quinta-feira, 11 de setembro de 2014

11 de Setembro – Uma data para não esquecer, nunca!



Depois de três tentativas para ganhar as eleições no Chile (em 1952, 58 e 64), Salvador Allende, como candidato de uma coligação de esquerda, a Unidade Popular, conseguiu ser eleito em 1970.

Assumiu a presidência no dia 3 de Novembro desse ano. Ficou na história como sendo o primeiro marxista a chegar ao poder através de eleições. Uma das suas primeiras medidas foi a nacionalização das minas de cobre, a principal riqueza do país. Fez também uma profunda reforma agrária, em que entregou aos camponeses grandes extensões de terras que estavam abandonadas.
Desde o início do mandato, o grande sonho de Allende era a construção de um "caminho chileno para o socialismo". Se a direita chilena não gostava da ideia, o governo norte-americano muito menos. 
Com
 a liderança deste, ambos uniram forças para evitar que Allende levasse as suas ideias a bom termo. No dia 4 de Setembro de 1972, o presidente Allende denunciou, nas Nações Unidas, as tentativas norte-americanas de desestabilização do Chile. Mas foi em vão!
A economia chilena começou a degradar-se e os investimentos privados diminuíram bruscamente, causando uma subida catastrófica do desemprego. A população começou a revoltar-se e a protestar, fazendo manifestações e greves que paralisaram os transportes e o comércio. Vários atentados provocaram apagões e danificaram pontes e oleodutos.
Nas eleições de 1973, e apesar das graves dificuldades económicas, a Unidade Popular conseguiu obter 43% dos votos. Três meses depois, no dia 11 de Setembro de 1973, o exército chileno, minado pela CIA e liderado pelo general Augusto Pinochet, com a ajuda do governo norte-americano, derrubou o governo de Salvador Allende, implantando uma das mais severas ditaduras de sempre. O Presidente Allende morreu num dos ataques do exército ao Palácio Presidencial. A ditadura militar chilena deixou, pelo menos, três mil mortos e desaparecidos.
Mais ou menos o mesmo número que morreu no ataque às torres gémeas de Nova Iorque, no dia 11 de Setembro de 2001.
Pelo título desta crónica, provavelmente, a maioria dos leitores terá pensado que eu iria escrever sobre 2001. Mas desse ano, todos os anos, toda a gente fala e escreve “ad nauseam”. Por isso, preferi recuar 28 anos e lembrar 1973 e “o maior chileno da história do Chile”: Salvador Allende.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Helmut Walcha – Organista e cravista alemão

No dia 11 de Agosto de 1991 morreu, em Frankfurt, o organista e cravista alemão Helmut Walcha. Tinha nascido no dia 27 de Outubro de 1907, em Leipzig, na Alemanha.


Especializou-se nas obras dos mestres do barroco alemão e é conhecido pelas suas gravações das obras integrais, para órgão, de Johann Sebastian Bach. Walcha ficou cego aos 16 anos, depois de ter sido vacinado contra a varíola. Apesar da sua deficiência, deu entrada no Conservatório de Leipzig. Como era cego, aprendia novas peças, pedindo a outros músicos (entre os quais a sua mulher e a sua mãe) que as tocassem quatro vezes: cada mão separadamente, depois a parte do pedal e, por fim, a obra complete. As suas interpretações fixaram novos padrões que, segundo alguns críticos, ainda não foram ultrapassados.
Walcha também compôs para o órgão. Publicou quatro volumes de prelúdios corais originais. Fez, ainda, transcrições para este instrumento de obras orquestrais de outros compositores. Ensinou muitos organistas americanos relevantes, os quais se tornaram grandes professores e intérpretes. Gravou, ainda, a maioria das obras para cravo, de Joahnn Sebastian Bach. Dizia que “Bach abre uma visão para o universo. Depois de o experimentar as pessoas pensam que, apesar de tudo, a vida tem significado”.
Tocata e Fuga em ré menor, de Johann Sebastian Bach
Órgão: Helmut Walcha

domingo, 10 de agosto de 2014

Sinfonia nº 41 “Júpiter”, de Wolfgang Amadeus Mozart

No dia 10 de Agosto de 1788, Mozart termina a composição da Sinfonia nº 41, conhecida como Sinfonia “Júpiter”.


