quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Luísa Todi – Soprano portuguesa

No dia 9 de Janeiro de 1753, nasceu, em Setúbal, a soprano portuguesa Luísa Todi.

Filha do professor de música e instrumentista Manuel José de Aguiar, iniciou a sua carreira no teatro musical, aos catorze anos, no Teatro do Conde de Soure, com a peça “Tartufo”, de Molière. Com a sua irmã mais velha, Cecília Rosa de Aguiar, cantou em óperas cómicas.

Casou em Lisboa com o violinista napolitano e seu grande admirador, Francesco Saverio Todi, que lhe deu o apelido e a fez aprender canto com o compositor David Perez, muito conceituado mestre de capela da corte portuguesa. Ao marido deveu o aperfeiçoamento e a dimensão internacional que a levariam a todas as cortes da Europa, como cantora lírica.
Estreou-se em 1771 na corte portuguesa da futura rainha D. Maria I e cantou no Porto entre 1772 e 1777.
Em 1777 foi para Londres para actuar no King's Theatre, sem particular aplauso por parte dos ingleses.
Em 1778 até Paris e, em 1780, é aclamada em Turim, no Teatro Régio, tendo assinado um contrato como prima-dona. Nessa altura já era considerada pela crítica como uma das melhores vozes de sempre.
Brilhou na Áustria, na Alemanha e na Rússia. Veio a Portugal em 1783 para cantar na corte portuguesa. Regressou a Paris, tendo ficado célebre o “duelo” com outra cantora famosa, a soprano alemã Gertrud Elisabeth Mara, que dividiu a crítica e o público entre todistas e maratistas.
Foi convidada para a corte de Catarina II da Rússia, em São Petersburgo, onde passa a residir, com o marido e os filhos, entre 1784 e 1788. A imperatriz ofereceu-lhe jóias fabulosas e, em agradecimento, o casal Todi escreveu para Catarina II a ópera Pollinia.
Berlim aplaudiu-a quando ia a caminho da Rússia e, no regresso, Luísa Todi foi convidada por Frederico Guilherme II da Prússia, que lhe deu aposentos no palácio real, carruagem e os seus próprios cozinheiros
Diversas cidades alemãs aplaudiram-na. Foi o caso de Bona, onde Beethoven a terá ouvido. Cantou ainda em Veneza, Génova, Pádua, Bérgamo e Turim e, de 1792 a 1796 voltou a cantar em Madrid.
Em 1793 foi à corte de Lisboa, por ocasião do baptizado de mais uma filha do herdeiro do trono, o futuro D. João VI, casado com D. Carlota Joaquina. A cantora precisou de uma autorização especial para cantar em público, o que, na altura, era proibido às mulheres, numa corte pouco esclarecida como a de D. Maria I.
Em 1799 terminou a sua carreira internacional em Nápoles.
Regressou a Portugal e cantou ainda no Porto, em 1801, onde enviuvou, a 28 de Abril de 1803. Viveu naquela cidade, onde viria a perder as suas famosas jóias no trágico acidente da Ponte das Barcas, por ocasião da fuga das invasões francesas de Portugal pelos exércitos de Napoleão, em 1809.
De 1811 até ao final da vida, viveu em Lisboa, com dificuldades económicas e cega.
Luísa Todi, que tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em francês, inglês, italiano e alemão, é considerada a meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos.
No seu Tratado da Melodia, o compositor checo Anton Reicha considera Luísa Todi como “a cantora de todas as centúrias” melhor dizendo “uma cantora para a eternidade”.
Luísa Todi morreu, em Lisboa, no dia 1 de Outubro de 1833.
Setúbal não a esqueceu tendo-lhe erigido um monumento com a sua efígie e dado o seu nome a uma das principais artérias da cidade, a Avenida Luísa Todi.
Na falta de gravações interpretadas por Luísa Todi, aqui fica uma ária que faz parte de uma compilação de árias que foram cantadas pela soprano setubalense.
Ária "Se cerca, se dice", da ópera “L'Olimpia”, de Antonio Sachinni
Soprano: Joana Seara
Agrupamento "Os Músicos do Tejo"
Maestro: Marcos Magalhães

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