".Actualmente, Leontyne Price vive em Greenwich Village, em Nova Iorque.
Ária " O Patria Mia ", da ópera “Aida”, de Verdi
Soprano: Leontyne Price

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Erno Dohnányi - Pianista e compositor húngaro

No dia 9 de Fevereiro de 1960 morreu, em Nova Iorque, o pianista e compositor húngaro Erno Dohnányi. Tinha nascido no dia 27 de Julho de 1877, em Pozsony, na Hungria, hoje Bratislava, capital da Eslováquia.


Inicialmente estudou música com o pai, que era professor de matemática e violoncelista amador. Em 1894, ingressou na Academia de Budapeste, onde estudou piano e composição e foi colega de Béla Bartók. Tendo obtido notável domínio do piano, apresentou-se como concertista em vários países, tornando-se um dos mais famosos pianistas húngaros. Em 1949 emigrou para os Estados Unidos, onde exerceu as actividades de professor e maestro.
Como compositor, Dohnányi foi influenciado por Brahms, mas as suas obras para piano mostram uma virtuosidade em tudo semelhante a Liszt.



Minutos Sinfónicos, de Erno Dohnányi
Orquestra Filarmónica de Berlim
Maestro: Iván Fischer

sábado, 8 de fevereiro de 2014

John Williams – Compositor americano

No dia 8 de Fevereiro de 1932, nasceu, em Long Island, Nova Iorque, o compositor americano John Williams.


Considerado, por muitos, o maior compositor vivo, foi, quando jovem, pianista de jazz em Nova Iorque, mas notabilizou-se depois de se mudar para Los Angeles, onde foi trabalhar para a indústria cinematográfica.
Compôs música para mais de 100 filmes, na grande maioria sucessos estrondosos do cinema. Poderíamos começar em Indiana Jones, Guerra das Estrelas, Parque Jurássico ou Super-homem, e iríamos até Nascido a 4 de Julho, Nixon, 7 Anos no Tibete, Amistad ou A Lista de Schindler. Mas seria demasiado longa a enumeração do rol de grandes bandas sonoras que John Williams compôs, por encomenda dos principais realizadores do cinema.
Para além de ser a personalidade que mais nomeações recebeu para os óscares de Hollywood, recebeu, pela sua música, mais de 40 óscares e galardões como os Emmys, os Grammys ou os Globos de Ouro – e ainda numerosos discos de ouro e platina.
Não se esgota no cinema, porém, a vasta obra deste compositor. Na música erudita, compôs diversos concertos orquestrais, sendo os mais famosos os que escreveu para instrumentos de sopro e orquestra e para violoncelo e orquestra.
Em 1980, foi nomeado maestro de uma das mais célebres orquestras do mundo, a Orquestra Pops de Boston. E quando, por sua vontade, se retirou, em Dezembro de 1993, passou a ser maestro honorário residente daquela prestigiada orquestra, com mais de 120 anos de existência.
No dia 19 de Julho de 1996 a cidade americana de Atlanta celebrou a abertura dos Jogos Olímpicos, comemorando ao mesmo tempo os 100 anos das Olimpíadas da Era Moderna. O hino encomendado para esse evento foi composto por John Williams e chamou-se “Summon the heroes”.
Summon the Heroes (tema dos Jogos Olímpicos de Atalanta-1996), de John Williams
Maestro: John Williams