A Sinfonia nº 41, em Dó Maior, também conhecida por “Júpiter” foi terminada nos primeiros dias de Agosto de 1888 – ou seja, poucos dias após Mozart ter concluído a Sinfonia nº 40.
Estrearam ambas em 1791, precisamente o ano da morte do compositor.
Mozart compôs praticamente em simultâneo as suas últimas 3 sinfonias, as nºs 39, 40 e 41.
Acerca da vertiginosa velocidade com que Mozart escrevia as suas composições, já se tem dito que, numa época em que boa parte da música se fazia por encomenda, o compositor de Salzburgo fazia produção em série.
Mas estas suas últimas sinfonias demonstram que a razão dessa facilidade de criação era outra: o genial talento de Mozart.
Na Sinfonia nº 41, Mozart combina o rigor da técnica do contraponto, característico do período barroco, com uma linguagem própria, nova, que faz já lembrar o que Beethoven viria a fazer depois, em plena época clássica.
Daí se diz que, com a Sinfonia Júpiter, Mozart baseia-se na tradição para rasgar as linhas do futuro.
Sinfonia nº 41 “Júpiter”, de Mozart
Orquestra de Câmara Europeia
Maestro: Nicolaus Harnoncourt

sábado, 9 de agosto de 2014

Ópera “Beatriz e Benedicto”, de Berlioz

No dia 9 de Agosto de 1862, o compositor francês Hector Berlioz, assumiu o papel de maestro, na estreia da sua ópera “Beatriz e Benedicto”. O evento realizou-se no Neues Theater, em Baden-Baden.


“Beatriz e Benedicto” é uma ópera cómica, em dois actos, com libreto em francês, escrito pelo próprio compositor, baseado na obra de Shakespeare “Muito barulho para nada”. Berlioz terminou a partitura desta ópera logo depois de terminar e antes de produzir a monumental ópera “Os Troianos”. Pouco depois da sua triunfante estreia, Berlioz dirigiu as duas primeiras actuações de uma versão alemã de “Beatriz e Benedicto”, em Weimar.
Como o próprio Berlioz refere nas suas memórias, em Weimar foi “inundado por todo o género de amáveis atenções”. A ópera “Beatriz e Benedicto” não é levada à cena com frequência e nunca se tornou parte do habitual repertório operático. No entanto, existem várias gravações e a sua abertura, que refere várias passagens da ópera, é frequentemente ouvida nas salas de concerto.
Abertura da ópera “Beatriz e Benedicto”, de Berlioz
Orquestra Sinfónica de Boston
Maestro: Charles Münch

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Cécile Chaminade - Compositora e pianista francesa

No dia 8 de Agosto de 1857, nasceu, em Paris, a compositora e pianista francesa Cécile Chaminade.


Estudou primeiramente com a mãe, depois com Félix Le Couppey, Savart, Martin Pierre Joseph Marsick e Benjamin Godard. Aos 10 anos foi ouvida por Bizet, ao piano, e mereceu dele a classificação de “Mozart no feminino”. O padre que influenciava a família é que não esteve pelos ajustes: entendia e recomendava que a pequena Cécile devia crescer para governar o lar, ser esposa e mãe.
Mas ela não contrariou o seu grande talento musical. Formou-se com aulas particulares de piano e acabou por ganhar fama animando tertúlias com a chamada música de salão. Bem-humorada, charmosa, independente, Cecile Chaminade fez carreira como pianista, animando as soirées dos artistas mais libertinos de Paris.
Sempre inspirada na graciosidade mas também na liberdade e no romance no feminino, Cécile Chaminade escreveu 140 canções. A maioria inspira-se no folclore francês – mas em todas sobreleva o tom romântico que caracteriza a compositora.
Abandonou a carreira musical quando começou a I Grande Guerra. E ainda veria a II Guerra Mundial. Tinha 87 anos quando morreu, no Mónaco, a 13 de Abril de 1944.
Concertino para flauta e orquestra, de Cécile Chaminade
Flauta: Guillermina Ibañez
Orquestra Juvenil Libertador San Martín
Maestro: Juan Pablo Llobet

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Alfredo Catalani – Compositor italiano

No dia 7 de Agosto de 1893, faleceu, em Milão, o compositor italiano Alfredo Catalani. Tinha nascido em Lucca, a 19 de Junho de 1854.


Ficou mais conhecido pelas suas óperas “La Wally” e “Loreley”. As suas outras óperas tiveram menos sucesso devido à menor qualidade dos libretos. Estudou no Conservatório de Milão com Antonio Bazzini, que também ensinou Puccini, e que acabaria por ser director do Conservatório.
Catalani opôs-se à corrente chamada de “verismo”, que afirmava o direito do artista de representar a realidade com todos os seus contornos, sem restrições nem preconceitos, estilo que se popularizou por volta de 1880. Preferiu optar por um estilo de composição mais tradicional.
A maioria das suas obras já não faz parte do reportório actual dos teatros de ópera, preteridas pelas de Massenet e Puccini, de cujas obras a sua música mais se aproxima, bem como pelas de Amilcare Ponchielli, cuja influência também se pode sentir no trabalho de Catalani. Apesar de tudo, “La Wally” continua a ser apresentada ocasionalmente.
Alfredo Catalani morreu de tuberculose, em 1893, e foi enterrado no Cemitério Monumental, em Milão, onde Ponchielli e o maestro Arturo Toscanini também repousam. Toscanini, sendo um vigoroso defensor da música de Catalani, deu o nome de Wally à sua filha, em homenagem à ópera de maior sucesso do compositor e, em 1952, dirigiu a Orquestra Sinfónica da NBC, no Carnegie Hall, num concerto que incluiu o prelúdio do 4º acto da ópera “La Wally” e a “Dança das Ninfas Aquáticas”, de “Loreley”, que deu origem a uma gravação para a RCA Victor.
Ária “Ebben? Ne andrò lontana”, da ópera “La Wally”, de Alfredo Catalani
Soprano: Anna Netrebko
Orquestra Nacional da Bélgica
Maestro: Emmanuel Villaume

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem." – Jean-Paul Sartre

No dia 6 de Agosto de 1945 e, novamente, no dia 9, o governo americano decidiu lançar bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki.


O bombardeiro que lançou a bomba sobre Hiroshima, no dia 6, ficou conhecido como Enola Gay, nome que lhe foi atribuído pelo próprio piloto. A mãe desse piloto chamava-se Enola Gay. Não consigo imaginar maneira mais odiosa de prestar “homenagem” à própria mãe. Mas ele lá saberá as razões.
Se eu deitar fogo à Serra da Gardunha e for apanhado, mesmo que não mate ninguém, serei considerado criminoso, julgado e condenado como tal. E bem. Se for um acto negligente, também não ficarei impune. Mas o governo americano, presidido por Harry Truman, conseguiu, com este bombardeamento, matar mais de 250 mil pessoas. Inocentes, é bom que se diga. E não foi negligência. Foi um acto criminoso e deliberado que nunca foi julgado nem condenado. Foi o maior crime contra a humanidade cometido pelos governantes de um país onde, nalguns estados, se condena à morte uma pessoa porque cometeu um crime. Em Hiroshima e Nagasaki foram assassinadas mais de 250 mil pessoas! Foram danos colaterais, dirão eles. No dia 11 de Setembro de 2001, no ataque às torres gémeas, em Nova Iorque, morreram cerca de 3 mil pessoas. Foram danos colaterais, dirão os outros.
"A humanidade tem de acabar com a guerra antes que a guerra acabe com a humanidade" disse o presidente americano John Kennedy, em 1961. Bonita frase esta, não se desse o caso de, no mesmo ano em que a pronunciou, estar disposto a iniciar uma guerra, com a finalidade de destituir Fidel Castro, quando mandou invadir a Baía dos Porcos, em Cuba.
Quantas palavras belas saem da boca para fora de tantos e tantos estadistas, de tantos e tantos políticos, por esse mundo fora, e que, mais tarde ou mais cedo, se vem a constatar que não passam de palavras hipócritas para enganar o povo?
Quantos sorrisos belos estão estampados na cara de tantos e tantos estadistas, de tantos e tantos políticos, por esse mundo fora, e que, mais tarde ou mais cedo, se vem a constatar que não passam de sorrisos hipócritas para ficar bem na fotografia?
Depois de Nagasaki e Hiroshima, quantas guerras se travaram, onde morreram demasiados inocentes, só porque vivemos num mundo onde alguns daqueles que nele mandam são hipócritas, xenófobos, fanáticos e gananciosos?
Antes e depois de Nagasaki e Hiroshima, quantas guerras se travaram e quantas atrocidades se cometeram, em que morreram demasiados inocentes, só porque acreditam, fanaticamente, num qualquer Deus que, ironia das ironias, até dizem ser infinitamente bom e justo?
(As imagens não são fruto de um qualquer fogo provocado pela natureza. São obra de mão criminosa.)


A rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes
Intérprete: Ney Matogrosso